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Os Imigrantes «Maraves» (Maravi)

As tradições coligidas por diversos autores são unânimes em admitir que os ditos «maraves» deixaram o país luba, no sul do actual Zaire, sob a direcção de um chefe com o título dinástico de Caronga (Kalonga). Após um percurso incerto estabeleceram-se em Choma, provavelmente uma montanha sita no norte do actual Malawi. A moderna arqueologia estabeleceu o advento desses imigrantes, já da Idade Recente do Ferro, entre 1200 e 1400, supondo-se que fabricavam a olaria dita «Kapeni». 
Parece ter sido durante a permanência em Choma que se fixaram algumas das características políticas e sociais dos Maraves, nomeadamente a divisão clânica e o sistema monárquico, que se interpenetraram com outras instituições invulgares que, até recentemente, sobreviveram entre os Lubas: o parentesco perpétuo, a sucessão posicionai e a irmandade secreta dos varões. Entre as parentas institucionais distinguiam-se as dignatárias Mudi e Nhango, consideradas, respectivamente, como esposa e mãe (ou irmã) perpétua dos monarcas. 
Possivelmente devido ao esgotamento dos recursos naturais, o Caronga II decidiu nova migração, dessa vez para Capirintíua (Kaphiri-ntiwa) na Cordilheira do Dzaranhama, que a submetida população autóctone considerava como local mítico da Criação Divina. Após períodos de sedentarização em dois outros locais, o monarca decidiu fixar-se definitivamente, com o seu povo, em Mancamba (Mankhamba). 
Do mesmo modo que outros povos da Idade Recente do Ferro, os 
Maraves têm a tradição de haver encontrado, disperso pelas regiões ocupadas, um povo anão de caçadores e recolectores. Contudo, as provas arqueológicas demonstram que esses autóctones eram também bantos e portanto conhecedores do ferro e da agricultura. 
Admite-se que, mais para o interior, na área do actual distrito da Marávia, a população dita «Nsenga» tenha antecedido os Maraves, embora fosse igualmente oriunda do país luba. Teria partido num estádio menos desenvolvido das estruturas políticas, dividido em pequenos clãs (Mbeuè, Muanza, Sacala) ainda sem conhecimento do centralizado sistema monárquico. Daí as suas inequívocas afinidades linguísticas com os Laias, situados na margem direita do Aruangua. 

R. A. Hamilton aventa que a pre-existência de outros bantos também pode ser inferida da divisão de funções entre os dois principais clãs: Piri, reservado à direcção política e militar; Banda, reservado à terra, à fertilidade e ao controlo da chuva. Muitos chefes do clã Piri e respectivas irmãs teriam casado com membros do clã Banda. H. W. Langworthy discorda, no entanto, desta hipótese e defende que à data da sua chegada, os dois clãs estivessem já identificados com aquelas funções. Os Carongas casariam obrigatoriamente com uma mulher do clã Banda a quem era atribuído o título de Muali. 
Autóctone ou não, o célebre santuário supremo de Capirinitíua foi, logo de início, associado aos Carongas. Era o único que possuía o tambor sagrado e podia evocar o Criador, Chaúta. 
Segundo tradições recolhidas por M. Schoffeleers os dirigentes piri já se encontravam desavindos quando atingiram Mancamba. Agitaido por desconfianças, o Caronga reinante teria decidido submeter bastantes suspeitos à prova do ordálio venenoso, o muabvi. Os seus parentes Undi e Capuíte (Kaphwiti) não aceitaram a humilhante imposição e, em consequência, foram forçados a partir, respectivamente para oeste e sul, nas últimas decadas do Sec. XV. 
Contudo, as tradições não são convergentes no que concerne as circunstâncias que rodearam esta fragmentação do grupo inicial. 
Afirmam algumas que os dirigentes piri tiveram que submeter, não raro peia força das armas, uma população autóctone de anões, conhecida por Cafula. Apenas no fértil vale do Baixo Chire depararam com um povo, conhecido por Ohipeta, que já se havia imposto aos Cafulas locais.
Tudo indica terem sido herdados desses Cafulas duas instituições que desempenharam importante papel na ulterior história dos Maraves: a irmandade masculina do nhau e os cultos territoriais de Capirinitíua e M'bona. 

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