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Identidade Cultural Moçambicana

A cultura pode ser definida como aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e habilidades adquiridas pelo homem como membro da sociedade.

Cultura é o conjunto de práticas, de técnicas, de símbolos e de valores que devem ser transmitidos às novas gerações para garantir a convivência social. Mas para haver cultura é preciso antes que exista também uma consciência coletiva que, a partir da vida cotidiana, elabore os planos para o futuro da comunidade. Tal definição dá à cultura um significado muito próximo do ato de educar. Assim sendo, nessa perspetiva, cultura seria aquilo que um povo ensina aos seus descendentes para garantir sua sobrevivência.


A cultura de qualquer sociedade consiste na soma total de ideia, relações emocionais condicionadas a padrões do comportamento habitual que seus membros adquiriram por meio de uma instrução ou imitação e de que todos, em maior ou menor grau, participam.

Intende de cultura é a autoridade das relações e actividades mentais e físicas que caracterizam o comportamento dos indivíduos que compõem um grupo social.

Os ritos de iniciação à vida adulta
A história que nos é contada em Balada de Amor ao Vento tem como circunstâncias uma esta de circuncisão de jovens/meninos já tornados homens. Trata-se de uma cerimónia tradicional, de cariz iniciático, praticada em Moçambique e, provavelmente, em toda África desde tempos imemoriais. Os ritos de iniciação, de passagem e de casamento, praticados nestas cerimónias caracterizam a história deste povo. As cerimónias envolvem candidatos jovens, sobretudo adolescentes, com o objectivo de os educar e instruir para a vida de adulto e de os preparar para servirem a sociedade. Como afirma Bernardi, “o candidato é instruído para tomar parte activa na vida social. Por essa razão, no período da iniciação, ensina-se-lhe, sob a orientação de mestres, as tradições e os segredos da comunidade”.

Em Moçambique, a circuncisão é uma das formas de iniciação dos rapazes para a vida adulta, logo que estes atingem a maturidade fisiológica para tal. Assim, os jovens (meninos e meninas) somente são considerados adultos se tiverem cumprido os rituais exigidos pelas tradições da comunidade. Nesta perspectiva, a menina iniciada nestes ritos, após a primeira menstruação, torna-se mulher; enquanto o menino circuncidado, após os primeiros sinais de desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, se torna homem. Pelo facto de estes rituais fazerem parte dos usos e costumes do povo moçambicano, os jovens têm consciência do significado primário destes ritos: ser mulher e ser homem.

A partir do momento em que os jovens passam por estes ritos de iniciação sentem-se aptos para a prática de relações sexuais, sem que os mais velhos se aborreçam por isso5. Porém, uma das consequências destas relações, que, às vezes, ocorrem de forma prematura, pois muitas jovens, apesar de passarem por 17 estes ritos, ainda não estão preparadas para a maternidade, é que eles se precipitam para o casamento antes de terem discernido sobre o seu futuro. Contudo, sabe-se ainda que a força da cultura, sobretudo da família, onde elas vivem acaba por se impor de forma irresistível, condicionando a vida das jovens e o seu destino futuro.

Família
Família é um grupo social caracterizado pela residência comum, com cooperação económica e reprodução.
Define se família como um grupo doméstico no qual os pais e filhos vivem juntos. Ainda para BEALS & HOIJER, a família é um grupo social cujos membros estão unidos por laços de parentesco.

Parentesco e sociedade
O parentesco é o conjunto das relações que resultam de consanguinidade (real ou simplesmente afirmada) ou da aliança por casamento. Os sistemas de parentesco são de natureza social e não biológicos: são parentes de uma dada sociedade aqueles que consideram como tais, quer isso coincida ou não com realidade biológica. É como se os homens, para resolverem os problemas com que se deparam, tivessem posto alguma ordem nas relações com os seus semelhantes, classificando-os. Parentes, aliados e estranhos têm valores diferentes. No interior de grupo de parentes distinguem-se varias classes: os pais, os irmãos, os primos, entre outras classes. É o parentesco que garante a inserção de um individuo num ou em vários grupos de solidariedade e de proteção.
Os sistemas de parentesco, as regras de casamento e de filiação, formam um conjunto ordenado cuja função é assegurar a permanência de grupos sociais, entrecruzado, com um tecido, as relações consanguíneas e as relações baseadas na aliança.


O átomo do parentesco
Segundo a teoria de aliança apresentada por Lévi-Strauss, o átomo de parentesco ou elemento de parentesco consiste na estrutura de parentesco irredutível a qualquer outra forma mais elementar. Segundo o autor, esta estrutura de parentesco implica a existência de três tipos de relações familiares sempre dadas em qualquer sociedade humana: uma relação de consanguinidade; uma relação de aliança; uma relação de filiação. Segundo esta teoria, um homem para adquirir uma esposa terá de ter uma filha ou irmã para dar em troca, como esposa, ao homem que deu a sua. Se a filha ou irmã na existir, a conclusão de troca será diferida mais tarde. Para Lévi-Strauss, na sociedade humana, um homem só pode obter uma mulher de um outro homem que lhe cede sob a forma de filha ou de irmão.

O avunculato
O avunculato consiste numa relação particular entre o tio e a filha de irmã. Esta relação corresponde ai conjunto de direitos e obrigações que o tio materno tem para com o filho da irmã, assim como o tio de tratamento que é reconhecido entre eles. Embora a modalidade de relação avuncular possa variar muito de sociedade em sociedade, geralmente o tio da autoridade sobre o sobrinho, ao qual transmite os seus bens; inversamente o pai exerce a autoridade não sobre os seus filhos mas sobre os filhos da sua irmã a quem transmite os seus próprios bens. Este tipo de relação parental, é geralmente presente nos sistemas matrilinear, mas não unicamente, é dada uma explicação fundadora na teoria de aliança a presentada por Lévi-Strauss.
A importância do tio materno remete, por sua vez, para relação com filho da sua irmã, fortemente característica dos sistemas matrilinear, e nos quais o tio uterino se substitui à autoridade do pai e as limitações de transmissão patrimonial da mãe. A teoria da aliança insiste na proibição do incesto e na sua universalidade de procura de cônjuge fora de grupo de parentesco consanguíneo mais próximo. Assim os irmãos, e irmãs não podendo esposar-se entre si, terão de procurar cônjuge num grupo mais ou menos próximo. Esta exogamia de grupo explicaria o princípio fundador da sociedade. Alem disso, a aliança matrimonial ao ser praticada com vizinhos potencialmente adversos ou fortemente inimigos permite criar as condições necessárias para o restabelecimento de boa vizinhança e paz.

O levirato e o Sororato
O levirato consiste na obrigação que uma mulher tem em casar com irmão do seu marido falecido. Com efeito, quando um homem morre, a viúva torna-se esposa de irmão mais novo do defunto e permanece na mesma família. Os filhos nascido neste novo casamento não serão considerados filhos do genitor mas do defunto considerado como pai social. Em certas sociedades poligâmicas, quando um homem morre os filhos partilham entre si as esposas deste, com excepção da sua própria mãe. Sublinhado assim a qualidade de pertença da esposa ao grupo social do marido, tanto quanto possível com um dos irmãos deste, sobretudo se tiver filhos, dado este deverem ser criados nas terras do seu pai falecido.

Na modalidade inversa ao levirato, o sororato consiste no princípio segundo o qual quando a esposa morre, o seu grupo de parentes de origem tem a obrigação de fornecer uma outra em substituição da primeira. Sobretudo, nos casos em que as circunstâncias do falecimento foram obscuras e a mulher sendo jovem não tenha deixado a esperada progenitura. Ou ainda no caso em que não tendo falecido é no entanto uma esposa estéril. Em qualquer destas situações, uma irmão mais nova de referida esposa pode substitui-la e os filhos nascidos da união serão considerados filhos da primeira esposa.


Exogamia e endogamia
Qualquer sistema de parentesco pressupõe uma forma de proibição do incesto. A regra de exogamia que obriga os homens de um grupo de parentes a casarem-se fora deste grupo, é uma expressão social alargada da proibição de incest.

A exogamia fixa-se em termos de grupos uma interdição que a proibição do incesto se limita a formar em termos individuas.

Qualquer sociedade é, em simultâneo, exógama e endógama. As regras de casamento interditam sempre um círculo de parentes, é a regra exogâmica. Mas recusam também reconhecer a possibilidade de casamento fora de um grupo definido por determinados critérios: raça, etnia, condições sociais, casta, religião. É a regra da endogamia.

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