A resistência activa tomou a forma de levantamentos armados. A resistência activa, juntamente com as novas normas de ocupação decididas na Conferência de Berlim, levaram o governo português a iniciar as Campanhas de Ocupação que designaram como «campanhas de pacificacão».
Os portugueses utilizaram vários métodos de opressão, nestas campanhas.
As expedições punitivas e o suborno de alguns chefes corrompidos, foram os mais utilizados. Depois destas expedições, veio a implantação pela força da administração colonial portuguesa.
A resistência dos diferentes Estados africanos, fracassou totalmente porque não tinha unidade. Os chefes tribais limitavam-se à defesa dos interesses locais, que por vezes se chocavam com os interesses dos Estados ou tribos vizinhos.
So entre 1885 e 1902. os portugueses lançaram 15 grandes campanhas militares contra as populações do vale do Zambeze.
Em resposta a isto, algumas tribos uniram-se contra o inimigo comum, sob a direcção de alguns chefes tribais, como por exemplo Chisinga, da tribo Macanga.
É igualmente o caso da aliança entre os Barué e o Monomotapa, que combateram juntos durante 16 anos antes de serem vencidos pelos colonialistas.
Apesar destes casos, deve-se notar que as divisões entre as tribos facilitaram a vitória dos portugueses.
Esta vitória foi também alcançada devido ao armamento tecnicamente superior dos colonialistas.
Com a derrota do povo do vale do Zambeze, começa uma nova fase de colonização intensiva e de resistência local.
Começa também a imposição do chibalo, do imposto obrigatório (Mussoco), a utilização do chicote e a monocultura.
A resistência popular passou então a caracterizar-se pelo ataque aos símbolos do colonialismo ou aos seus agentes directos como, por exemplo, os cipaios. Essa resistência teve várias formas:
Resistência no dia a dia: Diminuição no ritmo de trabalho, como resposta aos maus tratos dos colonialistas.
Grupos organizados: Eram grupos que fugiam do trabalho e se organizavam para atacar postos administrativos ou cipaios e que queimavam as aldeias que colaboravam com o inimigo. Os camponeses consideravam estes combatentes como heróis, dando-lhes apoio, refúgio e comida.
Entre estes grupos, devemos salientar o exemplo notável do chefe Mapondera. A sua fama era tão grande. que havia quem acreditasse que ele tinha poderes sobrenaturais e mágicos no corpo. Todos os seus antepassados tinham fama de agitadores e rebeldes. Começou a sua actividade quando tinha vinte anos e consultavam-no sempre que havia problemas. A princípio, ele tinha boas relações com os portugueses, com quem negociava em marfim. Mais tarde, um incidente em que os portugueses maltrataram a população da sua aldeia, colocou-o definitivamente do lado do povo, onde lutou durante 15 anos contra o invasor.
- Emigração: Uma outra forma indirecta de resistência foi a emigração para os países vizinhos. Calcula se que, entre 1900 e 1910, fugiram mais de 50 OUO pessoas para a colónia inglesa da Rodésia.
- Revoltas camponesas: Verificaram-se diversas revoltas contra os ocupantes portugueses. em que os camponeses. devido ao ódio acumulado, destruíam lojas e armazéns. matavam cipaios e destruíam plantações. Estas acções não eram planificadas, duravam pouco e eram esporádicas.
Nestas acções, os camponeses atacavam e fugiam para a sua aldeia, onde ficavam isolados, sem contacto com outras aldeias.
- - Rebeliões: Distinguem se das revoltas porque já têm objectivos mais avançados.
Pretendiam o fim do colonialismo para restabelecerem a sociedade feudaltradicional que existia antes de chegarem os colonos.
Os chefes tribais, ao verem que cada vez tinham menos poder, provocavam essas rebeliões para tentarem restabelecer o seu domínio.
Conhecem-se pelo menos três rebeliões de grande amplitude, nos anos de 1896, 1897 e 1904. A primeira no Monomotapa e as duas últimas dirigidas pelos chefes Shona.
Todas essas rebeliões foram esmagadas pelos portugueses.
Houve outra rebelião importante em 1917, na região do Zambeze. As suas causas fundamentais, foram:
- Aumento do trabalho forçado quando, entre 1915 e 1917, os portugueses resolveram abrir uma estrada entre Tete e Massequece e recrutaram pela força 10 000 trabalhadores com essa finalidade;
- Aumento de abusos com as mulheres e as crianças;
- Recrutamento massivo (10000 homens) para lutar contra os alemães. numa guerra com a qual os moçambicanos não tinham nada a ver. Cerca de 80% desses recrutados morreram em combate durante o primeiro ano;
- Estabelecimento da (,Companhia de Moçambique» a quem foi atribuída esta zona (Zambeze) para o cultivo obrigatório do algodão.Uma característica importante desta rebelião foi o facto de ela ter surgido entre o próprio povo, que assim ultrapassou a autoridade de alguns chefes tribais. Demasiado comprometidos com o colonialismo, estes tinham-se recusado a dirigir a luta. Foi o que sucedeu, por exemplo, com os chefes do Monomotapa e do Barué.
Esta rebelião também foi sufocada, devido à grande superioridade técnicomilitar dos colonialistas portugueses.
Outros casos de resistência activa contra a ocupação efectiva e a exploração colonialista portuguesa foram. porém, dirigidos pelos chefes tribais.
Por exemplo, em 1899, no Niassa, onde o chefe Mataca era senhor de imensos territórios e como tal reconhecido pelas populações que o habitavam. Tentando aliá-lo ao governo português, o Governo-Geral da colónia enviou-lhe emissários corri propostas e ofertas nesse sentido. O chefe Mataca recusou-se e mandou matar esses emissários. Dirigindo o seu exército, ele preparou-se para fazer frente às represálias, mas uma expedição fortemente armada derrotou-o e reprimiu cruelmente as populações que lhe eram fiéis.
Também por essa altura o sultão de Angoche, Mussa Quanto e, depois. o seu sucessor Fareley, levantaram-se contra a administração portuguesa. Aliando-se em fins do século XIX (19) com os chefes Namarrais, Maraves e Nhapacos de Angoche, eles derrotaram os portugueses. Somente em 1910 Fareley foi vencido e preso.
No Barué rebentou em 1902 uma grande rebelião dirigida pelo Macombe. que se estendeu até à região de Gorongosa.
No Sul, e principalmente devido à repressão cometida pelos governadores, entre os quais Dionísio Ribeiro, revoltaram-se diversos clãs Ronga. Dirigidos pelos seus chefes. o clã Zixaxa e outros atacaram Lourenço Marques, matando aquele governador.
www.aulasdemoz.com
Enviar um comentário
Enviar um comentário