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Cuidados de Higiene ao Utente

Introdução
Higiene é o conjunto de conhecimentos e técnicas que visam a promover a saúde e evitar as doenças. Entre as doenças que a higiene procura evitar, estão as doenças infecciosas, contra as quais ela se utiliza da desinfecção, esterilização e outros métodos de limpeza.
Essa higiene também é essencial para os doentes, especialmente porque encontram-se fracos sem poder se auto higienizar e são as pessoas mais vulneráveis a contrair doenças por falta de uma higiene adequada. Deste modo, este trabalho visa essencialmente falar sobre Cuidados de Higiene ao Utente.

Cuidados de Higiene ao Utente
A higiene é um conjunto de meios e regras que procuram garantir o bem-estar físico e mental, promovendo a saúde e prevenindo a doença. Na vida quotidiana, satisfazemos as nossas próprias necessidades, no entanto durante o envelhecimento e durante a doença, a capacidade de nos Auto cuidarmos diminui e a carência de cuidados de higiene aumenta.
A higiene pessoal é decisiva no que respeita a fatores pessoais e ambientais que incidem na saúde física e mental dos clientes. Por este motivo, os cuidados de higiene exigem uma atitude integral e globalizante que valorize as condições físicas, psicológicas, sociais e funcionais de cada cliente.
A falta de higiene não é apenas um problema que pode interferir com a saúde. Contribui também, e de forma decisiva, para uma diminuição da autoestima e dificulta a integração social. Sublinhemos que alguns residentes podem já sentir-se diminuídos nestas áreas por negligenciarem habitualmente a sua própria higiene.
A equipa que assiste o paciente e sua família deverá realizar uma análise sistemática e contínua do plano de cuidados objetivando, sempre, um planeamento assistencial viável.
Esta realidade faz com que os pacientes, particularmente os mais dependentes, tenham uma grande necessidade de ajuda, seja parcial ou integral, para a manutenção da sua higiene corporal, integridade da pele, asseio pessoal e estética necessária para assegurar a sua dignidade e manutenção de seus papéis sociais frente a si mesmo e à família.

Questões relativas à privacidade, intimidade e sexualidade do utente
Aspectos a ter em conta na interação
Os profissionais devem assegurar o cumprimento de boas práticas na prestação de cuidados de higiene e imagem, nomeadamente, no que respeita à disponibilização de um conjunto de ajudas técnicas institucionais - ajudas técnicas / tecnologias de apoio para cuidados de higiene e imagem pessoais -, assegurando deste modo a promoção da sua manutenção e autonomia.
Na prestação dos cuidados de higiene e imagem, cada paciente tem de ser tratado com respeito pelos seus direitos e deveres, pela sua identidade, hábitos e modos de vida e ser-lhe assegurada privacidade, autonomia, dignidade e confidencialidade, sob pena de se estar a violar os direitos dos indivíduos e, consequentemente, não se garantir a qualidade dos serviços.
No caso de ajudas técnicas/tecnologias de apoio para cuidados de higiene e imagem individual, como sejam pentes adaptados, entre outros, a responsabilização pela sua aquisição é do cliente, sendo os mesmos pessoais e intransmissíveis, no sentido de salvaguardar o respeito pelas regras e condições de higiene e segurança individuais e coletivas.
A sexualidade integra os aspetos biológicos, físicos, psicossociais e comportamentais, expressos em necessidades e impulsos de masculinidade ou feminilidade em interação com outros.
O respeito pela intimidade e sexualidade do paciente deve ser preservado durante os cuidados de higiene, as consultas, as visitas médicas, o ensino, os tratamentos pré e pós operatórios, radiografias, o transporte em maca e em todos os momentos do seu internamento.

Objectivos:
Assegurar a limpeza do corpo, de modo a manter e favorecer o papel protector e secretor da pele;
Assegurar o bem-estar e uma boa auto-estima da pessoa cuidada;
Prevenir a irritação da pele;
Evitar a maceração;
Manter as mãos e unhas limpas e com bom comprimento;
Favorecer o relaxamento e a comunicação.

Higiene Corporal
Podemos definir higiene corporal como um conjunto de práticas diárias que permitem assegurar a limpeza e preservar a integridade do corpo. Estes cuidados proporcionam bem-estar físico e mental. Durante os cuidados de higiene é importante que o cuidador mantenha o diálogo com o utente para diminuir o constrangimento e promover a relação de ajuda.

Cuidados ter em conta
Cuidados Antes do Banho
Reunir o necessário: a roupa a vestir, sabonete, esponja ou luva de banho, toalhetes, toalhas – uma média para o cabelo, e outra grande para garantir a privacidade e o aquecimento adequado; champô, creme hidratante, desodorizante, escova do cabelo, secador de cabelo, fralda se necessário;
Verificar a segurança, a organização, a temperatura e a iluminação da casa de banho.

Cuidados Durante o banho
Informar o seu familiar de todas as ações, pedir a sua colaboração no que for possível, usando frases curtas e simples.
Sempre que necessário, ajuda-lo na tarefa, guiando-o com a sua mão para atingir o resultado final.
Deve-se começar pelos olhos, do exterior para o canto do olho (da parte mais limpa para a mais suja). Lavar toda a face e secar. Segue-se o cabelo, depois de enxaguado, envolve-lo. De seguida, lava-se o pescoço, as axilas, o tórax e região abdominal, as costas, os membros inferiores e pés e por último os genitais e região anal. A região genital feminina deve ser realizada de frente para trás e a masculina, deve ter início com o arregaçamento do prepúcio e com a posterior retração do mesmo.

Banho na Cama
Reúna o material necessário para o seu familiar e para o banho (acrescente duas bacias de água morna); para a cama ( lenções, fronhas, almofadas e resguardos);
Eleve a cama, se for possível para manter uma postura adequada durante a prestação de cuidados;
O seu familiar depois de estar despido, deve ser tapado com uma toalha, a qual deve ser retirada à medida que vai lavando o corpo, para não o expor na totalidade. Com o seu ente deitado de costas, lave primeiro a cara, os braços, o tronco e as pernas, com uma das bacias. A outra bacia deve ser utilizada para os órgãos genitais.
Posteriormente, e se possível, vire-o para o lado afetado, ( em caso de sequelas de AVC), sem movimentos bruscos, e lave as costas com a água da primeira bacia, bem como as nádegas.

Após o banho
Secar a pele do utente muito bem, sem friccionar, tendo atenção as dobras da pele.
Usar um creme hidratante, e hidratar toda a pele, sem esquecer a região plantar. Um creme barreira é essencial para proteger as região da fralda. Não coloque pó de talco porque tende a acumular-se nas pregas da pele. E coloque a fralda de imediato em caso de incontinência.
Nas pessoas acamadas, depois de secar a pele, deve aplicar o creme hidratante, realizando massagens, com especial cuidado, nas regiões do corpo com proeminências ósseas e de maior pressão sobre o colchão, como as costas, os ombros, as ancas, as nádegas, joelhos, calcanhares e tornozelos, de modo a prevenir feridas.
Com o seu familiar virado para o lado afetado, enrole o lençol de baixo, sujo, em direção às costas dele, colocando o lençol limpo na metade livre da cama, e prenda o lençol limpo com nós por debaixo do colchão.
Vire a pessoa para o lado limpo, retire o lençol de baixo, estique o lençol lavado e o que está dobrado.
Com o seu familiar deitado de costas verifique se a roupa da cama está devidamente esticada sem rugas. 

Higiene Oral
Uma higiene oral cuidada é essencial para impedir problemas dentários, o aparecimento de aftas, placas de secreções, e contribui para melhorar o apetite. Incentive o utente, a realizar a lavagem dos dentes e da boca pelo menos duas vezes ao dia. Se a pessoa que está a seu cargo estiver inconsciente, limpe-lhe a boca com uma gaze humedecida, em elixir oral, com a ajuda de uma espátula.
Não fazer a higiene oral do utente com ele deitado, pois existe o risco de o sufocar. Jamais coloque os dedos na boca da pessoa que cuida, em caso de confusão ou sonolência. Em caso de placas dentárias, retire-as e lave-as com pasta dentífrica adequada com uma escova de dentes em água morna.

Observações importantes
Nas mulheres e pessoas obesas é preciso especial atenção em secar a região por baixo das mamas, para evitar assaduras e micoses.
A higiene nas regiões génito-urinária e anal deve acontecer diariamente e após cada eliminação evitando assim humidade e assaduras.
O momento do banho é importante para observar e avaliar a integridade da pele, dos cabelos, unhas e da higiene oral.

Eliminação
A eliminação vesical (urina) e intestinal são condições fisiológicas básicas. Contudo, com a idade, situações de doença, imobilidade do utente ou devido à medicação, sofrem alterações que temos de acautelar.
Estar acamado implica, na maior parte das vezes, alterações a nível da eliminação. Os doentes acamados tanto podem perder o controlo sobre o funcionamento dos esfíncteres
(incontinência) como ficar com alterações do trânsito (retenção urinária, obstipação)
Isto faz com que seja difícil o doente permanecer limpo, o que, além de inconveniente e embaraçoso, também pode causar assaduras e feridas (escaras).
Nas alterações de trânsito, é importante manter uma rotina de treino. Assim, ter especial atenção com a ingestão de água e uma dieta rica em fibras (ver capitulo da alimentação), bem como incentivar a mobilidade.
Na prestação de cuidados relacionados com a eliminação, use luvas para protecção (sua e do utente).

Fralda
A fralda é um recurso útil para a situação de incontinência. Contudo, a humidade e acidez da urina/fezes revela-se também como um inimigo para integridade da pele. A fralda deve ser mudada sempre que estiver suja/molhada. Na mudança da fralda, realizar uma higiene parcial da pele, secando bem. O tamanho e ajuste da fralda devem ser adequados ao utente.

Preservativo urinário
O preservativo urinário é uma película fina de borracha, que se encaixa no pénis e ao qual é adaptado um saco colector. Existe em vários tamanhos.
Para colocar o uripen:
- Proceder à higiene dos genitais como descrito no capítulo da higiene
- Colocar o uripen como se fosse um preservativo, e deixar um espaço livre na ponta do pénis.
- Adaptar o saco colector

Precauções:
- Não deixar que fique apertado demais
- Retirar o uripen uma vez ao dia e lavar bem o pénis e uripen

Algália – Cateter urinário
O cateter urinário, ou algália, pode ser utilizado em situações de retenção ou incontinência urinária. Neste método, o cateter é mantido dentro da bexiga e a urina flui continuamente para dentro de um saco colector.
ATENÇÃO: Apesar de ser uma opção higiénica, este método constitui uma porta de entrada de microrganismos que aumenta o risco de infecções urinárias. Como tal, a decisão de utilizar um cateter urinário é exclusiva de um profissional de saúde.

Higiene das Unha
As unhas devem manter-se curtas e serem cortadas com uma tesoura ou com uma lima; Cortar as unhas das mãos de forma amendoada e limá-las se necessário. Para os pés, a unha deve ser cortada a direito.

Higiene da Cabeça
A lavagem da cabeça pode efetuar-se num momento diferente dos cuidados de higiene do corpo. Este cuidado deve realizar-se uma ou mais vezes por semana .
Se for feita na cama, posicionar o utente com as costas e os ombros apoiados por uma ou duas almofadas e a cabeça inclinada para trás protegendo o canal auditivo com compressas ou algodão.
Envolver os ombros do utente com um resguardo impermeável coberto por uma toalha.

Conclusão
Terminada a abordagem concluiu-se que a higiene corporal além de proporcionar conforto e bem-estar constitui um fator importante para recuperação da saúde. O banho, idealmente deve ser diário, no chuveiro, banheira ou na cama. Na impossibilidade de realizar banho total diariamente, opte por um banho parcial.
Antes de começar, prepare todo o material necessário e o ambiente. Na prestação de cuidados de higiene use luvas para protecção (sua e do utente).

Bibliografia
1. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 895.
2. Centro de Saúde de Fafe, Cuidados de Higiene ao Utente Ddependente, 2017
3. OLIVEIRA, Adriana Cristina (Org.). "Infecção Hospitalar, epidemiologia, prevenção e controle". 1 ed. Rio Janeiro: MEDSI/Guanabara Koogan, 2005.
4. FERNANDES, A. T. (Org.) ; FERNANDES, M. O. V. (Org.) ; RIBEIRO FILHO, N. (Org.). "Infecção Hospitalar e suas Interfaces na Área da Saúde". São Paulo: Atheneu, 2000.

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