A decadência política e económica do Monomotapa e a ameaça constante do Estado Rozwi, fez com que o comércio português perdesse rapidamente a sua importância inicial e descesse até aos mais baixos níveis de sempre. Isto obrigava os comerciantes a procurar novas fontes de riqueza e, deste modo, vão desenvolver o comércio de escravos, a escravatura.
Por volta de 1645, já os colonos portugueses e alguns sultãos árabes vendiam moçambicanos como escravos. Estes seguiam para a Arábia, Golfo Pérsico, Índia e, mais tarde, para as ilhas do Oceano Índico e para o Brasil. O Brasil era também uma colónia portuguesa, onde existiam grandes plantações de cana-de-açúcar e cacau, cultivadas inicialmente por escravos idos de Angola e da Guiné.
O comércio de escravos aumentou no litoral moçambicano após 1735. Nessa data os franceses apoderaram-se das ilhas do Oceano Índico. Aí estabeleceram grandes plantações de especiarias, baunilha, cravo da índia e pimenta, utilizando mão-de-obra escrava.
Mais tarde, quando a venda de escravos diminuiu na costa ocidental de
Africa, a partir de 1810, milhares de moçambicanos foram vendidos para as plantações do Brasil. Eles seguiam em barcos que demandavam as nossas regiões costeiras com essa finalidade, acorrentados aos grupos e amontoados nos porões. Devido às terríveis condições em que se realizavam estes transportes, muitas dezenas morriam durante a viagem.
A venda de africanos como escravos foi condenada por muitos países a partir do século XIX (19). Apesar disso, os esclavagistas ofereciam dinheiro aos governadores e funcio nários portugueses para que permitissem e nada revelassem deste comércio indigno.
Os missionários eram também subornados para esconderem este comércio e, em muitos casos, praticavam-no também. Os prazeiros foram os principais instrumentos do comércio de escravos. Umas vezes usavam a violência militar e o massacre. Outras, utilizavam os chefes e reis tribais que, para enriquecerem, eram capazes de venderem os seus próprios irmãos.
Em Moçambique calcula-se que, até 1850 (altura em que a escravatura foi oficialmente proibida), tenham sido levados mais de 20 000 escravos por ano. No entanto. o comércio clandestino de escravos continuou a realizar-se pelo menos até 1910.
Como aconteceu em todo o continente africano, os antepassados da grande maioria da actual população de Moçambique sofreram muito com a escravatura.
As populações do litoral da zona de Macuana, de Inhambane e de Cabo Delgado, foram as mais afectadas.
www.aulasdemoz.com
Enviar um comentário
Enviar um comentário