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O Reino de Danda

Durante as viagens realizadas por António Fernandes em 1511/12, vivia um chefe Inhamunda no sertão a sudoeste de Sofala, a cinco dias de viagem do porto de Inhambibe, por conseguinte entre a margem sul do Buzi e a margem norte do Save. O chefe vizinho de Sofala era um tal Moconde, dispondo de cinco a seis mil homens de armas. Na versão de João de Barros seria vassalo dos Mutapas e fora aliciado pelos afro-islâmicos que lhe acenaram com as riquezas armazenadas na fortaleza.

Logo, em 1515, durante as primeiras viagens a Bánguè (actual Beira), para comprar mantimentos, o chefe local Nhembia ou Inhambia, também supostamente vassalo dos Mutapas, parece que se encontrava em guerra com o dito Inhamunda. Se tal correspondia à verdade, este último já 'submetera o Maconde e outros chefes.

Seja como for, em Dezembro daquele ano, Inhamunda enviou embaixadores a Sofala, com presentes de ouro, informar J. Vaz de Almada de que se havia revoltado contra o distante Mutapa. Solicitou a aliança dos Portugueses e a nomeação de representantes da Coroa. Garantiu a liberdade de trânsito às caravanas comerciais e prometeu fornecer-lhes géneros alimentícios. Aproveitando estes protestos de amizade, o feitor ainda mandou António Fernandes comprar mantimentos a Inhambibe. Esta diligência foi infrutífera devido à grave carência generalizada. Mais tarde o famoso sertanejo foi nomeado representante e mantido na corte do Inhamunda de Abril de 1517 a Março de 1518, conseguindo aumentar o volume das trocas.

É na sua carta de Agosto de 1519 que o feitor dá notícia do bloqueio subitamente imposto pelo poderoso rei. Dominava completamente a região circunvizinha da fortaleza. Exigia que as caravanas seguissem rotas bem marcadas e lhe pagassem tributos. Interceptou mercadorias, massacrou negociantes, incluindo afro-islâmicos e, para cúmulo, escravizou ou executou os enviados do capitão de Sofala. Deixou de se receber notícias de Inhambia, possivelmente absorvido pelo Inhamunda. Este conseguiu cortar completamente as comunicações com o interior, concedeu guarida a numerosos transfugas portugueses que ensinaram aos seus guerreiros o uso das armas de fogo. A um deles deu sua própria filha em casamento. Enviou embaixadores a Sofala, pelo menos cinco vezes, entre Outubro de 1521 a Junho de 1522. Na primeira recepção foram-lhe fornecidas munições para artilharia, o que provocou protestos por parte do Mutapa Chicuio.

Em 1526, Lopo de Almeida tentou negociações com o poderoso monarca. Mas logo no ano seguinte escrevia que «enquanto fosse vivo o Inhamunda era escusado pensar em tirar proveito de Sofala». Porém, em Agosto, relatava que o Inhamunda tinha decidido suspender as hostilidades e abrir caminho para que os afro-islamizados de Sofala «pudessem ir para onde quisessem com os resgates».

A falta de tacto político desse Lopo de Almeida, que hostilizou quer a comunidade afra-islâmica quer o próprio Inhamunda, deu como resultado que Sofala fosse novamente bloqueada e o tráfico ficasse paralizado. A situação manteve-se durante a capitania de A. da Silveira de Menezes, em 1528 e 1529. É provável que esse bloqueio tenha, entre outras causas, levado o novo capitão, Vicente Pegado, chegado a Sofala em Outubro de 1530, a tentar atingir o planalto aurífero pelo vale do Zambeze.

Aventamos, como hipótese, que tenha sido Inhamunda ou os seus sucessores que fundaram o reino de Danda e assumiram o título dinástico de Sedanda. Após a morte deste célebre conquistador, os territórios entre o Buzi e o Sambazo voltaram à posse do reino de Teve. Os Sedandas devem, então, ter seguido uma política de expansão territorial, em direcção meridional, possivelmente com vista a monopolizarem as rotas comerciais entre o interior e a foz do Save, as ilhas do Bazaruto e até mesmo a baía da Inhambane. João dos Santos, reportando-se ao final do Séc. XVI, afirma que o reino de Danda, a que chama Madanda, se estendia do Save a Inhambane. É este autor que narra o caso do Sedanda que, após designar o herdeiro, cometeu suicídio por se encontrar leproso. Desafiando o direito consetudinário, as viúvas elegeram outro sucessor da sua preferência que, não sem luta, acabou efectivamente por expulsar o rival.

É aliciante pensar que esta expansão meridional do reino de Danda esteja relacionada com a queda de Manecuéni, estado chona-caranga, cujo zimbabuè se situava a 50 km da costa e a 120 km ao sul do rio Save e que prosperou entre 1200 e 1600 d.C., como já referimos.

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