Introdução
No dia 25 de Novembro de 1845, nasceu na província do Varzim, em Portugal, um dos maiores escritores e poetas. Trata-se de José Maria Eça de Queirós, um dos mais importantes romancistas do século XIX e é o representante maior da prosa realista em Portugal, tendo publicado várias obras que lhe levaram e o acompanharam ao sucesso. Entretanto nesta abordagem falarei da sua vida e obras. Portanto, farei a leitura da obra “O Primo Basílio”, de modo a apresentar o seu resumo, e por fim analisarei os seus elementos da narrativa.
Biografia
José Maria Eça de Queirós, nasceu em Póvoa do Varzim 1845. Passou a infância e juventude longe dos pais pois estes não eram casados. Estudou direito na Universidade de Coimbra. Ligou-se por essa ocasião ao grupo renovador chamado “Escola de Coimbra” , Responsável pela introdução do Realismo em Portugal.
Eça não participou diretamente da “Questão Coimbra” - 1865, a polêmica em que jovens defensores de novas ideias literárias, artísticas e filosóficas liderados por Antero de Quental, se defrontaram com os velhos românticos, ultrapassados e conservadores, liderados por Visconde de Castilho.
Dedicou-se ao jornalismo depois de formado, e viajou pelo Oriente. Em 1871, participou das “Conferências Democráticas do Cassino Lisbonense” – nova etapa da campanha que implantou em Portugal as novas perspectivas culturais do Realismo falando sobre o “Realismo como nova expressão da arte”.
Eça de Queirós é o representante maior da prosa realista em Portugal. Grande renovador do romance, abandonou a linha romântica, e estabeleceu uma visão crítica da realidade. Afastou-se do estilo clássico, que pendurou por muito tempo na obra de diversos autores românticos, deu a frase uma maior simplicidade, mudando a sintaxe e inovando na combinação das palavras. Evitou a retórica tradicional e os lugares comuns, criou novas formas de dizer, introduziu neologismos e, principalmente utilizou o adjetivo de maneira inédita e expressiva. Este novo estilo só teve antecessor em Almeida Garrett e valeu a Eça a acusação de galicismo e estabeleceu os fundamentos da prosa moderna da Língua Portuguesa.
Enfim, no dia 16 de Agosto de 1900 Eça morre em Paris. Deixava um episódio literário que veio a ser publicado aos poucos.
Obra
• Crime do Padre Amaro , 1876. Segunda edição refundida , 1880;
• O Primo Basílio , 1878;
• O Mandarim , 1880;
• A Relíquia , 1887;
• Os Maias , 1888;
• Uma Campanha Alegre , 1890 e 1891;
• A Ilustre Casa de Ramires , 1900;
• Correspondência de Fradique Mendes , 1900;
• Dicionário de Milagres , 1900;
• A Cidade e as Serras , 1901;
• Contos , 1902;
• Prosas Bárbaras , 1903;
• Cartas de Inglaterra , 1905;
• Ecos de Paris , 1905;
• Cartas Familiares e Bilhetes de Paris (1893 – 1896) , 1907;
• Notas Contemporâneas , 1909;
• A Capital , 1925;
• O Conde de Abranhos e A Catástrofe , 1925;
• Correspondência , 1925;
• Alves & Cia , 1926;
• O Egito , 1926;
• Cartas Inéditas de Fradique Mendes e Mais Páginas Esquecidas , 1929;
• Novas Cartas Inéditas de Eça de Queirós , 1940.;
• Crônicas de Londres , 1944;
• Cartas de Lisboa , Correspondência do Reino , 1944;
• Cartas de Eça de Queirós , 1945;
• A Tragédia da Rua das Flores , 1980.
[RESUMO] O PRIMO BASÍLIO
Jorge e Luísa formam um jovem casal pertencente à burguesia de Lisboa. Convivem com um círculo de amizades formado, entre outros, pelo Conselheiro Acácio, homem apegado a convenções sociais; Dona Felicidade, que nutre uma ardente paixão por ele; e Sebastião, o melhor amigo de Jorge.
A acção começa quando Jorge tem que viajar para o Alentejo por motivos profissionais. Durante a ausência do marido, Luísa é inesperadamente surpreendida pela visita de Basílio, seu primo e amigo de infância com quem havia trocado algumas cartas de cariz romântico. Seduzida por este, Luísa acaba por cair em adultério.
Mas, Luisa tinha uma criada, Juliana, que, rancorosa e mesquinha, ao descobrir o segredo dos dois amantes através de uma carta destes, faz chantagem, obrigando a ama a servi-la como se fosse ela a dona da casa, e exigindo pelo seu silêncio uma quantia exorbitante. A pobre senhora sujeitou-se a todas as humilhações mas não tinha tanto dinheiro. Pediu-o a Basílio, mas este, já entediado das relações com Luisa e também sem dinheiro, regressa apressadamente para França.
Com a chegada do marido, a situação complicou-se ainda mais. Luisa começa a ficar doente, abatida e sem apetite, facto que preocupa e indigna Jorge.
Luisa, já desesperada, numa tentativa de solucionar o problema, conta tudo a Sebastião, um amigo de Jorge que, com a ajuda de um polícia seu conhecido, consegue tirar a carta das mãos da criada. Esta, assustada pela inesperada interpelação, sofre um ataque cardíaco e morre. O sucedido, enche de alegria Luisa, que julga ver acabados os seus tormentos.
Mas o destino não quis que assim fosse. Basílio tinha recebido em França uma carta de Luisa a pedir-lhe dinheiro, mais uma vez, à qual decide responder muito tempo depois de a ter recebido. Nela promete enviar a quantia necessária para calar a criada. Todavia, esta carta acaba por ser lida por Jorge que, naturalmente, exige explicações à esposa.
Vendo-se desmascarada, Luisa adoece e não resiste à morte.
Após a sua morte, Jorge abandona a casa onde haviam vivido.
Algum tempo depois, Basílio volta a Lisboa e procura a prima. Ao ver a casa fechada, é informado que esta falecera. Basílio responde com uma indiferença impiedosa à notícia.
Análise Sobre os Elementos da Narrativa
Tempo
O tempo da narrativa é cronológico e a narrativa linear, ocorrendo no período de três anos do casamento de Jorge e Luísa, A ação passa no final do século XIX.
Narrador
Apresenta um narrador onisciente, que não consegue distanciar-se por completo de suas personagens. Descreve detalhes mínimos de objetos ou vestuário, colocando o leitor dentro da cena de maneira realista.
Espaço
Lisboa é o cenário da crítica de Eça de Queirós; é o espaço da sociedade lisboeta por onde transitam as personagens e onde elas expõem suas condições socioeconómicas e históricas. O Alentejo é o espaço que rouba Jorge de Luísa, deixando-a num marasmo sem fim. Paris é o cenário que devolve Basílio à Luísa, trazendo alegria e a novidade de uma vida de prazeres e aventuras.
Lisboa é por onde transitam as personagens e onde elas expõem suas condições socioeconómicas e históricas, é a sociedade portuguesa. Dentro desta cidade, a casa de Luísa e de Jorge e o Paraíso (local onde ocorrem os encontros românticos de Luísa e Basílio, um "refúgio") são os que ganham maior destaque.
Personagens
• Luísa: Representa a jovem romântica, inconsequente nas suas atitudes, a adúltera.
• Jorge: Marido dedicado de Luísa, engenheiro de minas, homem prático e simples, que contrasta com a personalidade mundana e sedutora de Basílio.
• Basílio: Dândi, conquistador e irresponsável, "bon vivant" pedante e cínico. Juliana: Personagem mais completa e acabada da obra, tem sido vista como o símbolo da amargura e do tédio em relação à profissão, por isso não detém qualquer sentimento de fundo moral.
• Sebastião: Personagem simpático que permanece fiel a Jorge e ao mesmo tempo ajuda Luísa.
• Julião: Parente distante de Jorge e amigo íntimo da casa, Julião Zuarte, assim como Juliana, representa o descontentamento e o tédio com a profissão, entretanto era invejoso e azedo.
• Visconde Reinaldo: Amigo de Basílio, era, como este, um dândi. Desprezava Portugal e os valores burgueses.
• Dona Felicidade: Amiga de Luísa, cinquentona. Apaixonada perdidamente pelo Conselheiro Acácio.
• Conselheiro Acácio: Antigo amigo do pai de Jorge, Acácio é o arquétipo do sujeito que só diz obviedades. Pudico, formal em qualquer atitude, rejeita friamente as investidas de Dona Felicidade. No entanto, vive um romance secreto com sua criada.
• Senhor Paula: Vizinho de Jorge. Junto com a carvoeira e a estanqueira, passa o dia bisbilhotando quem entra e quem sai da casa do "engenheiro".
• Leopoldina: Amiga de Luísa, casada e adúltera, tem uma má reputação, e é uma possível influência para o comportamento da Luísa.
Conclusão
Feita a longa e interessante leitura da obra “O Primo Basílio”, concluí que Eça, neste romance inovou a criação literária da época, oferecendo uma crítica demolidora e satírica dos costumes da pequena burguesia de Lisboa. Nesta obra, Eça de Queirós aborda um romance com personagens despidos de virtude, situações dramáticas geradas a partir de sentimentos fúteis e mesquinharias, casos amorosos com motivações vulgares e medíocres. Tudo isso, ao mesmo tempo em que faz críticas, desperta o interesse da sociedade de Lisboa. Eça de Queirós explora o erotismo quando detalha a relação entre os amantes. Inova também ao incluir diálogos sobre a homossexualidade ("nunca, depois de mulher, senti por um homem o que senti pela Joaninha!", confidencia Leopoldina). O autor, que já mostrara sua opção por uma literatura ácida e nada sentimental em O Crime do Padre Amaro, cria personagens fisicamente decadentes — cheios de doenças e catarros — e de comportamento sexual promíscuo.
Bibliografia
• QUEIRÓS, José Maria Eça, O Primo Basílio, Porto, Livraria Chardron, 1878
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