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Ficha de Leitura - Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra

DADOS DO ESTUDANTE
Nome da Escola: Escola Secundária da Liberdade
Nome do estudante: _______
Nº: ___
Turma: ____
Sala: ___
Turno: Curso Noturno 

FICHA DE LEITURA
Título: Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra
Autor: Mia Couto
Editora: Editorial Caminho, SA
Ano: 2002

Dados biográficos do autor
Mia Couto nasceu na Beira, Moçambique, em 1955. Foi jornalista e professor, e é, atualmente, biólogo e escritor. Está traduzido em diversas línguas. Entre outros prémios e distinções (de que se destaca a nomeação, por um júri criado para o efeito pela Feira Internacional do Livro do Zimbabwe, de Terra Sonâmbula como um dos doze melhores livros africanos do século xx), foi galardoado, pelo conjunto da sua já vasta obra, com o Prémio Vergílio Ferreira 1999 e com o Prémio União Latina de Literaturas Românicas 2007. Ainda em 2007 Mia foi distinguido com o Prémio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura pelo seu romance O Outro Pé da Sereia. Jesusalém, o seu último romance, foi considerado um dos 20 livros de ficção mais importantes da «rentrée» literária francesa por um júri da estação radiofónica France Culture e da revista Télérama. Em 2011 venceu o Prémio Eduardo Lourenço, que se destina a premiar o forte contributo de Mia Couto para o desenvolvimento da língua portuguesa. Em 2013 foi galardoado com o Prémio Camões.

Apresentação da Obra
O retorno de Marianinho a Luar-do-Chão não é exatamente uma volta às suas origens. Ao chegar à ilha natal, incumbido de comandar as cerimônias fúnebres do avô Mariano - de quem recebeu o mesmo nome e de quem era o neto favorito -, ele se descobre um estranho tanto entre os de sua família quanto entre os de sua raça, pois na cidade adquiriu hábitos de um branco. Aos poucos, Marianinho percebe que voltou à ilha para um renascimento.Uma série de intrigas e de segredos familiares envolvem o pai do protagonista, Fulano Malta, sua avó Dulcineusa, os tios Abstinêncio, Ultímio e Admirança, e também as nebulosas circunstâncias em torno da morte de sua mãe, Mariavilhosa. O rapaz descobre também que o falecimento do avô permanece estranhamente incompleto.Trata-se de um momento de passagem, crucial para o protagonista e para o seu lugar de origem. Luar-do-Chão encontra-se num estado de abandono, decadência e miséria. Trata-se também de um impasse cultural, religioso e político, que guarda correspondência com a situação social da África de hoje.Nessa enigmática Luar-do-Chão, onde um rio armazena a memória dos espíritos e a terra sofre com feitiços arcaicos e modernos, a tarefa de Marianinho é encontrar uma forma de levar adiante uma história que, além de pessoal e familiar, na África pós-colonial é também política e de destino humano.

Resumo da Obra
Mia Couto é um dos quase favoritos da casa. Ele já apareceu por aqui, na falta de uma, com DUAS resenhas de Terra Sonâmbula e também com um ensaio.
“Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra” começa com uma morte. Nosso narrador – Mariano – recebe a notícia de que o avô está para morrer ou já morreu. Ele sai da faculdade e vai com o tio de volta para sua terra – a ilha Luar do Chão – para se despedir.
O reencontro com a família é marcado por certa tristeza dadas as circunstâncias, mas para aumentar o drama,  a avó decide passar por cima da tradição e pede a ele que organize os procedimentos do enterro causando desconforto nos presentes. Ela teme que a família entre em rebuliço por brigas motivadas por herança e ela acabe na rua como a cunhada Miserinha. Mas aí temos um agravante: não se sabe se o morto está morto de verdade porque o médico diz que acha que sentiu cheiro de veneno no hálito do morto e isso faz com que ele fique preso no limbo, de acordo com a crença local. 
As coisas mudam de figura, no entanto, quando Mariano começa a receber cartas anônimas estimulando-o a aproveitar seu tempo na casa para curar algumas feridas da família. A primeira e, talvez, mais importante é a ferida de sua relação com seu pai. Agora que seu avô morreu, esse seria um momento para que ele reavaliasse a maneira distante com que vinha se relacionando com seu pai – Fulano.
A mãe de Mariano morreu afogada e ele mudou-se para a cidade para estudar. Seu pai não foi despediu porque isso ‘é coisa de mulher’ e não mandava notícias porque acreditava que era coisa de ‘homem fraco’. Complicado. Não tinha como a relação andar muito. Mesmo quando se encontraram alguns anos depois na cidade, Mariano deixa claro que nunca sentiu que Fulano tinha qualquer tipo de afeição paternal por ele.
Mas não é só essa relação da família que anda quebrada: Fulano tem dois irmãos e os três não se dão bem. Um é muito rico – Ultímio – e só visita a cidade raramente e sempre trazendo luxos desconhecidos pois assumiu características ‘de branco’ e não consegue mais se adaptar à simplicidade local. O outro – Abstinêncio – tem inveja da riqueza desse e raiva de Fulano por ter tido coragem de lutar contra os colonialistas há muito, muito, muito tempo atrás e bebe para escapar da vida. Durante a lavagem de roupa suja da família, muitos segredos aparecem e muito perdão é necessário. 
Mia Couto começa contando uma história de morte para nos apresentar uma família que precisa renascer ou, ao menos, se reconectar.
Mais uma vez, o autor utiliza seu livro para nos mostrar um pedaço da África abandonado. Luar do chão está largada às traças. Nem colonialistas, nem quem veio depois conseguiu manter aquela terra rica e próspera. Além disso, o autor junta aqui também um pouco das crenças locais – tribais – dos africanos: o rio guarda o espírito dos mortos e a terra é passível de sofrer feitiços muito fortes. Há um respeito intrínseco pela natureza porque ela é, no fim, dona de tudo (can I get an amen?).
Mariano, que viveu muito tempo na cidade e também tem algumas manias ‘de branco’, começa a ver sua terra natal com outros olhos e, com isso, amadurece muito sua maneira de pensar em todo o sistema vigente. Há momentos que estimulam o próprio leitor a reavaliar o sistema, principalmente no tocante aos colonizadores – depois de séculos, a História toma conta de tudo e acabamos caindo naquele espaço de “bom, já passou”. Na África, no entanto, o sentimento, ou o ressentimento, parece vivo: “Que esses que diziam querer mudar o mundo pretendiam apenas usar da nossa ingenuidade para se tornarem nos novos patrões. A injustiça apenas mudava de turno”; ou ainda “É um desses que pensam que são senhores só porque são mandados por novos patrões”.

Comentários
“Já não necessito lhe escrever por caligrafada palavra. Falaremos aqui, nesta sombra onde ganho dimensão, corpo renascendo em outro corpo. Você meu neto, cumpriu o ciclo das visitas. E visitou casa, terra, homem, rio: o mesmo ser, só diferindo em nome. Há um rio que nasce dentro de nós, corre por dentro da casa e deságua não no mar, mas na terra. Esse rio uns chamam de vida.”
(COUTO, 2002, p.258)
Com esse trecho, retirado da última carta recebida por Marianinho, percebe-se que o jovem não só construiu sua identidade, como também, cumpriu sua missão de reconstruir a ilha e a família dos Marianos. Portanto, o narrador personagem, além de desempenhar o seu papel de registrar a memória e a voz da sociedade moçambicana, também contribuiu para a perpetuação da cultura de Luar-do-Chão.

Referências bibliográficas 
COUTO, Mia. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra. Portugal: Editorial Caminho, SA, 2002
www.aulasdemoz.com
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