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A Fragmentação dos Maraves e os Primeiros Carongas

J. M. Schoffeleers sugere que mesmo antes do advento dos dirigentes piri já havia surgido uma relação hierárquica entre os santuários pre-maraves, onde se invocava o Ser Supremo, Chaúta ou Chissumpe. Era reconhecido estatuto superior ao santuário de Capirintiua (Kaphirintiwa) com a sua esposa «maqueuana» (Makewana), do clã Banda, servida por sacerdotes do clã Mbéuè (Mbewe). Tinha agregada a irmandade masculina do nhau e dispunha de poderes seculares e terras próprias.

Como os imigrantes piri já possuíam desenvolvidas concepções monárquicas em que o poder político era exercido pelos varões, tiveram que se impor, se necessário pela força, aos cultos territoriais das populações submetidas. Por isso lhes sobrepuseram as suas próprias crenças nos antepassados-deuses nacionais. I. Linden defende que os Carongas chegaram a remodelar o culto de Capirintíua de modo a que a sacerdotiza fosse também a rainha principal, Muali.

Contudo, o autor primeiramente citado é de opinião que a influência dos Carongas sobre esse santuário fosse bastante ténue, até mesmo por razões de distância. Mesmo recorrendo à força armada não conseguiram vencer a resistência do Clã Mbéuè, cujo núcleo central se situava ligeiramente a noite do ponto onde actualmente convergem as fronteiras de Moçambique, da Zâmbia e do Malawi.

Como vimos, os acontecimentos que levaram à fragmentação dos imigrantes piri nos fins do Séc. VI e à consequente fundação de Estados independentes, pelos dirigentes de linhagens reais (Undi, Chulo, Capuíte, Rundo), deixaram o Caronga reduzido a uma área restrita mas fértil e saudável, a Sul do Lago Niassa. Cremos terem sido essas superiores

potencialidades naturais que provocaram a explosão demográfica em que se basearam as guerras e emigrações ocorridas na segunda metade do século.

Aventamos que um dos Carongas tenha procurado tirar proveito do vazio deixado pelos Rundos e suas forças, ocupados na expansão para oriente. Para isso se aproximou do Zambeze e entrou em conflito com os Portugueses até ser batido em Chicorongue, c. 1550, a 45 km a nordeste de Tete.

Na década de 1590 dois grupos maraves atravessaram o Zambeze para se aproximarem dos campos auríferos de Mucaranga. Um deles, dirigido por Chicanda, estabeleceu a sua aringa não longe da capital dos Mutapas, a quem ofereceu tributos. Mais tarde veio a revoltar-se tendo sido expulso pelas forças do Mutapa, reforçadas pelas do sertanejo Belchior de Araújo que também havia sido atacado pelo intruso. O segundo grupo marave também foi batido e expulso em 1601.

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