Introdução
A luta dos camponeses e trabalhadores moçambicanos foi determinada, em parte, pela repressiva estrutura política e económica do colonialismo português. Para além de ser definido como a forca de trabalho para o capital, foram vedados ao povo moçambicano direitos políticos efectivos. Assim sendo, visa-se neste capítulo, abordar sobre a política social, a estrutura social de Moçambique no Início da ocupação efectiva, a emergência e a luta do proletariado urbano, as principais greves dos anos 20 e a I Guerra Mundial e a crise económica e social da década 20.
A política social
A estrutura social
O processo de colonização do território de Moçambique foi dinamizado pela burguesia colonial aliada à burguesia estrangeira.
O objectivo principal era a exploração de recursos usando a força de trabalho local, os camponeses. A Convivência destas camadas sociais não foi pacífica, pois os camponeses mantiveram sempre a sua resistência activa contra a ocupação colonial, através de fugas maciças, revoltas, greves, etc.
A estrutura social de Moçambique no Início da ocupação efectiva
Burguesia
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Colonial e estrangeira;
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Fomentou o colonialismo
capitalista.
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Camponeses
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Garantiam a força de trabalho
nas plantações, transportes, minas e comércio rural;
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Com o pagamento dos seus
impostos forneciam grande parte dos rendimentos ao Governo;
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Constituíam o principal
consumidor de grandes quantidades de pro dutos de indústrias portuguesas e
europeias
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Com o desenvolvimento da economia colonial em Moçambique, emergiram outras camadas sociais secundárias, que tiveram um papel importante na vida política e económica da colónia. Por exemplo, a burguesia comercial local sediada em Lourenço Marques interessada na sua maioria pelo crescimento das importações e exportações de produtos. Mais tarde, surge a burguesia agrícola local composta por colonos que, no processo de ocupação de terras, foram expulsando os camponeses dos melhores terrenos.
No Sul de Moçambique esta nova burguesia local entrava sempre em conflito com a burguesia da Europa e o Estado colonial, bem como com a burguesia mineira inglesa.
A emergência do proletariado urbano
A integração económica de Moçambique no complexo económico da África Austral esteve na origem da emergência do proletariado urbano. A construção e desenvolvimento dos portos e caminhos-de-ferro de Lourenço Marques e Beira foram impulsionados não só pelos capitais estrangeiros como também pelo crescimento dos aglomerados populacionais urbanos. A estes locais convergiam obrigatória e voluntariamente milhares de pessoas à procura de trabalho, oportunidades de negócios e melhores condições de vida.
As construções nos centros urbanos exigiam a utilização de muita mão-de-obra, recrutada muitas vezes em regime de trabalho obrigatório. A necessidade de manutenção de diversas actividades exigia cada vez mais mão-de-obra assalariada, bem como a fixação de mais colonos portugueses nos centros urbanos; por exemplo, a par da construção de centros urbanos, havia a necessidade de mão-de-obra para serviços paralelos, como obras públicas, turismo, remoção de lixo, trabalho doméstico, etc. Assim, surgiram as camadas sociais de semiproletários urbanos.
No porto e caminhos-de-ferro de Lourenço Marques, por volta de 1912, o número de trabalhadores ultrapassava os 26 mil e, em 1928, era cerca de 37 mil entre africanos e não-africanos. O porto de Lourenço Marques foi o principal centro embrionário do proletariado urbano e constituía um importante em pregador dessa mão-de-obra.
Contudo, esta camada de proletariado urbano em emergência apresentava uma instabilidade acentuada, pois na sua maioria eram trabalhadores não qualificados, agrupados numa base étnica e regional.
Os salários serviam para pagar os impostos liquidados em dinheiro, para o sustento da família e para o pagamento do lobolo.
O proletariado urbano pouco a pouco vai tomando consciência da exploração e isolamento de que é alvo, o que originará greves e manifestações.
A luta do proletariado urbano
Os centros urbanos da Beira e Lourenço Marques, por serem os mais ricos em proletariado, registaram várias greves e manifestações. Contudo, mesmo na luta dos trabalhadores havia diferenças entre negros e brancos.
As principais greves dos anos 20
Ano
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Descrição da greve
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1916
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Greve do pessoal branco dos
transportes urbanos
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1917
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Greve dos ferroviários brancos
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1919
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Greve dos estivadores negros
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1920
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Greve dos ferroviários brancos
Greve do pessoal branco dos
transportes urbanos
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1921
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Greve dos estivadores negros
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1923
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Greve do pessoal branco dos
transportes urbanos
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1925
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Greve geral contra a Companhia
Majestática cia Beira
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Os exemplos mais reportados foram as greves dos trabalhadores assalariados da Beira e Lourenço Marques. A greve da Beira foi uma consequência, segundo jornais da época, da crise económica mundial que afectou Manica e Sofala. Após 1928, a baixa de cotação para os principais produtos agrícolas provocou a falência de muitas propriedades agrícolas dos colonos e despedimentos em massa dos trabalhadores das grandes plantações. Verificou-se também um declínio das exportações e importações para a Rodésia do Sul e uma redução do tráfego ferro portuário de Manica e Sofala. Esta situação ocasionou o excedente de mão-de-obra, levando a que os salários baixassem, o que preocupava ainda mais os trabalhadores.
A Companhia de Moçambique também sofreu com a crise, pois viu os seus rendimentos declinarem. Na Beira, os serviçais assalariados dos diferentes ramos de actividades insistiam em exigir a diminuição de impostos cobrados pela companhia.
A I Guerra Mundial e a crise económica e social da década 20
Com o Início da I Guerra Mundial, em 1914, os problemas económicos de Portugal começam a ser mais evidentes. O sector financeiro ressentiu-se logo e promoveu-se a desvalorização da moeda, o escudo português. Esta situação resultou no aumento do custo de vida, na queda de salários, no agravamento dos impostos, etc. Para Moçambique, registaram-se aumentos do mussoco e do imposto da palhota. Em algumas zonas do território, principalmente no Sul, estes impostos passaram a ser exigidos em libras (moeda inglesa que na altura era usada no mercado sul-africano e rodesiano), tanto ao trabalhador migrante como aos demais trabalhadores locais.
Foi neste período que se agravaram os problemas de recrutamento de mão-de-obra, fonte de obtenção das receitas em libras. A administração colonial levou a cabo acções violentas que passavam pelo aprisionamento de pessoas e rusgas nas aldeias, como forma de garantir mão-de-obra para as companhias, obras públicas e também para ingressarem nas fileiras de combate por Portugal. A I Guerra Mundial exigiu a utilização de recursos materiais e humanos dos países em confronto e também das suas colónias.
Estima-se, provisoriamente, em 100 mil o número de moçambicanos recrutados obrigatoriamente. Estes recrutados destinavam-se a engrossar o exército português, que operava no Norte de Moçambique contra as forças alemãs vindas do Tanganica.
A I Guerra Mundial era alimentada também por exércitos forçados de moçambicanos.
História de Moçambique, vol. II, p. 23
Conclusão
Embora não houvesse organizações sindicais no seio dos trabalhadores negros moçambicanos, a luta destes esteve sempre presente, manifestando-se de diferentes formas.
O objectivo principal da política e estrutura social era a exploração de recursos usando a força de trabalho local, os camponeses. A Convivência destas camadas sociais não foi pacífica, pois os camponeses mantiveram sempre a sua resistência activa contra a ocupação colonial, através de fugas maciças, revoltas, greves, etc.
Bibliografia
- BICÁ, Firoza, MAHILENE, Ilídio, Saber História 10, 1ª edição, Longman Moçambique, Lda., Maputo, 2010
- NHAPULO, Telésfero de Jesus, História 12ª classe, Plural Editores, Maputo, 2013
- Pereira, Luís José Barbosa, Pré-Universitário 12, 1ª ed., Longman Moçambique Lda., Maputo 2010
- www.escolademoz.blogspot.com
- www.aulasdemoz.com
- Aulas de Moz
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