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Dia da Moeda (Metical) Moçambique

Introdução
A moeda representa, para qualquer estado, um dos símbolos máximos da sua história e da sua cultura. Tem ainda o poder de revelar o grau de desenvolvimento de um país e ser, também, o barómetro das relações políticas e socioeconómicas entre nações. O Metical de Moçambique, é a moeda de Moçambique, que substituiu a moeda colonial, o Escudo de Moçambique, em 16 de Junho de 1980, data esta que comemora-se anualmente.

Dia da Moeda
O metical (ISO 4217: MZN; sigla nacional: MT), oficialmente metical de Moçambique, é a moeda de Moçambique, que substituiu a moeda colonial, o Escudo de Moçambique, em 16 de Junho de 1980 (vigésimo aniversário do Massacre de Mueda).
O nome desta moeda tem origem numa antiga “moeda”, usada no período pré-colonial, formada por ráquis de penas de avescheias de ouro em pó.
A criação do Metical representou o ponto mais alto da remoção dos símbolos da dominação estrangeira em Moçambique, cinco anos depois da criação do Banco de Moçambique, a 17 de Maio de 1975.Assim, o país passou a dispor de moeda própria para as suas transacções.
Igualmente, o lançamento do Metical marcou também a conquista da nossa soberania e independência, o materializar do sonho dos jovens de 25 de Setembro, que movidos pelo sonho de um país livre, com o sentimento do poeta de que o “sonho é uma constante da vida tão concreta e definida como outra coisa qualquer, que o sonho é vinho, é espuma, é fermento, bichinho álacre e sedento de focinho pontiagudo, que fossa através de tudo num perpétuo movimento”, partiram de armas em punho à busca da liberdade, sabendo que os colonialistas, sendo fortes em tamanho, em armas e em leis, “não sabiam, nem sonhavam que o sonho comanda a vida e que sempre que um Homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança”.

Historial
Foi uma ocasião que ninguém que passou por ela esquecerá, em que se destacou uma enorme capacidade organizativa e participativa, extremamente sigilosa, gerida na altura a partir da direcção do Partido Frelimo e do Governo, por forma a que fosse reduzida ao mínimo a chance insucessos da operação.
Houve autênticas epopeias de sacrifícios consentidos pelos jovens na época e velhos de hoje, muitos deles que já não vivem. Hoje é interessante falar das várias fases ou frentes do processo que nortearam a operação do Rovuma ao Maputo e como tudo foi desencadeado noutras partes do País.
Na altura, quantas histórias não se ouviram. O impacto em toda a população, a nível nacional, foi enorme. O pânico dos que guardavam as suas poupanças nos colchões, os sacos e sacos de dinheiro para trocar e como reagiram ao processo, os constrangimentos psicológicos, a sua abordagem no processo de troca nos balcões da banca nacionalizada, tudo isso todos sentiram na pele.
Em Tete, por exemplo, a troca e a recepção de todos os Escudos e entrega de Meticais provindos das equipas constituídas, foi feita a partir da Cidade de Tete. Esta operação foi do conhecimento antecipado do Gerente da Filial de Tete. Havia apoios por forma a organizarem-se equipas a serem integradas nas brigadas distritais chefiadas maioritariamente por Directores Provinciais do BM. A coordenação da operação a nível nacional envolvia o Governo, a Administração do Banco de Moçambique, o Serviço Nacional de Segurança Popular e a Força Popular de Libertação de Moçambique.
No dia 15 de Junho 1980, um domingo, foram convocados e concentrados em locais pré-definidos todos os elementos das equipas para estudo dos documentos e impressos a serem utilizados no período da troca de moeda. Uma tipografia escolhida para a produção dos impressos foi selada com os operários lá dentro pela tropa durante dois dias, tendo os empregados que dormir no chão, as suas famílias ansiosas pelo que se passava. As restantes pessoas convocadas não tinham conhecimento prévio do que se passava e a apreensão sentia-se naturalmente. Havia tropa por todos os lados para proteger os valores em circulação e a logística. À meia-noite desse domingo, dia 15 de Junho de 1980, todos ouviram na emissão nacional da Rádio Moçambique o discurso do Presidente, Samora Machel à Nação, em que se revelou o objecto das movimentações. Samora Machel formalmente decretou o fim de circulação da moeda em Escudos e a introdução do Metical como moeda de circulação nacional.
A designação da moeda - o Metical - deriva do nome de uma moeda de troca utilizada nas transacções entre as populações em partes de Moçambique algumas centenas de anos antes (aparentemente uma pitada de ouro aluvial enfiada na parte oca de uma pena de ave).
Findo o anúncio presidencial (formalizado nas Leis 2 e 3/80) foram então dadas as instruções a todas as equipas. Durante a noite, fizeram-se os preparativos.
Às sete horas da segunda feira seguinte, dia 16 de Junho de 1980, arrancou o processo junto das populações, algumas das quais haviam sido avisadas previamente pelas estruturas locais da Frelimo. Todas as brigadas estavam já no terreno (nas cidades, distritos, localidades) já prontas para a operação, que consistia em trocar, nos caixas e nos locais de troca, apenas o equivalente, em Meticais, de cinco contos. Assim, cinco mil Escudos de Moçambique colonial (Moçambique tinha as suas próprias notas e moedas, diferentes de Portugal “continental”) dava cinco mil Meticais - que, por tradição, o povo continuou a até hoje a chamar “cinco contos”. Para os restantes Escudos que as pessoas tinham em sua posse, era passado um recibo de entrega do valor, que seria creditado em conta após averiguação da sua proveniência, o que em muitos casos era assunto considerado muitíssimo problemático para quase toda a gente com algum dinheiro, dadas as circunstâncias sociais de “vigilância revolucionária” e possibilidade de acusações de sabotagem, traição, etc. O saldo na conta do titular era automático.
Naturalmente que houve imensos problemas. Houve pessoas, principalmente comerciantes mais abastados da diáspora asiática, que mandavam os seus empregados e familiares trocarem os tais cinco contos, como forma de contornar as restrições e não dar nas vistas. Houve brigadas que, à boleia de carroças de bois com sacos de dinheiro, enfrentaram animais selvagens, leões e elefantes principalmente. Houve o caso de dois cidadãos em Angónia que morreram de ataque cardíaco porque não se recordavam aonde haviam enterrado o seu dinheiro. Houve sacos de dinheiro novo esquecido nos comboios em Mutarara e que acabaram sendo resgatados na Beira. Houve desvios, algumas pessoas penalizadas pelo aproveitamento ilícito da situação.
No entanto, consideraram-se satisfatoriamente concretizados os três grandes objectivos estratégicos: trocar a moeda sem grande impacto no quotidiano das populações, evitar-se a introdução de moeda falsa no processo de troca, e retirar-se a capacidade de manobra a indivíduos ou grupos considerados opostos ao processo em curso e supostamente detentores de vultuosas quantias em notas do tempo colonial, que estariam a utilizar em esforços de desestabilização (o sucesso aqui foi relativo: pouco depois o governo de Ian Smith entregava via Lancaster House o poder a Robert Mugabe e a África do Sul já na era do “Grande Crocodilo” - Pieter Willem Botha - passou a apoiar esses esforços, com as consequências que se conhecem).
Nessa altura houve muita gente boa que, a troco de nada, e face às dificuldades que então havia, aderiram com evidente sentido de patriotismo nesta que foi uma das operações pós independência mais sigilosas, bem organizadas e provavelmente mais bem sucedidas.
Exactamente um ano depois, em 1981, o General Alberto Chipande, em farda militar solene, liderou uma cerimónia simbólica do “enterro” do escudo colonial, incinerando perante uma audiência e um fotógrafo da “Tempo”, uns largos maços de notas de Escudos dentro de um caixão - que hoje, ironicamente, renderiam dezenas de milhares de Euros nas feiras numismáticas em Portugal.
A troca do escudo pelo Metical foi uma das várias reformas que na altura foram efectuadas pelo Governo moçambicano para alterar a ordem estabelecida pela administração colonial portuguesa, em vários domínios. Algumas dessas reformas foram forçadas pela saída dos portugueses sendo uma das mais importantes, no domínio da economia monetária, como acima referimos, a criação do Banco de Moçambique, a 17 de Maio de 1975, ano da independência, em substituição do Banco Nacional Ultramarino (BNU), instituído pelo governo colonial e que definia nessa altura as regras da política monetária do país.
Segundo dados históricos, a designação “Metical” para a moeda nacional tem origem numa unidade de peso, que era usada nas transacções comerciais em Moçambique no período pré-colonial. Um Metical correspondia a 4,83 gramas de ouro em pó e era transportado no interior do cano de uma pena de pato depois de se tapar as extremidades com cera de abelha.
Recordar que uma das grandes tarefas do Banco de Moçambique, poucos anos depois do seu nascimento, foi mesmo a substituição da moeda colonial pelo Metical, uma operação que foi levada a cabo com grande sucesso e em curto espaço de tempo pelos moçambicanos.
A partir daí, o Metical começou a desempenhar as suas funções, servindo como meio de troca para a aquisição de bens e serviços que satisfaçam as necessidades e desejos das pessoas e servindo também como reserva financeira, impulsionando o nosso sistema financeiro.

Nova família
A partir de 1 de julho de 2006 entrou em circulação em Moçambique a nova moeda do país, o Metical da Nova Família, que tem o valor da denominação anterior dividida por mil, ou seja 1000 MZM = 1 MZN. A 31 de dezembro de 2007, as notas da "antiga família" saíram de circulação e a sigla nacional do metical passou a ser simplesmente MT.
De realçar que, na semana do Metical, o Banco de Moçambique lançou uma nova série de notas, com a assinatura do novo governador do Banco, Rogério Zandamela. As novas notas entraram em circulação no Dia do Metical.
A circulação desta série será simultânea com as séries de 2006 e 2011, que ostentam as assinaturas dos anteriores governadores, nomeadamente, Adriano Maleiane e Ernesto Gove, não havendo, por isso, um processo de troca nem data-limite de circulação das notas das séries 2006 e 2011.

Conclusão
No fim deste presente trabalho, conclui que o dia 16 de Junho tem dois significados: primeiro, comemora-se o dia da Moeda, pois foi neste dia que o presidente Samora Machel anunciou a criação da nossa Moeda. Também celebra-se o dia da criança africana. Por isso, temos a missão de ensinar às crianças os seus direitos e desafios ao nível do continente. 

Bibliografia
www.escolademoz.com
www.aulasdemoz.com
1. O NASCIMENTO DE UMA IMAGEM Mueda, Memória e Massacre, de Ruy Guerra (1979), acesso em 31 de julho de 2016.

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