Google logo  MAIS PARA BAIXO  Google logo

Ad Unit (Iklan) BIG


Evolução histórica da ética (ética tradicional, antiga, medieval e moderna)

Segundo Aristoteles o significado da palavra ética vem do grego “ethos’’, referente ao modo de ser do indivíduo, ou ao carácter do ser humano. Na Grécia antiga, período que coincide com século IV a.c, os filósofos gregos foram os primeiros a pensar o conceito de ética, associando a tal palavra a ideia da moral e cidadania. Precisam de honestidade, fidelidade e harmonia entre seus cidadãos porque suas cidades Estado estavam em desenvolvimento.

Segundo Ferreira (2005) a ética pode ser definida como o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal. Ou seja, é um conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano.

A etimologia do termo ethos (ética) apresenta duas interpretações:
Na primeira é entendida como costume. É o sentido prático da palavra. Esta maneira de compreender o termo pode ser perigosa para a sociedade na medida em que o costume pode ser negativo ou nocivo e, portanto, não seria aconselhável que o costume dirigisse as acções humanas ou animasse suas regras, pura e simplesmente.

Na segunda e mais fiel é definida como morada. Neste sentido a compreensão se dirige à busca de uma referência de onde partem princípios seguros e fundamentais, para vida e para o âmbito das suas relações, quer de um homem para com o outro, ou quer do homem para consigo mesmo.

Desenvolver a concepção da ética como morada é afirmar que não se pode se construir um código para a prática de acções, qualquer que seja a conduta esperada, na ausência de uma origem anterior às próprias acções. Não se podem fazer verdadeiras escolhas, que fundem um costume digno de crédito, sem um horizonte e uma base própria sobre os quais estabelecê-las.

Enfim, a ética demonstra ser um juízo elevado capaz de orientar e moldar as acções humanas no seu conteúdo e valor de modo a produzir relações harmónicas no âmbito particular e no público e entre ambos.


Evolução histórica da ética
A reflexão ética se inicia na Grécia antiga, quando os filósofos buscam compreender o fundamento da conduta humana. Enquanto para a maioria dos filósofos os princípios morais resultam de convenções sociais, Sócrates defende a moral constituída na própria natureza humana.

Para Sócrates (470-399 a.C.), a virtude humana consiste na busca do conhecimento para alcançar a felicidade. O verdadeiro objecto do conhecimento é a alma humana. As afirmações: conhece-te a ti mesmo e sei que nada sei, expressam com intensidade que a conduta humana deve ser ajustada em primeiro lugar, com o próprio ser. O filósofo relaciona de forma estreita as noções de saber, virtude e felicidade. Segundo ele, o conhecimento do bem implica a prática da virtude e o exercício desta faz felizes os homens. A sabedoria é o valor supremo para alcançar a plena felicidade.

Sócrates forneceu material para que Aristóteles e Platão desenvolvessem suas doutrinas. Os três filósofos consideram o homem não como ente isolado, mas como ser social. Na expressão aristotélica clássica, o homem é um animal político.

Platão (428-347 a.C.) estabelece uma hierarquia das ideias e confere um lugar supremo ao bem. As virtudes humanas devem ser coordenadas, cuja harmonia constitui a justiça. A justiça é para Platão, a harmonização das actividades da alma e de todas as virtudes. Segundo ele, a questão moral não é um problema somente do indivíduo, mas das relações colectivas. A formação espiritual do homem cabe ao Estado, entidade que não é meramente organização de poder, mas instituto de educação, e a finalidade última é realizar a ideia do homem e conduzir os indivíduos ao conhecimento e prática das virtudes que deverão torná-los felizes.

A ética de Aristóteles (384 -322 a.C.) exerceu forte influência no pensamento ocidental. Segundo sua teoria, conhecida como eudemonismo (do grego eudaimonéu significa ter êxito, ser feliz), todas as actividades humanas aspiram a algum bem, dentre os quais, o maior é a felicidade. Para Aristóteles, a felicidade não se encontra nos prazeres nem na riqueza, mas na actividade racional, no exercício e na evolução do pensamento.

Para os hedonistas (do grego bedoné, prazer) o bem se encontra no prazer. De forma genérica, podemos afirmar que a civilização contemporânea é hedonista, pois associa a felicidade com a aquisição de bens de consumo: casa, carros, roupas, comida, aparelhos electrónicos e domésticos e sexualidade.

A Idade Média retoma esse pensamento e aperfeiçoa a vida espiritual por meio de práticas de purificação do corpo, instituindo o jejum, a abstinência e a flagelação. Essa tendência predominou na Alta Idade Média, influenciada pela Igreja.

A partir da Idade Moderna, porém, os princípios éticos e morais distanciam-se da doutrina religiosa. O Ser moral e religioso convive separadamente. Admite-se que uma pessoa que não crê em Deus também possa ser ética, porque o fundamento dos valores não se encontra em Deus, mas no próprio ser humano.

O reconhecimento dos princípios e valores resulta da capacidade humana, representada pelo racionalismo cartesiano e também pelo criticismo de Hume (século XVII). Para este filósofo, a única base para as ideias gerais é a crença. No campo moral não podemos atingir verdades absolutas. Hume rejeita todo sistema ético que não se baseie em fatos e observações. É reconhecido como pensador que rompe com a tradição filosófica herdada da Antiguidade e Idade Média, influenciando as mais diversas concepções e tendências éticas.

O século XIII é denominado século das luzes, em virtude da razão, considerada em todas as expressões e actividades humanas, como a luz que serve para interpretar e reorganizar o mundo. Recorrer à razão significa recusar a imposição religiosa. Para Kant, maior expoente do iluminismo, a acção moral é autónoma, pois o ser humano é o único capaz de determinar segundo leis que a própria razão estabelece.

Entre eles, Hegel destaca a importância da relação do sujeito com a cultura e a história, compreendendo a diversidade dos valores conforme o tempo, a cultura e o lugar. Também Marx explica a moral como uma das expressões da consciência humana, que por sua vez, são o reflexo das relações sociais estabelecidas no mundo do trabalho. Nesse caso, conforme variam os modos de produção, mudam não só as normas morais, mas também os valores sociais, políticos e económicos.

No mundo contemporâneo, muito são os desafios para tentar construir a vida ética e moral. A questão que se coloca hoje é a da superação dos empecilhos que dificultam a existência de princípios e parâmetros para a boa conduta. Algumas dessas dificuldades derivam da sociedade individualista, incapaz de praticar a solidariedade e a tolerância.

O esforço de recuperação da ética passa pela necessidade de não se esquecer da dimensão planetária da sociedade contemporânea, quando todos os pontos da Terra, essa aldeia global, se acham ligados pelos mais diversos e velozes meios de informação.


A Ética tradicional
Coloca a ênfase no “colectivo” no universal, no objectivo, no institucional, no autoritário. Parte de uma visão estática, essencialista, imutável e definitiva do Ser humano e do mundo (cosmos: ordem). Fundamenta-se numa “consciência colectiva” mais ou menos implícita no comportamento humano socialmente aceite por todos. A Ética tradicional predominou – ao menos depois de Sócrates na Antiguidade e na Idade Média.

A Ética antiga
Foi desenvolvida, sobretudo, por Platão e Aristóteles. A Ética de Platão, como a sua política, depende intimamente da sua concepção metafísica (dualismo do mundo sensível e do mundo das ideias permanentes, eternas, perfeitas e imutáveis, que constituem a verdadeira realidade e têm como a ideia do Bem, divindade, artífice ou demiurgo do mundo); da sua doutrina da alma (princípio que anima ou move o Ser humano e consta de três partes: razão, vontade ou ânimo, e apetite; a razão que contempla e quer racionalmente é a parte superior, e o apetite, relacionado com as necessidades corporais, é a inferior).

Pela razão, que é a faculdade superior e a característica própria do ser humano, a alma se eleva mediante a contemplação ao mundo das ideias. Seu fim último é purificar-se ou libertar-se da matéria para contemplar o que realmente é e sobretudo a ideia do Bem.

O indivíduo, porém, por si só não pode aproximar-se da perfeição. Portanto, torna-se necessário o Estado ou Comunidade política. O Ser humano é bom enquanto bom cidadão. A ideia do ser humano se realiza somente na comunidade. A Ética desemboca necessariamente na Política.

Na Ética de Platão, transparece o desprezo, característico da antiguidade, pelo trabalho físico e, por isso, os artesãos ocupam o degrau social inferior e se exaltam as classes dedicadas às actividades superiores (a contemplação, a política e a guerra).

Por outra parte, de acordo com as ideias dominantes e com a realidade política e social daquele tempo, não há lugar algum no Estado ideal para os escravos, porque desprovidos de virtudes morais e de direitos cívicos.

Com estas limitações de classe, encontramos na Ética de Platão a estreita unidade da moral e da política, dado que, para ele, o Ser humano se forma espiritualmente somente no Estado e mediante a subordinação do indivíduo à Comunidade.

A Ética de Aristóteles como a de Platão é muito ligada à sua filosofia política. Para Aristóteles o ser humano consegue realizar o seu fim último, que é a felicidade, somente na Comunidade social e política. “O Ser humano enquanto tal só pode viver na cidade ou polis é, por natureza, um animal político, ou seja, social. Somente os deuses ou os animais não têm necessidade da comunidade política para viver o ser humano, entretanto, deve necessariamente viver em sociedade.

A Ética medieval
A Ética Medieval , com expoentes máximos em S. Tomás de Aquino e Santo Agostinho, define a ética a partir da relação com Deus e não com a cidade ou com os outros. Deus nesse momento é considerado o único mediador entre os indivíduos. As duas principais virtudes são a fé e a caridade (amor). Através do cristianismo, se afirma na ética o livre-arbítrio, sendo que o primeiro impulso da liberdade dirige-se para o mal (pecado). O homem passa a ser fraco, pecador, dividido entre o bem e o mal.

O auxílio para a melhor conduta é a lei divina. A ideia do dever surge nesse momento. Com isso, a ética passa a estabelecer três tipos de conduta:
  • A moral ou ética (baseada no dever);
  • A imoral ou antiética; e
  • A indiferente à moral.

Ética Moderna
É a Ética fundada numa compreensão “moderna” -que é uma compreensão antropocêntrica e racional – do Ser humano e de seu comportamento. A expressão mais perfeita da Ética moderna é a Ética de Kant. Na fundamentação da Metafísica dos Costumes Kant afirma que a filosofia moral deve ser pura, isto é, despida de tudo o que é empírico. Nesta perspectiva “a moral é concebida como independente de todos os impulsos e tendências naturais ou sensíveis, a acção moralmente boa seria a que obedecesse unicamente à lei moral em si mesma. Esta somente seria estabelecida pela razão, o que leva a conceber a liberdade como postulado necessário da vida moral. A vida moral somente é possível, para Kant, na medida em que a razão estabeleça, por si só, aquilo que se deva obedecer no terreno da conduta.

A Ética Moderna teve como contexto as revoluções religiosas, por meio de Lutero; científica, com Copérnico e filosófica, com Descartes, em seu chamado Racionalismo Cartesiano – a razão é o caminho para a verdade, e para chegar a ela é preciso um discernimento, um método.

Em oposição à fé surge agora o poder exclusivo da razão de discernir, distinguir e comparar. A formação ciência moderna com Galileu e Newton – provocam o desenvolvimento da ética naturalista

Kant afirma que se nos deixarmos levar por nossos impulsos, apetites, desejos e paixões não teremos autonomia ética, pois a Natureza nos conduz pelos interesses de tal modo que usamos as pessoas e as coisas como instrumentos para o que desejamos. Não podemos ser escravos do desejo. Para isso devemos agir conforme o Imperativo Categórico, ou seja, o ato moral deve concordar com a vontade e com as leis universais que ela dá a si mesma:

Friedrich Hegel apresenta a perspectiva Homem – Cultura e História, sendo que a ética deve ser determinada pelas relações sociais. Como sujeitos históricos culturais, nossa vontade subjectiva deve ser submetida à vontade social, das instituições da sociedade. Desta forma a vida ética deve ser determinada pela harmonia entre vontade subjectiva individual e a vontade objectiva cultural.

A Ética contemporânea possui duas principais correntes de pensamento. Ética Praxista, o homem tem a capacidade de julgar, ele não é totalmente determinado pelas leis da natureza, nem possui uma consciência totalmente livre. Por isso, a ética ganha um dimensionamento político uma acção eticamente boa é politicamente boa, e contribui para o aumento da justiça, distribuição igualitária do poder entre os homens.

Nietzsche, por outro lado, atribui a origem dos valores éticos, não à razão, mas a emoção. Para ele, o homem forte é aquele que não reprime seus impulsos e desejos, que não se submete a moral demagógica e repressora. E para coroar essa mudança radical de conceitos, surge Freud com a descoberta do inconsciente, instância psíquica que controla o homem, burlando sua consciência para trazer à tona a sexualidade represada e que o neurotiza. Essa seria uma ética Naturalista ou Essencialista.

Relação da ética com outras ciências
Ética e política
Estão relacionadas pela natureza do poder. Olhando para democracia segundo Zajdsznajder 1994, a grande preocupação das pessoas que elegem o político refere-se ao uso indevido do poder, isto é, quando o eleito coloca seus interesses particulares acima dos interesses do povo, desviando os recursos em benefício próprio ou para pagar promessas feitas durante a campanha eleitoral.

Bioética
Enfoca – se nas questões referentes a vida humana e às melhorias na qualidade de vida do homem. É composta por estudos multidisciplinares na área de biologia, da Medicina e da Filosofia. Com o notável avanço da medicina, em especial na pesquisa genética surgiram grandes preocupações no campo da ética. A clonagem humana e a fecundação artificial são novas práticas genéticas que vem alterar conceitos e a realidade da sociedade de hoje. Por exemplo com as descobertas da biociência, passou-se a questionar muitos pilares sobre os quais a família moderna esta baseada.


Ética e Sociologia
Estão estreitamente ligadas, pois a sociologia trata das leis que regem o desenvolvimento e a estrutura das sociedades humanas. Alem disso, estuda o indivíduo inserido no meio social, de quem se espera um comportamento ético para o bem colectivo. As transformações sofridas nos tempos modernos atingem o homem em sociedade. A evolução das máquinas no campo e na indústria causam o alto índice do desemprego, a evasão rural e a superpopulação nas cidades. A sociologia, por sua vez, está cada vez mais próxima da ética para encontrar soluções para esses problemas presentes na vida do indivíduo contemporâneo.

Ética e Direito
A relação entre essas áreas refere-se ao próprio facto de que o homem está sujeito às normas que regulam as condutas sócias. Os homens necessitam das leis e de sanções para manter a ordem na sociedade. O exemplo disso, tem se o código de transito. A sociedade também precisa de estatutos para determinar regras de convívio, deveres e direitos, como o que o que está disposto nos estatutos.


Bibliografia
  • AGOSTINHO. S. Vida e Obra. Em: Os Pensadores. Abril Cultural: São Paulo, 1980.
  • ARANHA, M. L. de Arruda e MARTINS, M. H. Pires. Temas de filosofia. 3a Edição. São Paulo: Moderna, 2000.
  • ARISTOTELES. A ética de Nicomaco. Tradução de cassio M. Fonseca. 2a Edição. São Paulo: atena, 1944.
  • FERREIRA, A.B.H. O dicionário da língua portuguesa. 6a Edição. Rev. Actual. Curitiba: positivo,2005.
  • NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. São Paulo: revista dos tribunais, 2001.
  • VÁSQUEZ, A. Sánchez. Ética e Civilização. 14a Edição Rio de Janeiro, 1978.
  • KANT. Vida e Obra: Os Pensadores. Abril Cultural, São Paulo, 1980.
  • MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos da Metodologia Científica. 6ªed. São Paulo: Atlas, 2003.
  • MATTAR NETO, J.A. A filosofia e ética. São Paulo: Saraiva, 2004.
  • SOLOMON, R. C. Ética e excelência. Cooperação e integridade nos negócios. Rio de Janeiro, 2006.
  • VALLS, A.L.M. O que é ética. 9a Edição. São Paulo, 2000.

Artigos relacionados

Enviar um comentário


Iscreva-se para receber novidades