Quando os árabes introduziram os camelos no norte da África, na Idade Média, ficou muito mais fácil cruzar o Saara e verificar o que havia do outro lado.
Aqueles que faziam a viagem geralmente voltavam trazendo escravos. Por toda a Idade Média, os beduínos nômades do Saara faziam incursões nas comunidades estabelecidas ao longo da borda sul do deserto, na faixa de savanas conhecida como o Sahel, arrebanhando escravos para serem vendidos nos mercados do Mediterrâneo. Em 1300, entretanto, já haviam surgido no Sahel uma linha de poderosos reinos, tais como os de Ganae Mali, ao longo da borda do deserto, e que podiam fazer frente aos beduínos.
Infelizmente, em vez de formarem uma barreira contra as incursões esclavagistas nas regiões mais remotas da África, esses reinos tornaram-se os novos intermediários, excursionando ainda mais para o sul à procura de novos escravos, que eram enviados para o norte.
Quando viram suas incursões barradas, os beduínos passaram a trocar o sal que encontravam no deserto por escravos e ouro do Sahel, tornando se um comércio bem lucrativo. Em 1353, o escritor muçulmano Ibn Battuta, voltou ao litoral do Mediterrâneo numa caravana que conduzia seiscentas escravas.
Na década de 1700, pelo menos 1.500 escravos estavam sendo enviados para o norte por ano, esse número atingindo seu pico de 3 mil por ano no final da década de 1800. No século XIX, quando os vasos de guerra britânicos fecharam o oceano Atlântico para esse tipo de comércio, os escravos que estavam sendo enviados para a América passaram, em vez disso, a ser levados para o norte, atravessando o deserto. Como a Líbia ficou fora do domínio europeu mais tempo do que qualquer outra região do litoral norte-africano, Bengazi e Trípoli se tornaram os principais portos de saída do comércio esclavagista do Saara no século XIX.
Por volta do final da década de 1850, os escravos constituíam dois terços do valor do comércio levado por todas as caravanas através do Saara. O negócio era tão lucrativo que a maioria dos governantes usava qualquer desculpa para prender um súdito e vendê-lo como escravo.
A abolição da escravatura no Oriente Médio foi imposta por forças externas, não pelo crescimento da boa vontade local. Os europeus começaram a ter escrúpulos morais sobre a escravidão no final do século XVIII, de modo que, quando assumiram o controlo da África no século seguinte, eles puseram fim ao tráfico internacional de escravos.
Aulas de Moz
Boa noite amados compatriotas eu gostaria do vosso parecer concernente a esta pergunta.
ResponderEliminarOs africanos devem ser compensados pelos males do tráfico de escravos?