A venda de indivíduos na condição de escravos organizada por europeus uniu a África e as Américas, da mesma maneira que a escravidão havia atraído povos africanos para a órbita islâmica. É claro que a escravidão deixou um legado de inúmeros problemas. O preconceito racial, o desdém pelo estudo da história africana, e até mesmo o desprezo pelo trabalho por aqueles que estão no topo da pirâmide econômica.
Estimulada por novos “preceitos da ciência”, como o darwinismo social, a discriminação racial se acentuou no XIX e mais de um século após a abolição da escravatura. E para agravar a situação, a população negra experimentou um processo de assimilação. A miscigenação, que se verificou desde o tempo colonial se tornou uma forma de ascensão social e inibiu movimentos de afirmação de um povo que sempre foi maioritário.
Na África, o resultado do sistema esclavagista foi devastador. Comunidades que antes conviviam pacificamente se militarizaram e travaram guerras intermináveis. Enquanto durou a escravidão, os escravos, assim “produzidos”, eram vendidos em feiras de comercio e exportados. Depois, os antagonismos étnicos entre os capturados e os captores se acentuaram, de forma que mesmo após a retirada dos últimos colonizadores, já no final do séc. XX, as guerras continuaram.
Houve mais interferências externas. O empresário inglês Cecil Rhodes, por exemplo, investiu largamente em mineração, e fundou o estado da Rhodésia, depois dividido em Rhodésia do sul e Rhodésia do norte, hoje Zâmbia e Zimbábue. Queria formar um império inglês… Mais tarde, o problema foi agravado, e generalizado, pelo fato de a África ter sido dividida em países artificiais, forjados pela régua dos burocratas da Organização das Nações Unidas (ONU) após a Segunda Guerra Mundial. Sem levar em conta a cultura local, a ONU subjugou ao tacão de líderes não reconhecidos como tal, povos com hábitos, idiomas e economias diversas.
Outras circunstâncias contribuíram para que a África chegasse ao século XXI como o continente mais pobre, injusto e desigual do planeta. Uma delas foi a introdução de mercadorias estrangeiras, ainda no tempo colonial, que provocou a ruína do sistema de produção local. O resultado dessa história milenar de exploração e injustiça são as guerras civis e a extrema pobreza em que o continente chafurda até os dias atuais.
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