INFORMAÇÕES
DO ALUNO
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Nome da
Escola
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Escola Secundária da Liberdade
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Nome do Aluno
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Turma:
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Nº
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Sala:
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Nome do
Professor:
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Magavel
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Turno
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Curso Nocturno
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INFORMAÇÕES DA OBRA
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Autora
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Título da Obra
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O Sétimo Juramento
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Editora
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Data de lançamento
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2000
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Nº Páginas
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268
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INFORMAÇÕES DA AUTORA
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Biografia da
autora
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Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou
Linguística em Maputo, mas não concluiu o curso. Actualmente vive e trabalha
na Zambézia. Ficcionista, publicou vários contos na imprensa (Domingo, na
«Página Literária», e na revista Tempo). Publicou o seu primeiro romance,
Balada de Amor ao Vento, depois da independência (1990), que é também o
primeiro romance de uma mulher moçambicana. "Ventos do Apocalipse",
concluído em 1991, saiu em Maputo em 1995 como edição da autora e foi
publicado pela Caminho em 1999. O "Sétimo Juramento" e
"Niketche" foram publicados em Portugal em 2000 e 2002,
respectivamente. "Balada de Amor ao Vento" é o seu quinto romance.
Afirma: "Dizem que sou romancista e que fui a primeira mulher
moçambicana a escrever um romance, mas eu afirmo: sou contadora de estórias e
não romancista. Escrevo livros com muitas estórias, estórias grandes e
pequenas. Inspiro-me nos contos à volta da fogueira, minha primeira escola de
arte."
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INFORMAÇÕES DA OBRA
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Descrição
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O sétimo juramento,
obra que aqui estuda-se, é uma narrativa que remete-nos a um contexto do
Moçambique pós-colonial, mas, sobretudo, pósguerra que durou 16 anos, entre
Renamo e Frelimo. Na altura, a população moçambicana era extremamente pobre,
não obstante a existência de uma pequena burguesia sustentada pelo
apoderamento dos recursos do povo, pelo saque dos bens deixados pelo
colonialismo português e pelo abuso do poder. Na sua grande maioria era
composta por combatentes da luta de libertação nacional; um contexto em que o
catolicismo herdado do colono ainda era fortemente dominante e a economia
nacional era totalmente débil. Sobre o espaço onde decorrem as cenas narradas
destaca-se que corresponde, hoje, à cidade de Maputo, onde vivia o casal
protagonista, portanto a extremidade da civilização europeia em Moçambique, e
Mambone, um distrito que pertencia à província de Inhambane, e que atualmente
pertence à província de Sofala, conhecido pela famade ser a terra dos
feiticeiros mais temidos, e que representa a extremidade da resistência à
cultura europeia.
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Apresentação do romance e suas personagens.
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O romance O sétimo
juramento transcorre no final da guerra civil, em um clima de desencantamento
com a independência: ―À ilusão de um amanhã melhor há muito murchou, por isso
o Msaho3 morreu em Zavala. [...] As palavras poder, revolução, soam como
maldição, nos ouvidos ensurdecidos pela violência das explosões em nome da
democracia‖ (CHIZIANE, 2000, p. 11). O personagem principal da narrativaé o
diretor de uma fábrica chamado David da Costa Almeida e Silva, no entanto,
seu primeiro nome é de origem africana: Magalule Machaza Cossa, um homem
maduro e experiente. O diretor possui mais de quarenta anos e ocupa uma
posição de destaque e poder na sociedade moçambicana, representada no
romance. O narrador em terceira pessoa, onisciente, ao narrar a história vai,
pouco a pouco, fazer emergir na narrativa as mulheres com quem David se
relaciona evidenciando, dessa maneira, a tradição da poligamia de uma forma
muito velada. As mulheres sempre são portadoras de forças atuantes nas
narrativas de Chiziane, noromance em evidência, elas estão, em sua maioria,
ligadas ao diretor. A personagem Vera, a primeira esposa de David, filha de
umaprostituta que não conheceu o pai, ascendeu socialmente por intermédio do
marido: ―Sou filha de ninguém e neste momento não tenho ninguém. Sou filha de
um pai cujo nome não figura nas pedras da vida. Sou filha de uma prostituta
reformada e jamais conheci o meu pai. De onde venho eu? Nem eu sei‖
(CHIZIANE, 2000, p. 202). Sua segunda esposa, Mimi, é explorada sexualmente
pela dona de um prostíbulo, tia Lúcia. Mimi por ser jovem e virgem é
oferecida ao diretor por um bom preço. A terceira mulher, a secretária
Cláudia, embora apresente certa independência financeira, pois é a única que
tem uma profissão, é, do mesmo modo, dependente de David, engravidando dele.
A filha Suzy é usada por ele em suas feitiçarias para atingir seus intentos,
em um ritual incestuoso. Também sua mãe, a avó Inês, protagoniza a cena na
qual revela o envolvimento da figura paterna nos rituais de magia negra. A
única que não está sob sua mercê é a feiticeira Moya, a guardiã nguni dos
espíritos na natureza. Feiticeira que ajuda Vera, ao proteger seu filho
Clemente doutrinando o jovem na aprendizagem da magia. Fato esse que terá
grande influencia no final da narrativa. No universo ficcional de Chiziane,
várias temáticas dicotômicas são recorrentes: oralidade – escrita; tradição –
modernidade; rural – urbano; interdito – permitido; sobrenatural – natural.
No romance em questão, presencia-se a (re)visitação das crenças autóctones, o
inconsciente coletivo banhado por um imaginário ancestral de medos, forças e
poderes adquiridos em rituais secretos da tradição, assim comoa poligamia:
―Tenho muito dinheiro. Farei dela segunda esposa. Serei um polígamo, sou
polígamo a partir de agora. [...] Somos bantus e a poligamia é nossa cultura‖
(CHIZIANE, 2000, p. 122). Também a prática do lobolo4 ―Na tradição bantu
mulher é herança, é propriedade porque é lobolada‖ (CHIZIANE, 2000, p. 37).
No entanto, o narrador evidencia também os aspectos positivos dessa prática
―Todas as mulheres gostam de lobolo, mesmo as mais feministas do extremo.
Porque dignifica. Dá estatuto. Prestigia. [...] é que não é só o lobolo que
condiciona a prisão da mulher, mas todo o sistema social‖ (CHIZIANE, 2000, p.
90). Uma das profundas diferenças apresentadas entre homens e mulheres nesta
sociedade pode ser compreendida por essa afirmativa: ―as mulheres devem ser
especializadas em fidelidade e os homens em traição‖ (CHIZIANE, 2000, p.
246). Ao homem é permitido tudo ―[...] David traiu a mulher, os colegas, os
operários e a própria filha‖ (CHIZIANE, 2000, p. 246), para a mulher apenas
resta a total e cega submissão. A sociedade moçambicana ainda é muito marcada
pelo patriarcalismo. As figuras femininas, nesta diegese, não possuem o mesmo
protagonismo representado em outro romance da autora Niketche: uma história
de poligamia (2002). Em O sétimo juramento, são abordados em um segundo plano
os temas relevantes ao universo feminino como o incesto e o aborto: ―Que
autoridade tem o mundo para condenar a mulher por querer evitar uma dor que
só ela vive e sente? (CHIZIANE, 2000, p. 248), assim como temáticas
relevantes - a poligamia e o lobolo, aspectos que demarcam o estatuto
desprestigiado que as mulheres ocupam na sociedade moçambicana. A partir
disso, é mister refletir sobre a memória como constituinte da personalidade
das personagens. A memória e sua relação com a escrita de Chiziane. Ao nos
depararmos com as questões de memória na escrita de Paulina Chiziane, nos é
claro que: se não pode haver identidade sem memória e por outro lado, não
pode haver memória sem identidade, ao invocar as memórias das personagens,
pouco a pouco, o narrador vai constituindo a identidade narrativa dessas
personagens. Desse modo, suscita o questionamento sobre oemprego desse
recurso na narrativa: a memória revela a experiência de vida de três
gerações: a mãe de David, a avó Inês, o próprio David e sua esposa, Vera e de
seu filho Clemente. Portanto, três gerações que libertas do colonialismo
português, situadas agora em um Moçambique5 quase liberto da guerra civil,
carregam em suas memórias as consequências desse contato com o colonizador,
uma amálgama da cultura ocidental com a cultura africana, representadas em
suas rememorações por intermédio da ―contação‖de histórias, permeadas de
mitos e crenças, da sabedoria popular dos provérbios, enfim de uma cultura
simbiótica. Segundo Jacques Le Goff (2003, p. 419), em História e memória, a
memória como propriedade de conservar certas informações ―remete-nos em primeiro
lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode
atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como
passadas‖. As identidades das personagens são reveladas gradativamente, por
intermédio da evocação das lembranças e fornece um mergulho na própria
formação do homem, discutindo crenças e também a composição de memórias
individuais que constituem a coletividade. Sob o aspecto da memória, o
antropólogo francês Joel Candau (2011, p. 22), em seu livro Memória e identidade,
de 2008, propõe a taxonomia de diferentes modos da memória, a saber,
protomemória ou memória de baixo nível, a memória propriamente dita ou de
alto nível e a metamemória. A primeira é composta pelo saber e pela
experiência mais profundos e compartilhados pelos membros de uma sociedade.
Inserem-se na categoria de memória procedural (repetitiva ou hábito), memória
socialmente compartilhada e fruto das primeiras socializações. A protomemória
é imperceptível, ocorre sem a tomada de consciência. A segunda, a memória
propriamente dita ou de alto nível é a memória das lembranças a qual
incorpora experiências ou vivências, saberes, crenças, sentimentos e
sensações, podendo contar com extensões artificiais ou suportes de memória.
E, finalmente, a terceira, a metamemória, é a representação que cada
indivíduo faz de sua própria memória (CANDAU, 2011, p. 23) quanto àquilo que
fala sobre ela, em uma dinâmica de ligação entre o indivíduo e seu passado,
como uma memória reivindicada. Essas taxonomias são válidas para as memórias
individuais, sendo que, tanto a ―protomemória‖ como a memória de alto nível
dependem da faculdade da memória e a ―metamemória‖ é uma representação
relativa a essa faculdade. O termo ―metamemória‖ será, pois, também utilizado
para narradores de romances ficcionais que refletem sobre as próprias
reminiscências.
Para Maurice
Halbwachs (2006, p. 79), nossa memória não se apóia na história aprendida,
mas na história vivida. Por história, devemos entender não uma sucessão
cronológica de eventos e datas, mas tudo o que faz com que um período se
distinga dos outros, do qual os livros e as narrativas em geral nos
apresentam apenas um quadro muito esquemático e incompleto. Embora esses
teóricos analisem a memória sob perspectivas diferenciadas – a história, a
antropologia e a sociologia, o homem é o centro de todas as análises, apenas
diferenciando-se o ponto de vista pelo qual é perscrutado, o que vem a
colaborar para o modo como se processa as representações dos personagens
ficcionais. Assim, e pensando nos aspectos de magia presentes na narrativa
aqui analisada, pensaremos, agora, na relação memória e magia presente na
obra.
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Breves conclusões.
A partir de tudo o que foi exposto até aqui, poderíamos sintetizar o romance pelo provérbio quem com fogo fere com fogo será ferido! Para finalizar, David declara: ― Fiz o juramento do batismo, juramento da bandeira, matrimônio, jurei servir a revolução e lutar pela independência, jurei servir a nação do dia da minha graduação, jurei competência e zelo na tomada de posse como diretor da empresa (CHIZIANE, 2000, p. 152). Conhecem-se os seis juramentos perpetrados por David ao longo de sua vida, mas qual será o sétimo juramento? Esta resposta está no romance e a nós cabe, apenas, deixar ―no ar‖ a curiosidade, instigando à leitura.
A perplexidade de David vai-se tornando nossa, à medida que mergulhamos no mundo fantástico que Paulina Chiziane nos oferece. Um mundo de feitiços e tabus, de magia negra e fantasia, de sonhos e de pesadelos, de luz e de trevas. Um mundo de contrastes e contradições, em que as forças do bem e do mal travam uma luta contínua e titânica. Um mundo de destruição e corrupção, mas também um mundo a que os valores da tradição e a sabedoria de séculos emprestam uma inegável beleza. Um mundo inquietante, assustador, misterioso, em que a atracção pelo abismo é incontrolável e a realidade do dia-a-dia, tal como supomos conhecê-lo, é permanentemente questionada. Será que David esteve mesmo a sonhar?
Bibliografia
CHIZIANE, Paulina. O sétimo juramento. Lisboa: Caminho, 2000.
AGUESSY, Honorat. Visões e percepções tradicionais. In: ______. Introdução à cultura africana. Lisboa: Edições 70, 1977.
CHIZIANE, Paulina. Niketche: uma história de poligamia. Lisboa: Caminho, 2002.
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