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O Processo de Diagnóstico Psicopedagógico

Os fundamentos e os aspectos, pedagógico e psicopedagógicos gerais de um diagnóstico psicopedagógico na óptica do sujeito que constrói sua aprendizagem. As diferenciações na construção, desconstrução e análise dos estudos propostos a nível de intencionalidade e de individualidade.

Origem do termo diagnóstico
O termo diagnóstico origina-se do grego diagnóstico e significa discernimento, faculdade de conhecer.
Para conhecer são analisados os aspectos, as características e as relações que compõe um todo que seria o conhecimento do fenómeno, utilizando para isso processos de observações, de avaliações e interpretações que se baseiam em nossas percepções, experiências, informações adquiridas e formas de pensamento. É um processo no qual se analisa a situação do aluno com dificuldades dentro do contexto da escola, da sala de aula.

Principais influências e modelos
A Psicologia, assim como o desenvolvimento de suas práticas de avaliação psicológica, foi, ao longo da história, influenciada por duas principais tradições filosóficas: o positivismoe o humanismo.

O positivismo, corrente filosófica que tem Augusto Comte como principal representante, defende o conhecimento objectivo, por meio da neutralidade científica e da experimentação. Essa corrente de pensamento fundamenta o método científico adoptado pelas ciências naturais que foi, durante muito tempo, considerado “o modelo de ciência”. Na óptica positivista, o homem pode ser estudado como qualquer outro fenómeno da natureza, ou seja, pode ser tomado como um objecto de estudo observável e mensurável.

Apoiam-se nessa tradição as práticas de avaliação psicológica, identificadas com os modelos médicas e psicométrico, que caracterizam a primeira fase de actuação profissional do psicólogo práticas que valorizam o uso dos testes psicológicos, a eficiência e a objectividade do diagnóstico como forma de garantir a cientificidade da psicologia.

O modelo médico influenciou enormemente as práticas de avaliação psicológica, principalmente no início da expansão da Psicologia, quando os psicólogos actuavam, basicamente, como auxiliares do médico no diagnóstico diferencial de psicopatologias. Preocupados em avaliar com objectividade, para indicar o tratamento mais eficaz, os psicólogos incorporaram às suas práticas de avaliação características do modelo de diagnóstico médico, tais como: a ênfase nos sintomas, o uso da classificação nosológia e o emprego de testes (exames), para identificar determinadas características patológicas da personalidade do indivíduo.
Essa forma de pensar teve um papel marcante no desenvolvimento de uma Psicologia humanista, influenciada por vertentes teóricas ligadas principalmente à Fenomenologia e à Psicanálise que enfatizam a subjectividade, a intencionalidade, o sentido e o significado das experiências (e dos sintomas), o inconsciente e a relação entre sujeito e objecto de estudo. Entre suas principais influências, estão Heidegger e Freud (FIGUEIREDO, 2004).

Contrapondo-se à visão reducionista da vertente positivista, a Psicologia humanista buscava uma compreensão global do homem, na apreensão do mundo e do seu significado. Sob esse influxo, passou-se a questionar os modelos de avaliação classificatória, baseados apenas nos testes psicológicos (estruturados e padronizados). Outras práticas de diagnóstico, mais identificadas com a Psicanálise e a Fenomenologia, foram surgindo dentro do chamado modelo psicológico, que deu origem ao psicodiagnóstico e a outros procedimentos de avaliação, como as entrevistas diagnósticas, com ou sem o uso de testes ou técnicas (estruturadas ou não) de investigação da personalidade.

O psicodiagnóstico inaugurou uma nova visão da avaliação psicológica, diferente da realizada pelos “teólogos” da Psicometria. Ao adoptar uma perspectiva clínica, mais identificada com a teoria psicanalítica ou fenomenológica, distanciou-se da preocupação com a neutralidade e a objectividade, passando a enfatizar a importância da subjectividade e dos aspectos transferenciais e contra transferenciais presentes na relação. E o uso dos testes passou a ser complementado com outros procedimentos clínicos, com o objectivo de integrar os dados levantados nos testes e na história clínica, para obter uma compreensão global da personalidade.

Fundamentos de um diagnóstico escolar
Um diagnóstico psicopedagógico engloba o professor, o aluno e o conhecimento contextualizado na escola, especificamente na sala de aula, lugar onde se constatam e se priorizam as aprendizagens sistemáticas tendo como pano de fundo a instituição escolar.

Os fundamentos de um diagnóstico também revelam um tempo, um lugar e um espaço que é dado para aquele que aprende e para aquele que ensina.

Historicamente a prática educativa e a prática Psicopedagógica são derivadas das distintas teorias de aprendizagens que sustentam as concepções diferentes em relação à tríade: professor, aluno e conhecimento.

Consideramos o aluno como um sujeito que elabora o seu conhecimento e sua evolução pessoal a partir da atribuição de um sentido próprio e genuíno às situações que vivem e com as quais aprende. Já o lugar do professor é o lugar daquele que gerencia o processo da aprendizagem. Sua principal acção é mediar o objecto do conhecimento.

É necessário também compreender os processos educativos, curriculares, os aspectos organizacionais, estrutural e funcional, bem como todos os elementos envolvidos no processo ensino aprendizagem. Nesse sentido o diagnóstico é sempre uma hipótese diagnóstica.

Aspectos gerais de um diagnóstico psicopedagógico
Aprender é incorporar os conhecimentos. É um saber pessoal.
A ideia de diagnóstico nos remete ao que significa ensinar e aprender, pois deriva da concepção que temos de sujeito da aprendizagem e a aprendizagem do sujeito.

Desta significação os lugares distintos ocupados pelo professor e pelo aluno em relação ao conhecimento contextualizado pela escola é o lugar de aprender e de ensinar e que dinamizam a prática educativa.

Um ponto importante para se perceber este processo de constituição do sujeito se dá através da questão dos limites. Muitas vezes a queixa escolar e a produção da criança gira em torno da dificuldade em aceitar as normas e o formalismo necessário para construir determinados conteúdos académicos. Outras vezes é a dificuldade em aceitar os erros e o esforço que a aprendizagem demanda, ou seja, é o jogo da aceitação dos próprios limites.
Nesta dialéctica do ensinar e do aprender, qual o lugar do psicopedagogo? Qual sua intervenção?
O eixo principal da questão do diagnóstico sobre o aprender repousa nas dimensões do aluno, do professor, e dos níveis inter-relacionados na acção educativa, ou seja, Sociopolítico, Pedagógico e Psicopedagógico.

O sociopolítico inclui a própria organização da escola como instituição destinada a ensinar ou a produzir fracassos dos alunos conforme sua classe social.

Portanto, o diagnóstico deve ser encarado como busca constante de saber sobre aprender sendo o fio condutor que norteará a intervenção psicopedagogia.

Quando falamos em diagnóstico, pensamos logo em análise, porém só podemos analisar algo se pudermos encontrar o que estamos analisando. Por esta razão quando dizemos que estamos fazendo um diagnóstico tem que saber o que estamos diagnosticando, para que estamos diagnosticando e por que diagnosticar.

O diagnóstico serve para a psicopedagogia como a rede para o equilibrista, isto é, é apenas uma segurança, mas que estaremos no trapézio enquanto fazemos o diagnóstico.

Quando iniciamos um atendimento psicopedagógico, precisamos que o educando consiga reconhecer que algo está faltando, principalmente quando estamos atendendo criança, adolescente ou pais encaminhados pela escola.

Sempre que pensamos em diagnóstico psicopedagógico temos que saber ouvir o que o outro tem a dizer, não podemos ter respostas prontas, não existe um caso igual ao outro, existem situações, que com a experiência conseguimos fazer a pergunta mais apropriada para aquele momento.

Outro fato importante é que a questão do diagnóstico psicopedagógico não seja apenas um rótulo, mas que possa visar os aspectos positivos.

Sempre que vamos fazer um diagnóstico temos que nos propor a conhecer a pessoa por inteiro, temos que entender como ela aprende.

O olhar e a escuta Psicopedagógica deverá ter como objectivo verificar como o educando está aprendendo e o que está dificultando o desenvolvimento de suas potencialidades. Só assim poderemos intervir de maneira adequada. É olhar a queixa trazida, pelos responsáveis, pelo professor, pelo próprio sujeito, para o atendimento psicopedagógico com os olhos de Psicopedagogo: um olhar transdisciplinar, construído.

Esta construção precisa partir do que já se sabe; do conhecimento anterior. É construir o presente visualizando o passado com os olhos no futuro. É este o olhar psicopedagógico.

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