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O Lobolo em Moçambique

O lobolo pode ser entendido como um casamento costumeiro e recorrente no Sul de Moçambique, uma prática tradicional que envolve o Kulovola (significa dar bens à família da noiva para realizar uma união reconhecida entre os parentes do noivo e os parentes da noiva).

Casamento
O estritamente de laços familiares que caracterizam a base de estabelecimento e desenvolvimento das sociedades fundamenta-se através de aspectos legais socialmente aceitáveis, com o destaque para o casamento. O casamento é uma instituição social que visa estabelecer vínculos de união estáveis entre o homem e uma mulher baseados no reconhecimento do direito de prestações recíprocas   de comunhão de vida e de interesses, segundo as normas das respectivas sociedades.

A ideia da compra da noiva fere os ideais culturais, sendo necessária uma análise contextual específica desta prática. Contudo, esta ideia acontece normalmente em sociedades de pequena escala onde a mulher realiza maior parte dos trabalhos domésticos e agrícolas e representando um bem valioso que a sua ligação a um laço de afinidade requereria uma espécie de indemnizarão.
O lobolo ou Lovoloe as instituições afins de compensação matrimonial são hoje um tema quase tradicional em antropologia, tendo merecido diferentes interpretações. Foram entendidos como um dom (Mauss, 1954; Strathern, 1988), a compra das capacidades reprodutivas da mulher (Evans-Pritchard, 1931; Gluckman, 1950; Fallers, 1957; Gray, 1960; Fortes, 1962; Goldschmidt, 1974) e a garantia da possibilidade de aquisição de outras mulheres pelo grupo social dador (Lévi-Strauss, 1969).

Interpretações de autores como Boserup (1970), Gough (1971) e Goody (1976) demonstram a inter-relação entre o estatuto da mulher, a divisão do trabalho social, as formas de casamento e as formas de produção. Meillassoux (1982) defende que as compensações matrimoniais permitem o controlo dos mais idosos sobre as gerações mais jovens, enquanto Kuper (1982) sugere que servem de mecanismo de transferência de recursos.

Dados históricos apontam para modificações significativas na maneira como o lovolo foi realizado ao longo do tempo em Moçambique. No período pré-colonial, o lovolo era realizado com «esteiras e objectos de vimes»(JUNOD, 1996; 254-256).

Com o início do comércio costeiro foram introduzidos novos objectos. Frei João dos Santos, missionário em Moçambique no fim do século XVI, reporta que «cafres de estas terras compram as mulheres com que casam a seus pais ou mães, e por elas lhe dão vacas, panos, contas, ou enxadas, cada um segundo sua possibilidade e segundo a mulher».

O caso da Zona sul
A fim de entender o processo de casamento, do qual o lobolo faz parte, importa realçar que, actualmente, este inclui três fases principais, cada uma subdividida em vários acontecimentos. A primeira consiste na apresentação da intenção do noivo de criar um laço com uma mulher, realizada por parentes e amigos, num encontro chamado hikombela mati. Nesta ocasião, ou após esta cerimónia, os familiares da noiva dão aos representantes do noivo um documento no qual são especificados os pedidos para o lovolo.
Após alguns meses ou anos, dependendo da capacidade do noivo para adquirir os presentes, o lovolo é realizado. A noiva passa, assim, a fazer parte do grupo do marido e o noivo é um mukon’wana, um genro. Tanto a cerimónia de hikombela mati como a do lovolo são realizadas por representantes do noivo e da noiva. Geralmente, são parentes próximos, como os tios e tias paternos e maternos e os irmãos e irmãs. São igualmente incluídos vizinhos, conhecidos da igreja ou amigos, seleccionados pela sua capacidade de argumentação.

Realizado o lovolo, o casal vai viver com os familiares do noivo ou numa residência independente. A noiva é levada pelos seus familiares para a nova casa numa cerimónia chamada xigiyane. Durante o xigiyane, os pertences da noiva e os presentes da sua família acompanham-na (estes são, geralmente, vestuário e utensílios domésticos). Actualmente, nas áreas urbanas é comum as pessoas combinarem o lovolo com o casamento civil e/ou religioso », sendo o xiguiyane realizado após estas cerimónias.

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