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Tentativas de definição da Filosofia

Quando começamos a estudar Filosofia, somos logo levados a buscar o que ela é. Nossa primeira surpresa surge ao descobrirmos que não há apenas uma definição da Filosofia, mas várias. A segunda surpresa vem ao percebermos que, além de várias, as definições parecem contradizer-se. Eis porque muitos, cheios de perplexidade, indagam: afinal, o que é a Filosofia que sequer consegue dizer o que ela é?

Etimologicamente a palavra filosofia é de origem grega: philo (amizade, amor) e sophia (sabedoria) que significa “amigo da sabedoria”. Portanto, Filosofia significa também, amizade pela sabedoria, amor pelo saber; e Filósofo: o que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber.Narra-se que o termo foi inventado por Pitágoras de Samos, filósofo e matemático grego do século VI a.C. que certa vez, ouvindo alguém chamá-lo de “sábio” e considerando este nome muito elevado para si mesmo, pediu que o chamassem simplesmente de filósofo, isto é, amigo da sabedoria, visto que, a sabedoria plena pertence a Deus (Mondin, 2008: p.7).

Dizia Pitágoras que três tipos de pessoas compareciam aos jogos olímpicos (afesta mais importante da Grécia): as que iam para comerciar durante os jogos, aliestando apenas para servir aos seus próprios interesses e sem preocupação com asdisputas e os torneios; as que iam para competir, isto é, os atletas e artistas (pois,durante os jogos também havia competições artísticas: dança, poesia, música,teatro); e as que iam para contemplar os jogos e torneios, para avaliar odesempenho e julgar o valor dos que ali se apresentavam. Esse terceiro tipo depessoa, dizia Pitágoras, é como o filósofo (Chaui, 2002: 19).

Com isso, Pitágoras queria dizer que o filósofo não é movido por interesses comerciais - não coloca o saber como propriedade sua, como uma coisa para ser comprada e vendida no mercado; também não é movido pelo desejo de competir - não faz das ideias e dos conhecimentos uma habilidade para vencer competidores ou “atletas intelectuais”; mas é movido pelo desejo de observar, contemplar, julgar e avaliar as coisas, as ações, a vida: em resumo, pelo desejo de saber. A verdade não pertence a ninguém, ela é o que buscamos e que está diante de nós para ser contemplada e vista, se tivermos olhos (do espírito) para vê-la (idem: 20).
A filosofia é conhecimento, forma de saber que, tem esfera própria de competência. No entanto, enquanto é fácil dizer qual é a esfera de competência das várias ciências experimentais, o mesmo não se dá com a filosofia. Sabemos, por exemplo, que a botânica estuda as plantas, a geografia a terra, a história os factos, a medicina, as doenças, etc. quanto à filosofia, que coisa ela estuda? No entender dos filósofos, “estuda todas as coisas”. Aristóteles, que foi o primeiro a fazer uma pesquisa rigorosa e sistemática em torno desta disciplina, diz que a filosofia estuda “as causas ultimas de todas as coisas”; Cícero define a filosofia como “o estudo das causas humanas e divinas das coisas”; Descartes afirma que a filosofia “ensina a raciocinar bem”; Hegel entende a como “o saber absoluto”; Whitehead, o papel da filosofia “é o de fornecer uma explicação orgânica do universo”. Para Karl Jasper filosofar significa “estar a caminho”. No entender do filosofo alemão “as interrogações são mais importantes que as respostas e, cada uma das destas respostas, transforma-se em nova interrogação”.

Platão definia a Filosofia como “um saber verdadeiro que deve ser usado embenefício dos seres humanos”.Descartes dizia que a Filosofia é “o estudo da sabedoria, conhecimento perfeito detodas as coisas que os humanos podem alcançar para o uso da vida, aconservação da saúde e a invenção das técnicas e das artes”.Kant afirmou que a Filosofia é “o conhecimento que a razão adquire de si mesmapara saber o que pode conhecer e o que pode fazer, tendo como finalidade afelicidade humana”. Espinosa afirmou que a Filosofia é “um caminho árduo e difícil, mas que pode ser

percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a felicidade”. (Chaui, 2002: p.17).

Entretanto, há dificuldade em definir a Filosofia e essa dificuldade existe no facto de não haver Filosofia, mas sim, filosofias.De acordo com Sartre essa dificuldade está no facto de “cada filósofo tem a sua concepção filosófica e a sua própria concepção sobre o que é a Filosofia” (Chambisse&Cossa, 2013:18), porque nem todos os filósofos vivem na mesma época, razão pela qual têm motivações particulares diferentes e têm problemas diferentes por resolver, ou seja, cada época tem os seus problemas e a Filosofia procura responder as perguntas do seu tempo. Portanto, “não existe uma definição universal, aceite por todos os filósofos”.

AFilosofia interessa-se por aquele instante em que arealidade natural (o mundo das coisas) e a história (o mundo dos homens)tornam-se estranhas, espantosas, incompreensíveis e enigmáticas, quando o sensocomum já não sabe o que pensar e dizer, pois as ciências e as artes ainda não sabemo que pensar e dizer.

No entender de Platão e Aristóteles, filósofos gregos, consideraram que o espanto e admiraçãosão os dois elementos, cujos nasce a filosofia” (Borges, etall, 2008: 10).É importante frisar que existe uma filosofia espontânea, cuja “é aquela que toda a gente, do impulso que todo e qualquer indivíduo tem para questionar e tentar obter respostas, presentes na sabedoria comum”; também existe uma filosofia sistemática “própria dos especialistas desta área do saber, mais rigorosa, porque está sujeita a depuração conceitual e logico-racional”.Portanto, aqui debruçar-se-á sobre a filosofia sistemática (idem: 10).Significa que a Filosofia trabalha com enunciados precisos e rigorosos, buscaencadeamentos lógicos entre os enunciados, opera com conceitos ou ideias obtidas por procedimentos de demonstração e prova, exige a fundamentaçãoracional do que é enunciado e pensado. Somente assim a reflexão filosófica podefazer com que nossa experiência cotidiana, nossas crenças e opiniões alcancemuma visão crítica de si mesmas. Não se trata de dizer “eu acho que”, mas depoder afirmar “eu penso que” (Chaui, 2008: 13).

Bibliografia
  • BORGES, José F; PAIVA, Marta; & TAVARES, Orlanda. Introdução à Filosofia 11ª classe. Maputo: Plural Editores, 2011.
  • CHAMBISSE, Ernesto D; & COSSA, José Francisco. Filosofia 11ª classe. Maputo: Texto Editores, 2013. 
  • CHAUI, Marilena. Convite á Filosofia. S. Paulo: Edições Ática, 2002.
  • MENDES, Ademir A. P; BORGES, Anderson de Paula; KESTRING, Bernardo; etall. Filosofia: ensino Médio. 2ª edição. Brasil, 2007.
  • MONDIN, Battista. Curso de Filosofia: os filósofos do Ocidente. 15ª Edição. S. Paulo: Paulus, 2008.
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