A sua chegada às regiões costeiras do actual território de Moçambique, tanto os árabes como os portugueses foram recebidos com grande hospitalidade pelas populações que as habitavam. Isto foi possível enquanto os navegadores estrangeiros não utilizaram as armas e o seu poderio para as, dominar e explorar.
A partir da altura em que se tornou claro que estes eram os seus objectivos, a luta de resistência dos antepassados do nosso povo passou a ser constante.
Apesar das alianças que estabeleceram com as classes dominadas, os invasores tiveram sempre que enfrentar a oposição da grande maioria da população e de muitos dos seus dirigentes. É a este facto que nos referimos quando falamos na resistência secular do povo de Moçambique contra a ocupação estrangeira e a exploração.
Estudámos já a forma como, em 1569, um forte exército composto por 750 soldados portugueses, utilizando as mais modernas armas da época e que tinha como objectivo subjugar o Monomotapa, foi derrotado com ataques constantes das populações que viviam ao longo do caminho que seguiam. O seu chefe foi morto e os poucos sobreviventes obrigados a fugir em desordem. Esta foi a primeira grande vitória do nosso povo contra o domínio colonial.
Vimos também como Changamira dirigiu o seu povo contra os portugueses, atacando as suas feiras defendidas por unidades militares e levando à bancarrota todo o comércio estrangeiro na região.
Por seu lado, os Barué derrotaram os portugueses por duas vezes, em 1690 e 1776.
Ainda antes do período de ocupação efectiva definido pela Conferência de Berlim, outros factos históricos comprovativos da resistência secular do nosso povo podem ser referidos.
Entre muitos outros, merece ser salientada a resistência oposta pelos Tongas à ocupação dos prazos. Derrotados em fins do século XVII e obrigados a integrar-se naquele sistema, eles não deixaram nunca de criar as maiores dificuldades à sua implantação no vale do Zambeze onde, com frequência, se verificaram revoltas camponesas.
Mais recentemente, no princípio do século XIX, as atrocidades cometidas pelos governadores de Cabo Delgado levaram a população desta região a revoltar-se. Os chefes Muane, Cherejo e Movera, dirigiram essa revolta. De 1800 a 1810 os portugueses não conseguiram lá penetrar. Finalmente, organizaram uma grande expedição militar, com muitas armas de fogo e, integrando os árabes de
Quitongonha como aliados. conseguiram vencer aqueles chefes.
Em 1896, os Namarrais, aliados aos Maraves e aos Matibanas, derrotaram os portugueses na batalha de Mugenga. Só mais tarde o Estado Namarral foi ocupado, quando o chefe Mocuto-Muno e os seus sucessores foram obrigados a submeter-se à coroa portuguesa.
Após 1885, e para seguirem a norma ditada pela Conferência de Berlim sobre a ocupação efectiva de Moçambique, os portugueses lançaram grandes campanhas militares para submeterem o povo moçambicano à sua dominação.
Desde os primeiros tempos dessa «ocupação efectiva» de Moçambique, verificou-se o aumento dos movimentos de resistência em diversos pontos do Pais. As populações manifestavam-se de várias maneiras: recusavam-se a pagar impostos, não respeitavam as autoridades portuguesas e não permitiam a penetração dos comerciantes no interior. A este tipo de resistência, chamamos resistência passiva.
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