A população do País é predominantemente rural. Em 1980, 73% da população total residia nas áreas rurais enquanto que a restante morava nas 12 cidades consideradas urbanas. Só a capital do País, Maputo, acolhia 48% do total da população urbana, o que demonstra um padrão de distribuição muito heterogéneo.
Este padrão de urbanização é confirmado pelos dados do IDS97, que estimam que 76% das mulheres entrevistadas vivem nas àreas rurais e 24% nas àreas urbanas.
A população concentra-se predominantemente nas faixa litoral do país. As Províncias de Zambézia e Nampula que ocupam um quarto da superfície do território, agrupam quase 40% da população total.
De acordo com os resultados preliminares do Censo de 1997, a região Norte apresenta a densidade demográfica mais baixa de todas as regiões (17.4 hab./km2). A região Centro é a mais extensa do País, apresenta uma densidade demográfica intermédia (20.0 hab./km2). Finalmente, a região Sul, com a menor extensão territorial, apresenta a densidade demográfica mais elevada de todas as regiões (23.0 hab./km2).
A distribuição territorial da população em Moçambique tem conhecido nos últimos anos, profundas alterações, devido a diversos factores conjunturais de carácter social, político e económico, dinâmica produtiva e ambiental. Esta distribuição é em geral de carácter disperso nas zonas rurais e concentrado nas zonas urbanas.
Em 1980, a população considerada urbana isto é vivendo nas 12 cidades era de 1.5 milhões de habitantes; ou seja, de 13.2%, contra 86.8% das zonas rurais. Em 1991, os 12 centros classificados como cidades, passaram a ter uma população de 2.5 milhões de habitantes. Comparando este valor com cerca de 1.5 milhões de 1980 observa-se um crescimento de 994.894 habitantes para um período de 11 anos, o que equivale a uma taxa média de crescimento anual na ordem de 4.5%.
Contudo, na década de 90 a distribuição espacial foi influenciada por um conjunto de factores conjunturais que alteram o desenvolvimento normal da distribuição geográfica da população. Entre estes factores conjunturais adversos, a guerra foi um dos principais, associados à fraca rede de infra-estruturas sociais e económicas, principalmente no meio rural, tornando-o extremamente repulsivo, enquanto que os espaços urbanos transformaram-se em centros mais seguros e atractivos.
No meio urbano, a distribuição territorial da população vai progredindo no sentido duma maior concentração à medida que nos aproximamos do centro urbano. Assim, a população residente nas faixas peri-urbanas ostentam características de sociedade rural que se misturam com formas económico-sócio-culturais urbanas.
A população urbana em Moçambique tem conhecido um crescimento considerável, embora tenha sido inicialmente lento em comparação com outros países africanos. Em 1950, a população urbana de Moçambique era 6 vezes inferior à media africana cifrada em 14.5%, mas em 1980 atingiu 13% contra 27% de África, o que equivale a apenas metade do continente.
Considerando as tendências actuais do crescimento da população urbana até ao ano 2020, Moçambique poderá atingir cerca de 15 milhões de habitantes urbanos, isto é, quase metade da população do País nesse ano. Por outro lado, considerando o crescimento de agregados familiares procurando habitação, até ao ano 2020 esta procura poderá atingir cerca de 174.2 mil novos casos. Este crescimento da população tem sido acompanhado de vários problemas relacionados com o saneamento, habitação educação, criminalidade e outros males socio-económicos e culturais.
Sendo crescente a população urbana no País, a qualidade de vida urbana terá um peso importante na análise das condições de vida da população do País em geral. Isto afectará sobretudo as condições de vida, sobretudo em termos de habitações, electricidade, esgotos e saneamento do ambiente.
Outro aspecto importante na distribuição espacial da população é a pressão que a grande concentração populacional causa sobre os recursos naturais. Como consequência deste fenómeno, verifica-se a intensificação da erosão do solo e perda da sua fertilidade, o que pode afectar o nível de segurança alimentar. Por outro lado, pouca terra fica disponível para os cultivo, utilizando-se desta maneira até as encostas íngremes e não aptas para o cultivo e habitação. Sabe-se que cerca de 59% da população vive nas zonas costeiras. Na província de Gaza por exemplo, os distritos costeiros ostentam o triplo de população dos distritos do interior.
O processo de urbanização tem implicações significativas nas características demográficas da população e dos agregados familiares. Assim, há necessidade de se tomar em consideração o rápido crescimento da população urbana nas políticas económicas e sociais nacionais e, em particular, evitar que o mesmo originem sérios problemas sociais e políticos nas zonas urbanas.
Do mesmo modo, se não forem tomadas medidas tendentes à reposição e ampliação da rede de serviços sociais em particular pequenas e médias empresas com vista a criação emprego nas áreas rurais, o fenómeno migratório poderá continuar a afectar a economia do País.
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