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A Modernidade Líquida em Zygmunt Bauman

Bauman, é um dos poucos sociólogos contemporâneos, nos quais se encontram ideias humanitárias, pois, de um lado não se encontram em suas obras abstracções por analises e levantamentos estatísticos e de outro são ali aproveitadas quaisquer ideias e abordagens que possam ajuda-lo na tarefa de compreender a complexidade e diversidade da vida humana, Essa é uma das razões pelas quais Bauman tem muito a dizer para uma gama de leitores muito maior do que normalmente se espera de um trabalho de sociologia mais convencional, as suas ambições, são de atingir um público composto de pessoas comuns, se esforçando por ser humanas num mundo mais e mais desumano. Seu objectivo é mostrar a seus leitores que o mundo pode ser diferente e melhor do que é.

Modernidade líquida: Crítica a Contemporaneidade e a Dinâmica Social Actual
Na obra modernidade líquida Bauman pretende remapeiar a sociedade onde afirma que a interrupção, incoerência e a surpresa são as condições comuns da nossa vida. Elas se tornaram mesmo necessidades reais para muitas pessoas, cujas mentes deixaram de ser alimentadas por outra coisa que não mudanças repentinas e estímulos constantemente renovados. O sociólogo pólenes usa o termo modernidade liquida, como uma realidade ambígua, multiforme, na qual como na clássica expressão do manifesto comunista: tudo o que é sólido se desmancha no ar.


É nesse sentido que a pós - modernidade é para Bauman modernidade sem ilusões, diferentemente da sociedade moderna anterior chamada de modernidade sólida que estava ``sempre a desmontar a realidade herdada, a modernidade líquida agora não o faz com uma perspectiva de longa duração, com a intenção de torna - la melhor e novamente sólida. Tudo esta na hora sempre a ser permanentemente desmontado, mas sem perspectiva de nenhuma permanecia. Tudo é temporário e esta em constantes mudanças como os líquidos que se caracterizam por uma incapacidade de manter a forma. Nossas instituições, quadros de referência, estilos de vida, crenças e convicções mudam antes que tenha tempo de se solidificarem em costumes, habitas e verdades auto.

A modernidade significa muitas coisas, e sua chegada e avanço podem ser aferidos utilizando-se muitos marcadores diferentes. Uma das características da vida moderna e do seu moderno em torno se impõe, no entanto, como a diferença que faz a diferença. A modernidade começa quando o espaço e o tempo são separados da prática da vida e entre si, e assim podem ser teorizados como categorias distintas e mutuamente independentes da estratégia e da acção.

Entrando Corajosamente no Viver de Incertezas
Na obra tempos líquidos (2007) Bauman, faz uma descrição de lagunas mudanças de curso seminais. Que criam um ambiente novo sem precedentes para as actividades da vida individual, levantando uma serie de desafios inéditos, que podemos agrupar em quatro:
  1. Em primeiro lugar, a passagem da fase sólida da modernidade para a liquida ou seja para uma condição em que as organizações sociais não podem mais manter a sua forma por muito tempo, pois se decompõe e se dissolve mais rápido do que o tempo que leva para molda-las e uma vez reorganizados para que se estabeleça;
  2. Em segundo lugar, a separação e o eminente divorcio entre o poder e a política, a dupla da qual se esperava desde o surgimento do estado moderno e ate muito recentemente que compartilha-se com as fundações do Estado-Nação ate que a morte os separa-se: grande parte do poder de agir efectivamente, antes disponível do estado moderno, agora se afasta na direcção de um espaço global, politicamente descontrolado, enquanto a política – é incapaz de operar efectivamente na dimensão planetárias já que permanece local;
  3. Em terceiro lugar, a comunidade como uma forma de referir a totalidade da educação, que habita um território soberano do estado, parece cada vez mais destituída de substancia. Os laços inter-humanos que antes teciam uma rede de segurança digna de um amplo e continuo do tempo e de esforço e valiam o sacrifício de interesses individuais imediatos do que poderia ser visto como centro de interesse de um indivíduo, se tornam cada vez mais frágeis e reconhecidamente temporárias: a sociedade é cada vez mais vista e tratada como uma rede, ao invés de uma estrutura, ela é percebida e encarada como uma matriz de conexões e desconexões aleatórias, de um volume essencialmente infinito de permutações impossíveis;
  4. Em quarto lugar, a responsabilidade em resolver dilemas gerados por circunstâncias voláteis e constantemente intentáveis é jogada sobre os ombros dos indivíduos, dos quais se espera que seja Free-chossers e suporte plenamente as consequências das suas escolhas: os riscos envolvidos em cada escolha, podem ser produzidos por forcas que transcendem a compreensão e a capacidade de acção do indivíduo, mas é destino e dever deste, pagar o seu preço.
É momento de perguntar como essas mudanças modificam espectros de desafios que homens e mulheres encontram em seus objectivos individuais e portanto, oblicamente como influenciam a maneira como estes tendem a viver suas vidas. O melhor que Bauman tentou e se sentiu capacitado a fazer, foi estudar as causas dessa incerteza.

  1. Em primeiro lugar no planeta atravessado por auto-estrada de informação, nada que acontece em alguma parte dele, pode de facto ou ao menos potencialmente, permanecer de lado de fora intelectual. A miséria humana de lugares distantes e estilos de vida longínquos, são apresentadas por imagens electrónicas e trazidas para casa de modo tão nítido e pungente, vergonhoso ou humilhante como o sofrimento ou a prodigalidade ostetiva dos seres humanos próximos de casa durante os seus passeios diários pelas ruas da cidade (Idem).
  2. Em segundo lugar, num planeta aberto a livre circulação de capital e mercadoria o que acontece em determinado local, tem um peso sobre a forma como as pessoas de todos os outros locais vivem ou supõem viver: as pressões votadas a perfuração e a quebra de fronteiras comummente chamadas de globalização fazem o seu trabalho com poucas excepções que estão desaparecendo rapidamente.
  3. Em terceiro lugar num planeta negativamente globalizado a segurança não ode ser obtida e muito menos assegurada dentro de um único pai ou de um grupo seleccionado de países: a perversa abertura das sociedades impostas pela globalização negativa é por si só a causa principal da injustiça.
São esses que Bauman chama dos avatares actuais dos medos.


As Relações Frágeis como Construto de uma Época
Em amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos, Bauman da outro significado a noção de liquidez quando referida as relações humanas, distinto, ou melhor inverso aquela empregada nas relações bancárias. A liquidez refere se a importantes somas de dinheiro significa a possibilidade de realização de qualquer desejo que envolva o consumo de segurança. Por outro lado, o amor liquido em ultima instancia representa a possibilidade sentir se desprovido e inseguro.

Bauman caracteriza as relações humanas contemporâneas a partir da fragilidade e da flexibilidade que apresentam. O agente que actua neste cenário é o homem sem vínculos, livre de compromisso com o outrém mas preso psicologicamente e especialmente por medo do outro. O homem sem vínculo é corroído pela insegurança e a natureza liquefeita dos laços sociais.

A ética freudiana aquela que era o elemento fundador da civilização a qual sustentava amar ao próximo como a si mesmo torna se omnipotente em nome do amor-próprio mas que este só é possível quando somos amados, desta feita, instaura-se então um processo relacional, reconfiguradas obedecendo aos princípios de consumismo, caracterizado mais pelo uso e pelo descarto de bens do que pelo seu acumulo. Para os jovens de hoje, o importante é o número de bocas beijadas em uma só noite, tornando cada vez mais nossas relações mais flexíveis gerando níveis de insegurança sempre maiores. As relações amorosas passam a ser vivenciadas de uma maneira mas insegura com duvidas acrescida à já irresistível e temerária atracão de se unir ao outro.

Actualmente, já não queremos pagar o preço pago pelos nossos antepassados para manter um relacionamento activo, se não esta bom parte se para o outro. Bauman parece ver homens e mulheres presos numa trincheira sem saber como sair dela e, o que é ainda mais dramático, sem reconhecer com clareza sem querer sair ou permanecer nela. Por isso, movimentam-se em varias direcções, entram e saem de cargos amorosos com esperança mantida a custa de um esforço considerável tentando acreditar que o próximo passo será o melhor.

Bauman, afirma que vivemos numa sociedade líquida caracterizada pela incerteza em relação ao futuro, fragilidade da posição social e insegurança existencial. Segundo o autor, essa insegurança é alimentada pela instabilidade do mercado do trabalho, pelas mudanças constantes do valor atribuído as posições sócias e as competências do passado pela insistência dos compromissos e das parcerias.

A modernidade líquida é marcada pelo consumismo, que exige velocidade, leveza e obsolescência. O que importa não é acumular bens, mas usa-los e descarta-los para que se possa adquire outros. Os consumidores hoje não compram somente para satisfazer uma necessidade ou desejo. Mas geralmente compram por impulso, no caso dos relacionamentos sexuais, seguir os impulsos significa estar sempre aberto a novas experiencias com outras pessoas. O autor enfatiza que nesta época caracterizada pela incerteza o celular é um acessório indispensável na modernidade líquida, feito para pessoas em movimento, com ele é possível estar sempre conectado, isto é, estando com seu celular você nunca esta for ou longe, encontra-se sempre dentro, mas jamais trancado em um lugar, entretanto, os celulares permitem proximidade sem continuidade física.

Os amores virtuais
Segundo o sociólogo com o aval da ciência que busca reduzir o sentimento e as reacções químicas com prazos de eficácia, homens e mulheres insatisfeitos mas persistentes continuam perseguindo a chance de encontrar a parceria ideal, abrindo novos campos de interacção, como os pontos de encontros virtuais nos quais a liquidez das relações é patente e o risco de comprometido de vinculo, é absolutamente controlada, bastando apenas desligar - se, cancelar a conta e deletar o login. Não havendo certeza de amores verdadeiros ou mentirosos, que atentam a vaidade humana, fica mais fácil convencer-se de que nunca existiram e, rapidamente se esta pronto para outro, na incessante e alucinante corrida pela satisfação do desejo.

Assim, observa se um crescente interesse e a prioridade pelos relacionamentos em rede, eles podem ser tecidos ou desfeitos com igual facilidade sem que isso envolva nenhum contacto de virtual, e assim perdemos a capacidade de manter laços ao longo prazo. O autor ressalta que hoje a proximidade não exige mais a contiguidade física, aquela que não determina a proximidade, embora seja o responsável das engechonas electrónicas, assim, recuam a proximidade contínua, pessoal, directa e multiuso.

Na modernidade liquida as pessoas se sentem desligadas uma das outras e assim desejam conectar se, contudo as condições não tem garantia de permanência e podem mudar ou serem desfeitas a qualquer momento e por diversas vezes. O auto afirma que muitos buscam o relacionamento do bolso e podem ser usados quando necessário e depois podem ser guardados e usados novamente, desta feita as pessoas preferem usar o termo conectar-se, ao invés de relacionar-se, no lugar de parcerias preferem falar em redes.


Bauman, com isso pretende alertar sobre a necessidade urgente de buscar uma humanidade comum para que seja novamente possível unir projectos individuais e acções colectivas e para que se possa ter a consciência da angústia do eterno recomeçar.

Apaixonar e desapaixonar
O amor e a morte são os dois termos os quais Bauman trata no primeiro capítulo da sua obra segundo nosso autor nem no amor, nem na morte pode se penetrar duas vezes, eles são na verdade sua cabeça e seus próprios rabos despertando e descartando todos os outros. Parentesco, afinidade, elos causais são traços de individualidade do convívio humano. O amor e a morte não tem historia própria, são eventos que ocorrem no tempo humano, assim não se pode aprender a amar tal como não se pode aprender a morrer, chegado o momento o amor e a morte atacarão, mas não se tem noção de quando isso pode acontecer, a morte chega desprevenida.

O amo desfruta de um status diferente do outro acontecimentos únicos, é possível que alguém se apaixone mas de uma vez, e algumas pessoas se gabam ou se queixam de que apaixonar e desapaixonar se é algo que lhes acontece de modo muito fácil, há bases sólidas para se ver o amor em particular a condição de apaixonado, passivamente de repetição que inclusive nos convida a seguidas tentativas. Porem não devemos surpreender nos se essa suposição, mostrasse correcta, afinal a definição romântica do amor é ate que a morte nos separe que esta de seguidamente fora da moda, e sendo desvalorizada. A subida abundância e evidente disponibilidade das experiencias amorosas podem mostrar convicção de que amor é uma habilidade que se pode adquirir e que o domínio dessa habilidade aumentara com prática de exercício.

É natureza do amor ser refém do destino, em todo amor há pelo menos dois seres, cada qual a grande incógnita na equação do outro, é isso que faz o amor parecer um capricho do destino, aquele futuro estranho e misterioso, impossível de ser descrito significativamente. Amar significa abrir se ao destino, a mais sublime de todas condições humanas em que o medo pode se fundir, abrir o destino significa em última instancia a liberdade de ser, aquela liberdade que se incorpora no outro, o companheiro do amor, portanto, a satisfação do amor individual não pode ser atingida sem a humildade e a coragem. O prazer é passageiro e a satisfação é instantânea.

O amor e o desejo são por vezes gémeos, mas nunca porem gémeos idênticos, em sua essência o desejo é um impulso de destruição, ele é um segredo bem guardado, sobre tudo de si mesmo, o amor por outro lado é a vontade de cuidar e de preservar o objecto cuidado, se o desejo quer consumir, o amor que possuir, entretanto a realização do desejo coincide com a aniquilação do seu objecto, o amor cresce com a aquisição do desejo.

Dentro e fora da caixa de ferramentas da sociabilidade
O encontro dos sexos é o termo em que a natureza e acultura se disparam pela primeira vez, é alem disso a origem de toda a cultura, actualmente a medicina compete com o sexo pela responsabilidade de reprodução, esta é uma época em que um filho é acima de tudo um objecto de consumo emocional, os filhos não são desejados pela alegrias do prazer paternal ou material, por mais engenhoso e satisfação que seja, pode proporcionar, os filhos servem como objecto de consumo que partem dos desejos ou impulsos do consumidor, a satisfação esperada tem de a ser medida pelo custo, os filhos estão entre as aquisições mais caras que o consumidor pode fazer ao longo de toda a sua vida, eles custam mais do que carro luxuoso da ano (BAUMAN, 2004).
Ter filhos significa avaliar o bem-estar do outro ser mais fraco ou mais dependente em relação ao nosso próprio conforto, significa aceitar a dependência divisória da lealdade por um tempo indefinido.

Dificuldade de Amar ao Próximo
Aceitar o preceito de amor ao próximo é o acto da origem da humanidade em que todas as outras rotinas da coabitação humana assim como as suas ordens pré-estabelecidas ou as descobertas são apenas malista (sempre incompleta) de notas de rodapé a esse preceito. E se ele fosse ignorado ou abandonado, não haveria ninguém para fazer essa lista ou reflectir a sua incompletude.
Amar ao próximo pode exigir um salto de fé, o resultado é porem o acto fundador da humanidade e também é uma passagem decisiva do estilo de sobrevivência para a moralidade, e essa passagem, torna a moralidade uma parte, ou talvez uma condição da sobrevivência. Amar ao próximo como a si mesmo, coloca o amor-próximo como um dado indiscutível, como algo que esteve ali. O amor próximo é uma questão de sobrevivência e a sobrevivência precisa de mandamentos já que outras criaturas (não humanas, passam muito bem sem eles, e esse amor ao próximo como a si mesmo, torna a sobrevivência humana diferente de qualquer outra criatura viva).

Amar ao próximo não pode ser um produto básico do instinto de sobrevivência, mas também não é o amor próximo tomado como modelo de amar ao próximo. Amor-próximo estimula agente a se agarrar a vida, a tentar e de todo custo, a melhorar o vigor físico, para tornar efectiva uma resistência, pois, o que amamos em nosso amor próximo são os seus apropriados para serem amados e o que amamos, é o estado ou a esperança de sermos amados, de sermos objectos digno do amor, sermos reconhecidos como prova desse reconhecimento.


A Resolução da Insegurança como Resolução da Segurança Global
De algum tempo a esta parte, as cidades construídas com o propósito de proteger os seus habitantes, parecer associar-se ao perigo do que a segurança. Neste momento, o mundo encontra-se perante um novo capítulo de ameaças, com um terrorismo transnacional, estruturado em rede, o qual levou a um acentuado abastecimento das diferenças entre segurança e defesa, bem como ameaça interna e externa.
Com feito, verificou-se o surgimento de novos riscos, novos desafios e novas ameaças a segurança interna, bem, como a consciencialização ou interiorização destas novas ameaças e também da vulnerabilidade das sociedades e dos estados, o que acaritou que esta realidade também se fize-se sentir junto do cidadão e agudizando o sentimento de insegurança.

A complexidade da sociedade globalizada, faz emergir novos riscos, ameaças e limitações e os Estados adoptaram e operacionalizaram uma nova governação da segurança. Nesta nova dinâmica, o papel do Estado é questionado e posto em causa, devido à emergência de novos poderes supranacionais, sub-nacionais e do sector privado, bem como ao surgimento de novos actores da segurança. A forte demanda da segurança, conjugada com o aumento do crime e o sentimento de insegurança do cidadão, exige a reestruturação dos sistemas e modelos policiais e os processos de governação, bem como adopção de novas práticas policiais. Os processos e as redes de segurança complexificam-se e exige-se uma nova actuação do Estado, na qualidade de prestador, regulador e dinamizador da segurança.

O medo na modernidade
Ainda na senda das incertezas, Bauman, faz uma profunda abordagem sobre o medo na sociedade moderna, afirmando que o medo é os nomes que damos a nossa incerteza: ignorância da ameaça e do que deve ser feito; do que pode e não pode; para faze-la para ou enfrentar. O autor afirma que o medo é o sentimento conhecido de todos os seres humanos que deriva de uma sensação de insegurança e da vulnerabilidade com relação aos perigos.

A incerteza é o habitat natural da vida humana, ainda que a esperança de escapar da incerteza seja motor das actividades humanas. Escapadas as incertezas, é o elemento fundamental, mesmo que apenas tacitamente presumido, de todas e quaisquer imagem compostas da felicidade, é por isso, que a felicidade genuína é adequada e total sempre pareci residir em algum lugar afrente.

Estamos sujeitos a perigos que não podemos prever e dificilmente nos proteger e riscos que, a priori, poderíamos calcular. O medo, então, deriva de vários factores, mas dentre eles, nenhum é tão significativo quanto à violência em forma da criminalidade. Nenhum fenómeno perigoso moderno toma tanto da nossa atenção e dos nossos esforços no dia-a-dia quanto à criminalidade. Constantemente, nos vemos tentando calcular a probabilidade de sermos assaltados, de sofremos sequestro, de termos nossa casa invadida e de perdemos a nossa vida ou a de outras pessoas nessas investidas criminosas.

Treinamos nossos olhares para identificar pessoas que possam ser perigosas, não passamos por certos lugares considerados perigosos sozinhos ou acompanhados e em horários também considerados perigosos. Isto, como afirma Bauman, é uma paranóia, fruto da insegurança social causada pelo cruzamento de factores como: estatísticas de criminalidade, sensação de crescimento da mesma e o descrédito no poder público. Sentir medo e tensão se tornou parte da rotina nas cidades. Ainda nesse contexto com a banalização da violência há de forma paradoxal, por um lado, o crescimento do medo e da insegurança e por outro a ideia da naturalização das violências.

Ainda de acordo com o autor, a sensação de insegurança e vulnerabilidade derivada do medo é uma característica essencial na formação dos espaços urbanos. A cidade surgiu para proteger seus cidadãos dos “outros”, dos “estrangeiros”, promessa que também não se cumpriu, criando assim, o que Bauman denomina “mixofobia”, uma grande suspeita contra o “outro” e um clamor por segurança. Para ele “(...) a cidade é um espaço em que os estrangeiros existem e se movem em estreito contacto”.

O estrangeiro é, por definição, alguém cuja acção é guiada por intenções que, no máximo, se pode tentar adivinhar, mas que ninguém jamais conhecerá com certeza. O estrangeiro é a variável desconhecida no cálculo das equações quando chega a hora de tomar decisões sobre o que fazer. Assim, mesmo quando os estrangeiros não são abertamente agredidos e ofendidos, sua presença em nosso campo de acção sempre causa desconforto e transformar em árdua empresa a previsão dos feitos de uma acção, suas probabilidades de sucesso ou insucesso.

Assim a cidade que foi um espaço pensado primeiramente para proteger os seus habitantes, segundo o autor, é associada cada vez mais ao perigo aumentando o investimento em segurança particular, vigilância de locais públicos e descrédito da segurança pública juntamente com a redução do controle estatal. Os medos modernos tiveram início com a redução do controle estatal (a chamada desregulamentação) e suas consequências individualistas, no momento em que o parentesco entre homem e homem – aparentemente eterno, ou pelo menos presente desde tempo imemoriais -, assim como os vínculos amigáveis estabelecidos dentro de uma comunidade ou de uma corporação, foi fragilizada ou até rompido.

A Estrutura Actual das Sociedades
Faz em tempos líquidos uma descrição da estrutura das sociedades actuais, segundo ele, as organizações não capitalistas, fornecem um solo fértil para o capitalismo: o capital se alimenta das ruínas dessas organizações e embora esse ambiente não capitalista seja indispensável a acumulação esta avançada, não obstante, a custa desse meio, devorando – o, trata-se de uma humanidade em movimento o qual o paradoxo inerente do capitalismo é a longo prazo sua perdição.


Passadas centenas de anos depois, o triunfo global da modernidade é a crise aguda da indústria de remoção do lixo humano pois cada novo posto avançado conquistado pelos mercados capitalistas acrescenta outros milhares ou milhões a massa de homens e mulheres já privado de suas terras locais de trabalho redes comunais de protecção. A quantidade de seres humanos tornada excessivas pelo triunfo da capitalismo global cresce exoravelmente e agora este perto de ultrapassar a capacidade administrativa do planeta, o capitalismo está se afogando em seu próprio lixo, o qual será incapaz de desintoxicar.

Dai que um dos efeitos mais sinistros desse processo é uma desregulamentação das guerras. A maior parte das acções deliciosas dos dias de hoje e das mais cruéis e sangrentas entre elas são travadas por entidades estatais que não se sujeitam a leis estatais. A população geral de um estado se vê assim num espaço sem leis, num tipo de anarquia diante da fronteira global, por isso nada resta se não os murros e portões controlados por guardas armados.

As cidades hoje são lugares de insegurança e praticamente perigosas, mais perigosas do que a protecção. A vida nas cidades se transforma num estado da natureza caracterizado pelo domínio do terror acompanhado pelo medo uni-presente. A guerra contra a insegurança e particularmente contra os perigos e riscos a segurança pessoal agora é travada dentro da cidade, os moradores com recursos compram casas em áreas separadas por eles escolhidas, também parecidas com guetose impedem todos os outros de se fixarem nelas.

O espaço da camada superior geralmente esta conectado a comunicação global e a uma vasta rede de intercâmbio aberta a mensagens e experiencias que envolvem o mundo inteiro, enquanto na outra extremidade da sociedade encontram se redes locais segmentadas, frequentemente de base étnica, recorrem a sua identidade como o recurso mais valioso para defender seus interesses e em ultima analise suas existência. O mundo em que vive a outra camada da cidade é chamada inferior oposto a primeira.

A Cultura do Mundo que Vivemos
Bauman, indica que a cultura no mundo líquido exige de nós a aptidão para mudar de identidade e não se apegar as coisas do passado, pois estamos inseridos em uma economia baseada no descarte. Não podendo esperar mudar o mundo para melhor, a fuga passa a ser a principal utopia, é preciso fugir da necessidade de pensar sobre a sua condição infeliz, vivendo o fim da utopia da modernidade sólida, em que se buscava uma trégua em relação ao caos de eventos. Bauman, demonstra a partir da moda, a condição humana no mundo líquido, imposta por uma estrutura complexa e regida pelos ditatoriais do mercado de consumo.
De forma exacerbadamente ideológica e, até utópica, o autor diz que “...nenhuma cultura pode exigir ou ter direito a subserviência, a humilhação ou a submissão, em decorrência a uma cultura presumidamente superior ou de carácter progressivo”, algo contrário ao que costumeiramente vemos assistir através dos meios de comunicação de massa e das intervenções militares, além fronteiras, em todo o mundo.


Referências bibliográficas
  1. BAUMAN, Confiança e medo na Cidade. Trad. Eliana Aguiar. Jorge Zahar Editores. Rio de Janeiro, 2009.
  2. BAUMAN, Zigmunt. Modernidade e Ambivalência. Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 1999.
  3. BAUMAN, Zygmund. Amor Liquido: Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos. Trad. de Corlos Medeiros, Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 2004.
  4. BAUMAN, Zygmund. Confiança e Medo na Cidade. Trad. Miguel Perreira. Relogio D’agua. 1ª ed. editores. Lisboa, 2006.
  5. BAUMAN, Zygmund. Modernidade Liquida
  6. BAUMAN, Zygmund. Tempos Liquidos. 1ª ed. Zahar Editores. Brasil, 2007.
  7. BEJAMIM, Artur. A Pois Modernidade em Filosofia. 2ª ed. Porto EDITORES, Lisboa, 2006.
  8. BURKE, Maria Lúcia. Entrevista com Zigmunt Bauman. São Paulo, 2003.
  9. GUIMARÃES, Aluizio. RESENHA: A Cultura no Mundo Líquido Moderno. Zahar Editores. Rio de Janeiro, 2013.
  10. SANTOS, José Luís. Insegurança nas Sociedades Modernas: Discussões Sobre a Violência Urbana a partir de Bauman. Editora Rede Sirios, Rio de Janeiro, 2016.

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