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Lobolo

O lobolo é uma cerimónia tradicional em que a família do noivo oferece um dote à família da noiva, celebrando assim a sua união.
No Lobolo o noivo tem que apresentar musculatura financeira, mostrando à família da noiva que é capaz de tratar da filha deles e dos descendentes que surgirem da união.
A família da noiva é paga pela “perda” da filha e inclui uma multa por cada filho que tenha nascido antes. Assim, a família da noiva faz uma lista do que pretende, embora a tradição tenha vindo a mudar com o passar dos tempos e muda de família para família. A lista pode incluir refrescos, capulanas, cabeças de gado, fatos para a cerimónia, etc… Nos tempos modernos, e com o crescer da economia, pode-se ouvir falar numa boa garrafa de whiskey, computadores, carros e até casas…!Muitos noivos, naturalmente, levam algum tempo, alguns meses, senão anos até conseguir avançar.
Consomado o Lobolo, o homem fica com direito a tirar a mulher de casa e levá-la para junto da sua família. Tem peso na dignidade da mulher, pois seguindo de forma rígida a tradição, esta fica numa posição frágil, tipo objecto de pertença. É que por vezes o homem trata-a como sua propriedade, o que dá lugar a tratamentos humanos menos próprios.
No fundo, o Lobolo rege-se por 3 principais regras. É claro que com base nestas regras, há variante mais ou menos rígidas, consoante os costumes locais e rigorosidade das famílias. As regras são:

Se marido morre
A noiva pode continuar na casa do marido a cuidar dos filhos, caso este morra. Ao mesmo tempo, a família do marido fica responsável de encontrar um membro masculino da família, que possa velar pela viúva e poder ter filhos com ela.

Se esposa morre
“Se a esposa morrer ainda jovem (sobretudo se deixar filhos menores), a família dela oferece ao seu genro uma menina para cuidar de seus sobrinhos que serão agora seus filhos e ela passará a ocupar o lugar da sua falecida irmã no lar.”

Se existe divórcio
Em caso de divórcio, a mulher fica sem os filhos e o lobolo tem de ser devolvido. Ou seja, tudo o que foi gasto na lista da família da noiva e na festa, terá que ser devolvido ao noivo!
Se não houver sequer casamento, quando a mulher morre sem ser lobolada, ninguém pode enterrar o corpo. Fica sem cerimónias fúnebres. Nem o marido viúvo pode enterrar a esposa. Antes de o fazer precisa de cumprir a sua obrigação, sob pena de ser reprovado por toda a comunidade.

Bibliografia
Florêncio, Fernando. 2005. Ao encontro dos Mambos – autoridades tradicionais vaNdau e Estado em Moçambique. Lisboa, ICS.
Granjo, Paulo. 2007. “Limpeza ritual e reintegração pós-guerra em Moçambique”, Análise Social, 182: 123-144.
Granjo, Paulo. 2008. “Dragões, Régulos e Fábricas – espíritos e racionalidade tecnológica na indústria moçambicana”, Análise Social, 187: 223-249.
NHAPULO, Telésfero de Jesus, História 12ª classe, Plural Editores, Maputo, 2013
SOUTO, Améilia Neves de, Guia Bibliográfico para o Estudante de História de Moçambique, UEM/CEA, Maputo, 1996
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