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O socialismo: o que é? Origem, objetivos, principais ideias e seus defensores

O que é socialismo?
O socialismoé uma doutrina política e económica que surgiu no final do século XVIII e na primeira metade do século XIX. Depois, no século XX, houve várias tentativas de colocá-la em prática, em diversos países. Através de movimentos revolucionários, regimes comunistas que foram implantados em nações tão diferentes quanto a Rússia, a China, Cuba, o Vietnam e a Coreia do Norte.
A revolução industrial iniciada na Grã-Bretanha, no século XVIII, estabeleceu um tipo de sociedade dividida em duas classes, sobre as quais se sustentava o sistema capitalista: a burguesia (empresariado) e o proletariado (trabalhadores assalariados). Nessa ocasião o modelo capitalista se afirmou ideologicamente com base nos princípios do liberalismo: liberdade económica, propriedade privada e igualdade perante a lei. A grande massa da população proletária, no entanto permaneceu inicialmente excluída do cenário político, logo ficou claro que a igualdade jurídica não era suficiente para equilibrar uma situação de desigualdade económica e social, na qual uma classe reduzida, a burguesia, possuía os bens de produção, enquanto a maioria da população não conseguia prosperar, daí surgiram as ideias socialistas.
Origem do socialismo
Saint-Simon
A doutrina socialista tem origem no século XVIII, logo que consolidaram-se os efeitos da revolução industrial sobre as sociedades modernas. É uma ideologia que critica o liberalismo económico, e vai contra as noções de que o mercado é o princípio organizador da actividade económica, devendo portanto ser preservado a todo custo. Surge principalmente como forma de protesto contra as desigualdades provocadas pelo intenso processo de industrialização, e contra as péssimas condições de vida dos trabalhadores. Os socialistas observam, com justa razão, que são o mercado e a livre concorrência as principais fontes das desigualdades sociais. O socialismo propõe então limitar o alcance do mercado através de mecanismos reguladores, e defende sobretudo o planeamento da produção como a forma mais eficaz de distribuir a riqueza produzida entre todos os membros da sociedade.
Esta é a principal preocupação da ideologia socialista: promover uma distribuição equilibrada de bens e de serviços, tornando-os acessíveis a toda a população.
Havia ainda duas correntes de pensamento socialista, a primeira da qual Marx faz parte, argumentava que o socialismo só seria possível se todas as nações praticassem-no de forma simultânea, caso contrário o fluxo financeiro e as trocas comerciais entre elas impediriam um panejamento equilibrado de suas provisões e necessidades. Justamente por tratar o socialismo como algo inalcançável sob as condições impostas, essa corrente foi chamada de utópica (Utopia). Já a outra corrente acreditava na possibilidade de implementar o socialismo em poucos países, e então depois de estabilizado expandi-lo para outros. Para isso seria preciso a intervenção do Estado na economia, pois este seria a única força capaz de controlar a actividade dos empresários capitalistas em benefício de toda a população.
As novas teorias exigem então a igualdade real e não apenas a ideal. Em 1864 é fundada em Londres a Associação Internacional dos Trabalhadores, mais tarde conhecida como Primeira Internacional (face à segunda, terceira e quarta, constituídas posteriormente), visando a luta para emancipação do proletariado. Esta união de grupos operários de vários países europeus teve em Marx seu principal inspirador e porta-voz, tendo este lhe dedicado boa parte do seu tempo. Na França, o pensamento socialista teve como porta-vozes Saint-Simon, Fourier e Proudhon.
Os diversos teóricos do socialismo têm ideias diferentes e propõem soluções diversas, mas é possível reconhecer traços comuns:
  • Tentam reformar a sociedade (reformismo) através da boa vontade e participação de todos.
  • Todas as tentativas não vão além de uma tendência fortemente filantrópica e paternalista: melhoria de alojamentos e higiene, construção de escolas, aumento de salários, redução de horas de trabalho.
O socialismo começou por ser um conceito e um movimento político, baseado na organização da classe trabalhadora, que rejeitava o modelo capitalista. O final objectivo do socialismo é uma sociedade sem classe, concentrada nas reformas sociais dentro do capitalismo. Há medida que este movimento ou conceito se desenvolveu, foi adquirindo significados distintos consoante os diferentes tempos e espaços. Este termo terá sido utilizado pela primeira vez no século XIX, pelos intelectuais radicais que comungavam ainda da tradição iluminista.
No início do século XIX, a indústria mecanizada, primeiro na Inglaterra e em seguida na França traduziu-se num acelerado progresso económico que acarretou a ruína dos artesãos e a perda de direitos e de condições de vida dos operários urbanos. Os socialistas utópicos tentam mudar este tipo de sociedade nos países capitalistas, ou pelo menos denunciar a exploração instalada por este sistema político. Entre os mais importantes teóricos desta ideologia encontravam-se Saint-Simon e Robert Owen, que partilhavam uma ideologia com base em motivos ou ordem ética e prática. Para eles o capitalismo era um sistema injusto que transformava os homens em máquinas e uma forma de exploração dos trabalhadores que viviam no limiar da pobreza. Era uma forma irracional de desenvolvimento das forças produtivas, debilitada com crises críticas de superprodução e de subconcerno, que privilegiava a produção de artigos de luxo, em detrimento, muitas vezes dos produtos essenciais.
O socialismo era uma reacção contra o liberalismo que alegadamente dava ênfase aos direitos e realizações privadas sobre o bem comum, no entanto o socialismo, acaba por ser um produto ideológico nascido do liberalismo, as duas ideologias tinham em comum a abolição da aristocracia.
As múltiplas variantes do socialismo, partilharam de uma base comum de tendência sentimental e humanitária, para caracterizar uma sociedade exclusivamente socialista é necessário que estejam presentes os seguintes elementos:
  • Limitação do direito à propriedade privada;
  • Controle dos principais recursos económicos pelos poderes públicos, com a finalidade teórica de promover a igualdade social, política e jurídica.

Bibliografia
ARRUDA, José Jobson de. História Moderna Contemporânea, 9ª edição, São Paulo. Editora Áctica, 2000;
BURNS, Edward Mcnall; História da civilização ocidental; 2º vol; São Paulo; editora globo; s/d;
HOBSBAWEM, Eric. J; A era dos extremos; 2ª ed; São Paulo; Companhia de Letras editora; 1995.

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