Conceito de linguagem
A linguagem é o uso organizado e combinado de palavras para fins de comunicação, principalmente, do pensamento. Para o autor, a linguagem tem carácter universal, pertence à espécie humana, o que possibilita que as pessoas sejam capazes de dominar e usar um sistema linguístico bastante complexo.
A utilização da linguagem possui dois aspectos: um de produção e um de compreensão. Produzir linguagem significa partir de um pensamento que de alguma maneira é traduzido numa oração e expressado através de sons. Compreender parte da audição de sons, atrelar significado a estes sons na forma de palavras que consistem na criação de uma oração para posteriormente extrairmos significados dela. Ambos aspectos compõem o processo de aquisição da linguagem e apresentam os níveis da sintaxe, da semântica e da fonologia, que envolvem, respectivamente, as unidades de oração, a transmissão de significados e os sons da fala.
Contudo, é importante salientar que a linguagem não consiste apenas na comunicação e transmissão de ideias pelas palavras, que são cruciais no desenvolvimento cognitivo, mas também na comunicação não-verbal, isto é, em gestos e as acções, movimentos que expressam emoções sociais.
A linguagem é o que permite ao homem a comunicação com outros e também é a forma de elaborar seus pensamentos, idéias, fazer planejamentos, entre tantas outras funções. A linguagem é um instrumento de comunicação e de conhecimento, é social e individual e nasce da necessidade que temos de nos comunicar. Na psicologia se torna fundamental observar a comunicação verbal e a não-verbal que nos dá outras informações a respeito do que esta acontecendo com o paciente.
Tipos de linguagem
Linguagem verbal é aquela que faz uso das palavras para comunicar algo, expressas oralmente ou através da escrita.
Linguagem não-verbal é aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que não são as palavras. Dentre elas estão a linguagem de sinais, as placas, sinais de transito, a linguagem corporal, uma figura, a expressão facial, (gestos, mímica, atitudes, objectos); sinais sonoros e sinais tácteis.
Características da linguagem
Linguagem pode se referir tanto a capacidade especificamente humana para aquisição e utilização de sistemas complexos de comunicação, quando a uma instância específica de um sistema de comunicação complexo.
- Universidade ou seja, é uma faculdade humana universal;
- Função de comunicação entre os membros de uma determinada comunidade social;
- Carácter abstracto, a linguagem é uma abstracção, pois consiste numa operação mental através da qual os seres humanos se comunicam entre si e promovem a análise do real.
Relação entre o pensamento e a linguagem
A linguagem sistematiza a experiencia direita da criança e serve para orientar seu comportamento, propiciando-lhe condições de ser tanto sujeito como objecto desse comportamento. Sendo assim, a linguagem tanto expressa o pensamento da criança, quanto age como organizadora desse pensamento.
A função organizadora da linguagem emigre da relação entre a fala e acção, no momento em que as duas se deslocam, assim com a ajuda da fala, as crianças adiquem a capacidade de ser tanto sujeito como objecto de seu próprio comportamento.
Na fala o pensamento e linguagem se articulam, formando o pensamento verbal, sendo o biológico reelaborado a partir do sócio-histórico. Isto é, a linguagem se modifica a partir dos estímulos.
Para Piaget, diz que a fala esta subordinada ao pensamento, é fruto da organização dos esquemas sensório-motor. Aqui a falar e pensamento estão subordinados a maturação de funções inatas.
A linguagem é social, portanto, sua função inicial é a comunicação, expressão e compreensão. Essa função comunicativa está combinada com o pensamento. A comunicação é uma espécie de função básica porque permite a interacção social e, em simultâneo organiza o pensamento.
O pensamento, seja qual for a sua forma de realização, ele é impossível sem a linguagem, visto que é através da linguagem que temos a possibilidade de exteriorizar o nosso pensamento.
O pensamento influencia a linguagem, uma vez que, quanto mais qualidade tiver o nosso pensamento, consequentemente maior qualidade terá a nossa linguagem.
Importância da linguagem no (PEA)
Tendo em vista a função social da linguagem que, por meio dos signos, estabelece a comunicação e viabiliza o ato de interacção entre os homens, faz-se necessário que os professores tenham conhecimentos sobre seu desenvolvimento e sua relação com o pensamento a fim de organizarem o trabalho educativo. A linguagem verbal é instrumento que opera o pensamento e desempenha papel fundamental no processo do desenvolvi- mento humano, o qual começa no seio da família e se estende para outros espaços sociais, como a escola.
É a educação formal que viabiliza as condições socioeducativas necessárias para a realização da apropriação dos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade, entre eles, os conceitos científicos. O professor usa a linguagem para ensinar, o aluno aprende por meio da linguagem e o pensamento se materializa nas palavras, sejam elas ditas ou escritas. Assim, a linguagem, em suas modalidades oral e escrita é o elemento central do desenvolvimento da consciência humana e da relação entre o homem e o mundo que o circunda.
A aprendizagem e a linguagem são indissociáveis. Através da linguagem e de suas diversas formas de comunicação verbal e não verbal (olhares, gestos, e movimentos), o s alunos interagem uns com os outros e com o mundo que os rodeia, produzindo conhecimento.
O professor deve proporcionar condições para que os alunos possam dialogar, duvidar, discutir, questionar e compartilhar saberes. A sala de aulas deve ser um lugar onde há espaço para transformações, para a diferença, para o erro, para as contradições, para a colaboração mútua e para a criatividade.
O PEA é concebido como um processo global de relação interpessoal, e que para desenvolver de forma efectiva esta ralação é indispensável a comunicação que só é possível graças à linguagem.
Estágio do desenvolvimento da Linguagem
1º - Sensório-motor (0-2 anos)
Neste período o bebe percebe um mundo e actua nele ouve, coordena as situações vivenciados juntos com o comportamento motor simples, juntando o sensorial a uma condenação primaria, o bebe desenvolve o mundo através do sue desenvolvimento corporal, neste período o bebe desenvolve a capacidade de reconhecer a existência do mundo, o objecto só existe se estiver em seu alcance o mundo é ela.
2º - Pré-operatório (2-7 anos)
É durante este estágio que a criança desenvolve a inteligência representativa, ligada à aquisição da linguagem. Ela desenvolve a capacidade de representar qualquer coisa por meio de outra coisa, isto é, um significado qualquer (objecto, acontecimento) por meio de um significante diferenciado que só servirá para essa representação: linguagem, gesto simbólico, imagem mental.
O principal progresso desse período em relação ao sensório-motor é o desenvolvimento da capacidade simbólica. Nesta fase a criança já não depende unicamente das suas sensações, de seus movimentos, mas já distingue um significador (imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele significa (objecto, ausente), o significado.
Nesse período caracteriza-se com o aparecimento da linguagem, a criança vai ter contacto com as outras crianças.
Exemplos: na escola, onde vai permitir o desenvolvimento da inteligência e do pensamento.
A criança cria imagem do objecto que lhe traga prazer.
Quando ela entra dentro da coisa e imagina que é carro.
Características do período pré-operatório
Egocêntrico (2-4 anos)
As acções ou preocupações da criança estão centrada em si mesmo, sendo indiferente aos demais. A criança é incapacidade de se colocar do ponto de vista do outro.
Intuitivo (5-7 anos)
Centralização e descentralização a criança focaliza apenas uma dimensão do estímulo (ou atributo), centralizando-se nela e sendo incapaz de levar em contra mais de uma dimensão ao mesmo tempo.
Estados e transformações, o pensamento pré-operacional é estático e rígido. A criança fixa impressões de estados momentâneos, mas não consegue juntar uma totalidade de condições sucessivas em um todo coerente e integrado em que leve em conta as transformações que unificam essas partes isoladas.
Desequilíbrio, o período pré-operacional é um estagio em que há um desequilíbrio, e as acomodações predominam marcadamente sobre as assimilações.
Irreversibilidade, refere-se a incapacidade da criança entender que certos fenómenos são reversíveis, isto é, que quando fazemos uma transformação, podemos também desfaze-la e reinstaurar o estado original.
Raciocino transidutivo, a criança usa um tipo de raciocínio que Piaget chama de transdutivo, isto é, ela chaga as conclusões partindo do particular e chegando ao particular, enquanto que o adolescente ou adulto usa o raciocínio dedutivo (do geral para o particular) ou indutivo (do particular para o geral).
3º - Pré-operatório concreto (7-11anos)
Este é um período que se caracteriza por um tipo de pensamento que demostra que a criança já possui uma organização assimilativa rica e integrada, funcionando em equilíbrio.
A criança começa a realizar operações mentais correctos e lógicos, capacidade de interiorizar acções e começar a forma-se possível.
4º - Pré-operatório formal (12 anos em diante)
Neste estagio a criança já é capaz de resolver problemas a respeito de todas as relações possíveis entre eventos. O adolescente, nessa fase, já é capaz de pensar em termos abstractos de formula.
Em diante neste período a criança é capaz de realizar operações mentais dentro do princípio da lógica.
Aquisição e desenvolvimento da Linguagem: Contribuição de Piaget, Vygotsky e Maturana
Após toda essa explanação referente ao processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem nas perspectivas de Piaget, Vygotsky e Maturana, interessa ressaltar o ponto de convergência entre esses autores, o que não significa, entretanto, desconsiderar os demais aspectos de suas teorias, os quais são imprescindíveis para a convergência aqui em destaque.
Contribuição de Piaget
A base da inteligência e para o exercício da actividade da função simbólica, o período do estágio sensório-motor é de suma importância visto que nesse momento um indivíduo executa acções sobre o meio que traduzem motivo em necessidade, a qual é expressa através de novas acções num constante processo de reajustamento e equilibração que se torna cada vez mais complexo. Isso é o que vai possibilitar o aparecimento da linguagem e tornar as estruturas de pensamento cada vez mais refinadas.
É visível que, para Piaget, o papel da linguagem é acessório na construção do conhecimento, pois as raízes do pensamento estão na acção e nos mecanismos sensório motores, mais do que no fato linguístico; da mesma maneira que o jogo simbólico faculta a possibilidade de se representar individualmente o mundo, “a linguagem transmite ao indivíduo um sistema todo preparado de noções, de classificações, de relações, enfim, um potencial inesgotável de conceitos que se reconstroem em cada indivíduo, apoiados no modelo multissecular já elaborado pelas gerações anteriores”. A linguagem é uma condição necessária, mas não suficiente para a construção das operações lógicas. Os verdadeiros mecanismos de passagem de um estado de desenvolvimento a outro são os processos de abstracção empírica que se realizam sobre os objectos e, sobretudo, as abstracções via pensamento que se aplicam às acções e a suas coordenações. Assim, a linguagem constitui uma organização, ao nível representativo, dos progressos realizados pela abstracção via pensamento, mas não pode engendrar uma nova operação cognitiva.
A linguagem tem origem a partir do estágio sensório-motor, quando a função simbólica passa a exercer sua actividade: dar ao sujeito, à criança a capacidade de representação de objectos, acções e palavras. Através de uma concepção de desenvolvimento baseada na génese do conhecimento, esse autor assegurou que a origem do pensamento antecede à linguagem com suas funções, formas e características. Por esta razão, a aquisição da linguagem só é possível quando as condutas sensório-motor as passam às acções conceitualizadas por meio da socialização e dos progressos da inteligência pré-verbal com a interiorização da imitação na forma de representação. (PIAGET, 1967).
Contribuição de Vygotsky
Ainda que tenha feito claras críticas às construções de Piaget acerca do processo em análise nesse trabalho, sobretudo no que concerne ao método de investigação, também aponta a importância das acções no curso do desenvolvimento da linguagem, porque, segundo ele, o uso de instrumentos (acção, percepção tátil e visual) está directamente relacionado (ou condicionado) ao funcionamento da fala, os quais se associam e dão origem a novos e complexos comportamentos.
A linguagem humana, sistema simbólico fundamental na medição entre sujeito e objecto de conhecimento, tem, para Vygotsky, duas funções básicas: a de intercâmbio social e a de pensamento generalizante. Isto é, além de servir ao propósito de comunicação entre indivíduos, a linguagem simplifica e generaliza a experiência, ordenando as instâncias do mundo real em categorias conceituais cujo significado é compartilhado pelos usuários dessa linguagem. Ao utilizar a linguagem para nomear determinado objecto estamos, na verdade, classificando esse objecto numa categoria, numa classe de objectos que têm em comum certos atributos. A utilização da linguagem favorece, assim, processos de abstracção e generalização. (OLIVEIRA, 1992)
Contribuição de Maturana
A aquisição e desenvolvimento da linguagem ocorrem através da actividade recursiva e consensual entre integrantes de comunidades que mantém um histórico recorrente de interacções, nas quais têm origem referentes, significados, a capacidade de fazer distinções, a cognição. Em outros termos, são as actividades colectivas com que um indivíduo se envolve que os possibilita adquirir e desenvolver linguagem por meio de gestos, sons e coordenações consensuais de acções, que por sua vez, se passam a ser recorrentes e recursivas, viabilizam a existência dos processos e eventos mentais.
Quando a criança começa a desenvolver a linguagem, ela aprende a falar sem obter símbolos, transformando-se no interior do ambiente de convivência constituído por suas interacções com os cuidadores (a mãe e o pai) e com os demais adultos e crianças que compõem seu mundo. Este ambiente de convivência culmina numa história que promove mudanças no corpo da criança, seguindo um percurso contingente com esta história. É interessante salientar que a emoção além da ênfase dada à linguagem, nesta perspectiva, é destacada porque a realização humana acontece pela emoção. Essa emoção é demonstrada pelo bem-estar do indivíduo em conversar com outro, o que faz com que a emoção esteja entrelaçada com a linguagem. (COSTAS, 2002).
Segundo Grupo, Desta forma, diante do que foi exposto nessa breve discussão das perspectivas de cada autor, é interessante considerar e enfatizar que para Piaget, Vygotsky e Maturana as acções possuem papel essencial para aquisição e desenvolvimento da linguagem, sobretudo por elas constituírem-se fundamentalmente por emoções e afectividade decorrentes ou proporcionadas pelas e desde as primeiras interacções e experiências de um indivíduo com outros indivíduos (geralmente por seus cuidadores) e com o mundo em que vive ao longo de todo seu desenvolvimento, já que é pela emoção (identificada em si mesmo, em outros indivíduos e até em animais), que o homem constrói sua história, a qual promove mudanças no próprio corpo e no curso das acções desempenhadas, e cuja expressão se dá na e através da linguagem, o recurso psíquico tipicamente humano por meio do qual as experiências das relações estabelecidas são organizadas.
Bibliografia
- ATKINSON.R. L. et al, Introdução à psicologiade Hilgard, 13. Ed, Porto Alegre: Artmed, 2002.
- BENVENISTE. E, problemas de linguagem geral são Paulo: pontes, 2008.
- COSTAS. F, et al, o processo de construção da linguagem a partir dos aportes de Piaget e Maturana, Centro de Educação, Santa, 2002.
- LEONTIEV.A, Actividad, Conciencia y personalidade, Editorial Pueblo y Educación, Habana, 1983.
- MATURANA.H, Cognição, ciência e vida cotidiana. Org. e Trad. Cristina Magro, Victor Paredes, Belo Horizonte: Ed. UFMG. 2001.
- OLIVEIRA.M. K, Dantas, Heloysa. Piaget, Vygotsky, Maturana: teorias psicogenéticas em discussão, São Paulo,1992.
- PAPALIA.D. E, e Olds, S. W, Desenvolvimento humano, 7. ed. Porto Alegre: Artmed. 2000.
- PIAGET.J, et al, Teorias da Linguagem Teorias da Aprendizagem, Lisboa, Edições 70, 1967.
- VYGOTSKY.L, Pensamento e linguagem, V. N. Gaia, Estratégias Criativas, 2001.
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