Segundo tradições recolhidas por Eduardo Lupi, Moçambique e Quelimane foram reforçadas por refugiados de Quílua, chegados pouco antes do advento de Vasco da Gama. Já ali encontraram comunidades islâmicas. Os dois dirigentes da expedição denominavam-se Mussa e Hassani. O segundo veio a falecer a bordo, durante uma viagem, tendo sido sepultado na Ilha de Mafalale, na foz do rio Angoche. Em visita ao túmulo, Mussa reconheceu que o local reunia melhores condições do que Quelimane e, em consequência, instalou nele como sultão um tal Xosa, filho do defunto.
Esta tradição não é desmentida pelo que se conhece da história da África Oriental. O sultão Mussa ainda vivia quando Vasco da Gama aportou à Ilha em 1498. O túmulo de Hassani manteve-se até ao século XIX como local de peregrinação. Na célebre «Crónica de Quílua» há referenda a uma prolongada luta de sucessão, no último quartel do Sec. XV, na qual parece radicar-íe esta emigração setentrional. A fundação dos sultanatos de Moçambique e Angoche também se enquadra perfeitamente com o que se sabe acerca dos já mencionados acontecimentos históricos ocorridos no planalto aurífero. Justifica igualmente o rápido declínio de Quílua, privada como ficou do seu papel de grande centro comercial que prosperava incessantemente graças ao monopólio que exercia. Também constitui explicação para o erro que cometeram os Portugueses ao basearem os seus planos de ocupação na convicção de que Sofala e Quílua fossem os únicos términus das rotas comerciais com o interior.
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