Introdução
O ku Tchinga é um ritual muito frequente no sul de Moçambique, este ritual é feito com o objectivo de purificar as pessoas e as coisas de falecido. Ele é mais praticado na Província de Gaza.
A pois a morte do marido segundo a Senhora (Alice) e Senhor (Januário) existem duas formas de purificar a viúva, no caso de a família não pretender que ela continua a fazer parte dela, purifica-se com água preparada pelo curandeiro, esta água não é qualquer, mas é uma água própria para este ritual de purificação, ela é deitada em toda casa para afugentador os espíritos malignos, com vassoura feita de palhas ou de coqueiro.
Conceito de Ku Tchinga
O ku Tchinga é o conjunto de rituais de purificação para que as pessoa possam retomar as suas vidas normalmente.
Ndzaka refere-se a uma maldição que mata a todos os que se apoderam dos bens (incluindo a mulher) do morto antes da realização do ritual. Sobre tudo quando é uma mulher que perdeu marido diz-se que a mulher tem Ndzaka Ni ntima (esta num estado negro) dai a necessidade de esperar por um ritual especial de purificação.
Ritual de Purificação ou Ku Tchinga
De acordo com Junod (1979) esta prática está mais enraizada na região sul de Moçambique. Sobretudo na Província de Gaza. Nesta província a morte é vista como uma força contaminadora ou poluente.
Assim, passado o período de luto é preciso realizar um conjunto de rituais de purificação para que as pessoas possam retomar as suas vidas normalmente. São variadas as formas que assumem os ritos de purificação, dependendo de tipo de morte, do estado social do morto da região do Pais onde ele ocorre.
Esta prática na região sul de Moçambique designa-se de Ku Tchinga. Sobre tudo quando é uma mulher que perdeu marido diz-se que a mulher tem Ndzaka. A morte também é poluente. Todos os objectos da casa ficam contaminados de ndzaka. Por um lado ndzaka se refere a tudo o que pertencia ao morto e que passa para os seus herdeiros; por outro, ndzaka refere-se a uma maldição que mata a todos os que se apoderam dos bens (incluindo a mulher) do morto antes da realização do ritual e que deve pertencer aos vadi va ndzaka, que são os herdeiros, neste caso, os filhos e irmãos mais novos.
Membros da Família Que Participam na Primeira Fase Do Ritual
No ritual de ku tchinga participam directamente a mulher viúva, o homem escolhido para purificar a mulher. Com papéis diferentes estão o curandeiro, que serve de intermediário entre o falecido marido e a sua família.
O primeiro, através do curandeiro, explica como quer que a cerimónia decorra, o que é necessário para a sua realização.
A família do falecido marido é que autoriza a viúva a realizar o ritual. Participam também as massungukati, que são mulheres mais velhas da família e ou que passaram pelo mesmo ritual, que orientam a viúva sobre a forma como deve se comportar e o que deve fazer durante o ritual. Na realização do ritual procura-se guardar segredo para que possa ter sucesso.
Aos vizinhos nada é dito e quando desconfiam, a viúva procura sempre uma desculpa para que não percebam o que aconteceu. A pessoa nega ter feito o ritual porque há outras que “estão dispostas a fazer mal as outras e se for a aceitar pode estragar o ritual.”
Na realização do ritual, prepara-se um chá que é distribuído pelos familiares do falecido marido sem contar com os maridos das irmãs e das filhas do morto por não pertencerem à família.
O Decurso do Ritual
Quando se anuncia a morte do chefe da família, o tio do morto, que é o irmão do pai, ou uma outra pessoa respeitada pela família paterna da pessoa que morreu, é indicado para explicar as pessoas como devem se comportar durante o luto. Quando morre a mulher, por estar no lar, geralmente a família do marido é que se responsabiliza por todas as realizações fúnebres. Este período é dominado por interdições de relações sexuais aos membros da família, sob a responsabilidade directa da pessoa que morreu.
Também é proibida a circulação dos objectos de um lugar para outro para que não se transporte ndzaka para uma outra casa. A violação destas regras coloca em risco a vida dos membros da aldeia assim como da pessoa com quem se transgrediu a regra de abstinência e o castigo pode ir de doenças como tuberculose, hemorragias, mbatata (abcessos) até a morte.
O período de “abstinência” sexual depende das duas fases obedecidas para a realização do kutxinga. Uma vai até a realização do ritual oito dias após a morte e a outra que pode coincidir com a missa de seis meses ou um ano.
A primeira ocorre quando se faz ku hangalasa xikuma (espalhar as cinzas), que é uma cerimónia para se acabar com o luto pesado, permitindo que todos os que tiveram contacto directo com a pessoa falecida retornem às suas vidas normais.
Características do Ritual de Ku tchinga
Depois do oitavo dia os filhos da pessoa que morreu se forem crescidos e casados, seguindo a ordem das idades, retomam a vida sexual. Na madrugada seguinte as mulheres acordam e preparam chá que é distribuído pelos membros da família. Se a pessoa que morreu não tiver filhos crescidos ou casados, o irmão mais novo do falecido marido pode fazer o ritual. Nesta cerimónia a viúva não é contemplada porque foi tomada pelo morto durante o tempo em que viveram juntos e a impureza do morto a marca profundamente, o que se diz a ni ntima (esta num estado negro) dai a necessidade de esperar por um ritual especial.
A Segunda Fase do Ritual
A segunda fase do ritual acontece seis meses depois da morte do chefe de família. Após a realização da missa de seis meses a mulher pode pedir para ser purificada. Porém, até a data do ritual ela está proibida de ter qualquer contacto sexual. Caso viole esta interdição, ela assim como o homem com quem se relacionar ficam sujeitos a castigos pesados. Os dois podem adoecer ou morrerem.
Bibliografia
- Muanga, Eceu da Novidade. A Prevalencia de HIV/SIDA no Posto Administrativo de Chicumbane, Distrito de Xai-Xai, Seu Impacto na Escola Primaria Completa e Secundaria de Chicumbana, Edição UP Nampula, Paginas Lidas 26 a 28, Ano 2007.
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