Os primeiros bantos a atingir o sul de Moçambique seguiram uma rota próxima do litoral. A preferência por esta via devese, sem dúvida, aos condicionalismos do meio ambiente: maior pluviosidade ao longo da costa, sobressaindo numa região interior árida ou semiáriada, sem cursos de água permanente, infestada de glossinas e outras mortíferas doenças tropicais.
Elsdon-Dew, baseado em pesquisas serológicas, concluiu que os Chopes e os Cocas de Inhambane constituíam o mais arcaico povo não-bosquimanóide que até então havia estudado na África Austral. Daí ter inferido que os seus ascendentes faziam parte dos primeiros grupos bantos que se espalharam pelo subcontinente.
No que concerne as provas linguísticas, o estudo de L. W. Lanham defende que, qualquer que seja a origem do grupo conhecido por «Banto Sul-Oriental» — que inclui os idiomas dos Angunes, Vendas, Tsongas e (Bi)Tongas— o grau de diferenciação entre os dois últimos seria tão pronunciado que se pode afirmar terem os povos que falavam (Gi)Tonga efectuado em data mais recuada a sua separação do núcleo original, espalhando-se pelo litoral desde a margem esquerda do Save até ao Limpopo. Embora reconheça afinidades sónicas, léxicas e morfológicas entre o Chi-Chope e o (Gi)Tonga termina por propor que se considerem línguas isoladas e distintas dentro da zona sul-oriental.
H. Ph. Junod considera importante relembrar que termos como Thonga, Tsonga, Tonga, Djonga, Ronga, Urronga, cujo uso se veio a vulgarizar, tiveram, de início, um significado meramente geográfico (o Levante) e foram empregados por povos instalados a ocidente para designar os localizados a 'oriente. Pretenderam, assim, distinguir as populações, tão estranhas, que já encontraram fixadas ao longo do litoral. Seria pura coincidência a semelhança destes, termos com amahlonga, escravos, designação depreciativa dada à população do Sul do Save (com excepção dos Chopes) pelos arrogantes conquistadores angunes do século passado.
De harmonia com as tradições orais, entre os traços culturais dos mais antigos habitantes do litoral incluíam-se o uso do arco-flecha como arma principal, a manufactura de cordoagem, vasilhame e mantas de córtice e, em matéria de mutilações ornamentais, a limagem ou fractura dos dentes incisivos, o botoque labial feminino e as profusas escarificacões cobrindo a face e o corpo. Cultivavam a mapira e a mexoeira. Criavam galináceos e gado miúdo. A sua organização social orientar-se-ia no sentido clânico e matrilinear.
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