Walt Whitman Rostow (1916-2003) foi um dos mais notáveis economistas do século 20. Rostow considerou viável decompor a história do desenvolvimento de cada economia de acordo com um determinado conjunto de etapas. Objetivando apresentar uma alternativa à teoria marxista sobre os rumos da história, suas ideias foram apresentadas no famoso livro Etapas do Desenvolvimento Econômico: um manifesto não comunista.
A Sociedade Tradicional
Primeiramente, temos a sociedade tradicional. Uma sociedade tradicional é aquela cuja estrutura se expande dentro de funções de produção limitadas, baseadas em uma ciência e tecnologia pré-newtonianas, assim como em atitudes prénewtonianas diante do mundo físico. Newton é aqui tomado como um símbolo daquele divisor de águas da História após o qual os homens passaram a crer, de maneira predominante, que o mundo exterior estava sujeito a umas quantas leis cognoscíveis e que era suscetível de manipulação produtiva sistemática.
O conceito de sociedade tradicional, todavia, não é de forma alguma estático, nem exclui aumentos do volume da produção. A área podia ser dilatada; algumas inovações técnicas ad hoc (amiúde inovações altamente rendosas) podiam ser introduzidas no comércio, na indústria e na agricultura; a produtividade podia crescer, por exemplo, com o melhoramento das obras de irrigação ou a descoberta e propagação de uma nova colheita. O fato central, contudo, no que toca à sociedade tradicional, era que existia um teto no nível alcançável do volume da produção per capita. Esse teto se originava do fato de as potencialidades inerentes à ciência e à tecnologia modernas não estarem ainda disponíveis ou não serem regular e sistematicamente aplicadas.
Tanto no passado recuado quanto em tempos recentes, a história das sociedades tradicionais foi, por isso, uma série de mudanças ilimitadas. A área e o volume do comércio dentro delas e entre elas flutuava, por exemplo, conforme a turbulência social e política, a eficiência do governo central, o bom estado das vias de comunicação. A população — e, dentro de certos limites, o nível da vida — subia e descia não só de acordo com a sequência das colheitas, mas igualmente conforme a incidência das guerras e das pragas. Surgiram diversos graus de manufatura; porém, como na agricultura, o nível da produtividade foi limitado pela inexistência da ciência moderna, assim como de suas aplicações e da atitude mental que cria.
Falando de um modo geral, essas sociedades, devido à limitação de sua produtividade, tinham de dedicar uma proporção extremamente elevada de seus recursos à agricultura; desse sistema agrícola, originava-se uma estrutura social hierarquizada, com âmbito relativamente reduzido — mas sempre havendo algum — para a mobilidade vertical. Os vínculos de família e de clã exerciam importante papel na organização social. O sistema de valores dessas sociedades estava sincronizado geralmente com o que poderíamos chamar de fatalismo a longo prazo; ou seja, com a suposição de que a gama de possibilidades abertas para os netos da gente seria a mesma que existia para nossos avós. Contudo, aquele fatalismo a longo prazo não excluía a opção a curto prazo de, dentro de amplos limites, ser perfeitamente lícito e possível ao indivíduo esforçar-se por melhorar sua sina, ainda em sua vida. Nas aldeias chinesas, por exemplo, feria-se uma luta interminável para adquirir ou evitar perder terras, produzindo uma situação em que as terras raramente permaneciam na mesma família durante um século.
Conquanto o poder político central — sob uma ou outra forma — muitas vezes existisse em sociedades tradicionais, transcendendo as regiões relativamente autossuficientes, o centro de gravidade do poder político geralmente ficava nas regiões, nas mãos dos que detinham a posse ou o controle da terra. O proprietário de terras mantinha influência flutuante, porém comumente profunda, sobre o poder político existente, apoiado por seus funcionários civis e soldados, inspirado por atitudes e controlado por interesses que ultrapassavam as regiões.
Em termos de História, pois, com o nome "sociedade tradicional" nós englobamos todo o mundo pré-newtoniano: as dinastias da China; a civilização do Oriente Médio e do Mediterrâneo; o mundo da Europa medieval. E ainda adicionamos as sociedades pós-newtonianas que, por certo tempo, permaneceram intatas ou indiferentes à nova capacidade do homem para manipular regularmente o meio ambiente tendo em vista seu proveito económico.
Incluir todas essas infinitamente diversas e mutáveis sociedades em uma categoria única, alegando que todas compartilharam um mesmo teto de produtividade de suas técnicas económicas, é deveras dizer muito pouco. Mas, afinal de contas, estamos apenas abrindo caminho para chegar ao assunto deste livro, qual seja o das sociedades pós-tradicionais, em que cada uma das principais características da sociedade tradicional foi alterada de maneira tal a permitir o desenvolvimento regular: sua política, sua estrutura social, e (até certo ponto) seus valores, assim como sua economia.
As Precondições para o Arranco
A segunda etapa do desenvolvimento abarca sociedades em pleno processo de transição; isto é, o período em que as precondições para o arranco se estabelecem, posto que leva tempo para transformar uma sociedade tradicional de molde a poder ela explorar os frutos da ciência moderna, para afastar os rendimentos decrescentes e, assim, desfrutar as bênçãos e opções abertas pela acumulação dos juros compostos.
As precondições para o arranco se desenvolveram pela primeira vez, de forma bem acentuada, na Europa Ocidental do fim do século XVII e início do XVIII, à medida que as concepções da ciência moderna principiaram a se converter em novas funções de produção, tanto da agricultura quanto da indústria, num ambiente dinamizado pela expansão paralela dos mercados mundiais e pela concorrência internacional por estes. Não obstante, tudo que se oculta por trás da decomposição da Idade Média diz respeito à criação das precondições para o arranco na Europa Ocidental. Entre os Estados do Oeste da Europa, a Grã-Bretanha, favorecida pela geografia, pelos recursos naturais, pelas possibilidades comerciais, pela estrutura social e política, foi a primeira a desenvolver amplamente tais condições prévias.
O caso mais geral da História moderna, entretanto, viu a fase das precondições surgir não endogenamente, mas provindo de uma intromissão externa por sociedades mais adiantadas. Essas invasões — literais ou figuradas — abalaram a sociedade tradicional e iniciaram ou aceleraram seu desmoronamento; elas, porém, igualmente puseram em movimento ideias e sentimentos que originaram o processo graças ao qual uma alternativa moderna para a sociedade tradicional pôde ser construída a partir da antiga cultura.
Dissemina-se a ideia de que não só é possível o progresso económico, mas também que ele é condição indispensável para uma outra finalidade considerada benéfica: seja ela a dignidade nacional, o lucro privado, o bem-estar geral, ou uma vida melhor para os filhos. A educação, pelo menos para alguns, amplia-se e modifica-se a fim de atender às necessidades da moderna atividade económica. Aparecem novos tipos de homens de empresa — na economia privada, no governo ou em ambos — dispostos a mobilizar economias ou a correr riscos visando ao lucro ou à modernização. Despontam bancos e outras instituições destinadas à mobilização de capital. Crescem os investimentos, notadamente em transportes, comunicações e matérias-primas em que outras nações possam ter um interesse económico.
Alarga-se a órbita do comércio, interna e externamente. E, aqui e ali, aparece a moderna empresa industrial, empregando os novos métodos. Toda essa atividade, porém, se processa em ritmo limitado dentro de uma economia e de uma sociedade ainda caracterizadas sobretudo pelos métodos tradicionais de baixa produtividade, pela estrutura social e pelos antigos valores, bem como pelas instituições políticas com bases regionais que evoluíram com aqueles.
Em muitos casos recentes, por exemplo, a sociedade tradicional persistiu ao lado de atividades económicas modernas, geridas com objetivos económicos limitados por uma potência colonialista ou quase-colonialista.
Se bem que o período de transição — entre a sociedade tradicional e o arranco — assistisse a mudanças de vulto, tanto na própria economia quanto no equilíbrio dos valores sociais, o aspecto decisivo era amiúde político. Politicamente, a formação de um Estado nacional centralizado eficaz — baseada em coligações matizadas pelo novo nacionalismo, em oposição aos tradicionais interesses regionais agrários, à potência colonialista ou a ambos — foi um aspecto decisivo do período das precondições. Isso também foi, quase universalmente, uma condição necessária para o arranco.
O Arranco
Atingimos agora um grande manancial da vida das sociedades modernas: a terceira etapa desta sequência, o arranco.
É ele o intervalo em que as antigas obstruções e resistências ao desenvolvimento regular são afinal superadas. As forças que contribuem para o progresso económico, e que já haviam dado lugar a surtos e ilhotas de atividade moderna, dilatam-se e conseguem dominar a sociedade. - O desenvolvimento passa a ser sua situação normal. Os juros compostos como que se integram em seus hábitos e em sua estrutura institucional.
Na Grã-Bretanha, bem como nas partes bem dotadas do mundo povoado principalmente por ela (Estados Unidos, Canadá, etc), o incentivo próximo para o arranco foi principalmente (mas não inteiramente) tecnológico. No caso mais geral, o arranco aguardou não só a acumulação de capital social fixo e um surto de evolução tecnológica da indústria e da agricultura, mas também o acesso ao poder poder politico de um grupo preparado para encarar a modernização da economia como assunto sério e do mais elevado teor político.
Durante o período do arranco, a taxa real de investimentos e poupança pode subir, digamos, de 5% da renda nacional para 10% ou mais; sem embargo, onde era necessário um maciço investimento de capital social fixo para criar as precondições técnicas para o arranco, a taxa de investimento na fase das precondições podia ser superior a 5% como, por exemplo, no Canadá antes de 1890 e na Argentina antes de 1914. Em casos assim, os capitais importados geralmente representam alta proporção do investimento total no período das precondições e, às vezes, até mesmo durante o próprio arranco, como na Rússia e no Canadá durante seus surtos ferroviários anteriores a 1914.
No decurso do arranco, novas indústrias se expandem rapidamente, dando lucros dos quais grande parte é reinvestida em novas instalações, e estas novas indústrias, por sua vez, estimulam, graças à necessidade aceleradamente crescente de operários, de serviços para apoiá-las e de outros bens manufaturados, uma ulterior expansão de áreas urbanas e de outras instalações industriais modernas. Todo o processo de expansão no setor moderno produz um aumento de renda nas mãos daqueles que não só economizam a taxas mais elevadas, como também colocam suas economias à disposição dos que se acham empenhados em atividades no setor moderno.
A nova classe empresarial se amplia e dirige os fluxos aumentados do investimento no setor privado. A economia explora recursos naturais e métodos de produção até então inaproveitados.
Difundem-se novas técnicas agrícolas e industriais, à medida que a agricultura vai sendo industrializada, e um número cada vez maior de fazendeiros se dispõe a aceitar os novos métodos e as modificações profundas que estes acarretam para seu estilo de vida. As mudanças revolucionárias na produtividade agrícola são condição indispensável ao êxito do arranco, pois a modernização da sociedade aumenta radicalmente seus gastos com produtos da agricultura. Em um ou dois decénios, tanto a estrutura básica da economia quanto a estrutura social e política da sociedade se transformam de maneira tal que, a partir daí, pode ser mantido um ritmo constante de desenvolvimento.
Como se indica no capítulo IV, pode-se atribuir aproximadamente o arranco da Grã-Bretanha às duas décadas após 1783; da França e dos Estados Unidos a várias décadas precedendo 1860; da Alemanha, ao terceiro quartel do século XIX; do Japão, ao último quartel do século XIX; da Rússia e do i
Canadá ao quarto de século imediatamente anterior a 1914; no decénio iniciado em 1950, a índia e a China, de maneiras assaz diferentes, lançaram-se aos seus respectivos arrancos.
A Marcha para a Maturidade
Após o arranco, segue-se um longo intervalo de progresso continuado, embora flutuante, à medida que a economia agora em firme ascensão procura estender a tecnologia moderna a toda a frente de sua atividade económica. Cerca de 10 a 20% da renda nacional são investidos continuamente, permitindo à produção ultrapassar regularmente o incremento demográfico.
A contextura da economia se modifica incessantemente à medida que a técnica se aperfeiçoa, novas indústrias se aceleram e indústrias mais antigas se estabilizam. A economia encontra seu lugar no panorama internacional: bens anteriormente importados são produzidos localmente; aparecem novas necessidades de importação, assim como novos artigos de exportação para se contraporem. A sociedade estabelece os acordos que deseja com as necessidades da moderna eficiência da produção, balanceando os novos valores e instituições com os antigos, ou revendo estes últimos de forma a auxiliar e a não retardar o processo do crescimento.
Uns 60 anos após o início do arranco (digamos, 40 anos depois do seu término) geralmente se atinge o que se denomina maturidade. A economia, concentrada durante o arranco num complexo relativamente estreito de indústria e tecnologia, dilatou seu campo de ação para abranger processos mais apurados e tecnologicamente amiúde mais complexos; por exemplo, pode haver uma deslocação do foco de interesse do carvão, ferro e indústrias de engenharia pesada da fase ferroviária para máquinas-ferramentas, produtos químicos e equipamento elétrico. Esta foi, por exemplo, a transição que a Alemanha, a Grã-Bretanha, a França e os Estados Unidos haviam passado no fim do século X IX ou pouco depois disso.
Podemos definir essencialmente a maturidade como a etapa em que a economia demonstra capacidade de avançar para além das indústrias que inicialmente lhe impeliram o arranco e para absorver e aplicar eficazmente num campo bem amplo de seus recursos — se não a todos êles — os frutos mais adiantados da tecnologia (então) moderna. Esta é a etapa em que a economia demonstra que possui as aptidões técnicas e organizacionais para produzir não tudo, mas qualquer coisa que decida produzir. Pode carecer (como a Suécia e a Suíça contemporâneas, por exemplo) das matérias-primas ou de outros factores de suprimento necessários para produzir economicamente um determinado tipo de produção; sua dependência, todavia, é antes uma questão de opção econômica ou de prioridade política do que uma carência tecnológica ou institucional.
Historicamente, pareceria que cerca de 60 anos são necessários para uma sociedade avançar do início do arranco até a maturidade. Analiticamente, a explicação desse intervalo assim pode ser encontrada na poderosa aritmética dos juros compostos aplicada ao estoque de capital, combinada com as consequências mais latas da capacidade demonstrada por uma sociedade para absorver a tecnologia moderna de três gerações sucessivas vivendo em um regime em que o desenvolvimento é a condição normal. Entretanto, é evidente, não se justifica qualquer dogmatismo a respeito da duração exata do intervalo entre o arranco e a maturidade.
A Era do Consumo em Massa
Chegamos agora à era do consumo em massa, em que, no devido tempo, os setores líderes se transferem para os produtos duráveis de consumo e os serviços: uma fase de que os norte-americanos estão principiando a sair; cujas alegrias, nem sempre nítidas, a Europa Ocidental e o Japão estão começando a experimentar, e com a qual a sociedade soviética está flertando meio contrafeita.
À proporção que as sociedades atingiram a maturidade no século XX, duas coisas aconteceram: a renda real por pessoa elevou-se a um ponto em que maior número de pessoas conseguiu, como consumidores, ultrapassar as necessidades mínimas de alimentação, habitação e vestuário; e a estrutura da força do trabalho modificou-se de maneira tal que não só aumentou a produção da população urbana em relação à total, mas também a de trabalhadores em escritórios ou como operários especializados — conscientes e ansiosos por adquirir as benesses de consumo de uma economia amadurecida.
Além dessas transformações económicas, a sociedade deixou de aceitar a ulterior expansão da tecnologia moderna como objetivo supremo. Ê nessa etapa pós-maturidade, por exemplo, que as sociedades ocidentais, mediante processos políticos, decidiram atribuir recursos cada Vez maiores à assistência social. O surto do Estado do Bem-Estar (welfare State) é uma manifestação de uma sociedade que marcha para além da maturidade técnica; mas também é nessa etapa que os recursos tendem cada vez mais a ser dirigidos para a produção de artigos de consumo durável e à difusão dos serviços em massa, caso predomine a soberania dos consumidores.
A máquina de costura, a bicicleta e, posteriormente, os vários utensílios domésticos elétricos foram gradativamente disseminados. Historicamente, contudo, o elemento decisivo foi o automóvel barato produzido em série com seus efeitos bastante revolucionários — tanto sociais como económicos — sobre a vida e as expectativas da sociedade.
Para os Estados Unidos, o ponto crítico foi, quiçá, a linha de montagem móvel de Henry Ford em 1913-1914; foi, porém, na década de 1920, e novamente na do pós-guerra, em 1946-1956, que esta etapa de desenvolvimento foi levada, praticamente, à sua conclusão lógica. No decénio inaugurado em 1950, a Europa Ocidental e o Japão pai-ecem haver ingressado plenamente nesta fase, devido em grande parte a um ímpeto de suas economias assaz inesperado nos anos imediatamente seguintes à guerra. A União Soviética está tecnicamente pronta para esta etapa, e, segundo todos os indícios, seus cidadãos mostram-se sequiosos, mas os chefes comunistas enfrentarão difíceis problemas políticos e sociais de ajustamento caso se desencadeie essa etapa.
Considerações finais
De uma forma resumida, pôde constatar-se que Rostow definiu e dividiu as etapas do desenvolvimento em económico em cinco, nomeadamente: a sociedade tradicional, as precondições para o arranco, o arranco, a marcha para a maturidade e a era do consumo em massa. As etapas do desenvolvimento económico não são meramente descritivas. Elas refletem um raciocínio lógico baseado na teoria dinâmica da produção. Essa teoria vem suplantar a teoria clássica da produção à medida que isola não só a distribuição da renda entre consumo, poupança e investimento, mas examina também a composição do investimento e a evolução dos diversos setores da economia.
Constatou-se também que essas fases de crescimento setoriais são provocadas tanto por mudanças tecnológicas quanto pela elasticidade-preço da demanda. As decisões coletivas por demandar novos produtos originam-se muitas vezes de fatores exógenos, alheios ao mercado. As etapas refletem, dessa forma, uma série de opções e estratégias feitas por várias sociedades quanto ao emprego de seus recursos.
BIBLIOGRAFIA
- W. W. Rostow, The Process of Economic Growth (Oxford, 1953), especialmente cap. IV. Também. "Trends in the Allocation of Resources in Secular Growth", cap. 15 de Economic Proqress, organizado por Leon H. Dupriez, com a colaboração de Douglas C. Hague (Louvain, 1955).
- Process of Economic Growth, cap. Vil, especialmente págs. 164-167
- Cf., a propósito, Erich FROMM: Psicanálise da Sociedade Contemporânea, trad. de G. Rebuá e L. Bahia, págs. 322-352 e Análise do Homem, trad. de Octávio A. Velho, págs. 162-170, ambas publicadas por esta Editora. (N. do T.).
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