1. Introdução
Desde o princípio dos tempos, a comunicação foi de importância vital, sendo uma ferramenta de integração, instrução, de troca mútua e desenvolvimento. O processo de comunicação consiste na transmissão de informação entre um emissor e um receptor que descodifica (interpreta) uma determinada mensagem.
Através da comunicação, os seres humanos e os animais partilham diferentes informações entre si, tornando o ato de comunicar uma actividade essencial para a vida em sociedade. Porém, a comunicação trás consigo alguns aspectos negativos, dos quais podemos destacar a deserdem de comunicação. E é sobre a desordem de comunicação que este trabalho visa abordar.
Índice
1. Introdução 1
2. Desordem de comunicação 2
2.1. Conceito de comunicação 2
2.2. Conceito de desordem de comunicação 2
2.2.1. Diagnóstico dos distúrbios da linguagem 3
2.3. Classificação dos problemas de comunicação: 4
2.3.1. Transtorno de fala 4
2.3.2. Desordem de articulação 4
2.3.3. Desordem de voz 5
2.3.4. Disfemia 5
2.3.5. Dislalia 6
2.4. Estratégia de adaptação na aula 7
3. Conclusão 9
4. Bibliografia 10
2. Desordem de comunicação
2.1. Conceito de comunicação
A comunicação é um processo que envolve a troca de informações entre dois ou mais interlocutores por meio de signos e regras semióticas mutuamente entendíveis. Trata-se de um processo social primário, que permite criar e interpretar mensagens que provocam uma resposta.
Através da comunicação, os seres humanos e os animais partilham diferentes informações entre si, tornando o ato de comunicar uma atividade essencial para a vida em sociedade.
2.2. Conceito de desordem de comunicação
Desordem ou transtornos da comunicação (DSM) ou ainda transtornos específicos do desenvolvimento da fala e da linguagem (CID-10) se referem aos distúrbios da infância que comprometem a aquisição de habilidades para se expressar oralmente, compreender o que ouve ou de articular as palavras e fonemas.
Quando comprometem múltiplos processos de aprendizagem passa a ser classificado como transtorno invasivo do desenvolvimento e quando comprometem todos processos de aprendizagem são classificados como transtorno global do desenvolvimento.
Essa classificação não se refere aos transtornos diretamente causados por defeitos anatômicos, por comprometimentos dos órgãos sensoriais, nem por retardo mental nem fatores ambientais, como drogas ou venenos.
Distúrbio da fala é um impedimento ou dificuldade de comunicação através das palavras (discurso articulado). A fala pode ser subdividida em dois estágios: concepção (formulação) e produção (articulação e fonação). O desenvolvimento da fala nas crianças começa com a associação de sons a pessoas e objetos, sendo que a compreensão normalmente precede a vocalização em alguns meses. Os substantivos são produzidos primeiro, em geral, com uma ou duas sílabas; a posterior aquisição de adjetivos, verbos etc. permite a elaboração de frases. A fase do balbucio, em que a criança brinca com os sons da fala, é provavelmente estrutural para o desenvolvimento. A leitura é intimamente relacionada à fala e envolve a associação de símbolos audiovisuais.
A fala compreende a coordenação de diversos aspectos do funcinamento cerebral (audição, visão etc.). Disfunções nestes setores cerebrais levam a formas características de disfasia, afasia, alexia etc. A dislexia é uma disfunção infantil de ordem linguística. A gagueira e a hesitação são um distúrbio comum, em alguns casos expressando frustração por repressão de uma natureza canhota do indivíduo. A disartria é a produção irregular da voz e se deve a um descontrole neuromuscular. Na terapia da fala são feitas tentativas de superar tais dificuldades.
2.2.1. Diagnóstico dos distúrbios da linguagem
Aneja (1999) indica alguns sinais de alerta para desordens da linguagem na criança, tais como: nenhuma palavra emitida até os 18 meses; não colocação de duas palavras juntas aos 2 anos; ausência de desempenho imitativo e simbólico aos 2 anos; não formação de sentenças aos 3 anos; discurso incompreensível aos 3 anos. Oller e cols. (1999) mostraram que o balbuciar produzido por volta dos 10 meses de idade, quando atrasado, pode prognosticar desordens da fala. Balkwin (1968) mostra que, por volta dos três anos, a criança já deve se expressar oralmente, entretanto, um leve retardo nesta idade não é incomum, O atraso na linguagem e/ou fala pode ocorrer três vezes mais em meninos do que em meninas. Classificar os distúrbios da linguagem que se expressam através das alterações da fala não é tarefa fácil, nem tampouco há consenso na literatura. Diferenciam- se os distúrbios do desenvolvimento da fala e/ou linguagem em orgânicos e não orgânicos. Nos orgânicos, ocorreria uma falha nos órgãos periféricos e/ou no sistema nervoso central. Já os não orgânicos envolveriam questões ambientais e emocionais. O principal problema do falante tardio parece estar no domínio da formulação da linguagem, que tem sido visto como um processo superior ou cognitivo, enquanto a execução é um processo inferior ou motor.
Podemos ter desarranjos no falar ou no aparelho fonador causados por lesões no sistema nervoso central, no sistema nervoso periférico ou por anormalidades estruturais, levando a um falar anormal, embora a linguagem possa estar normal. Atrasos da linguagem podem ocorrer devido a vários problemas, tais como: retardo mental, perda auditiva, atraso na maturação, desordem expressiva da linguagem (afasia), bilinguismo, autismo, mutismo eletivo, paralisia cerebral e deprivação psicossocial. Estudos descrevem como sendo a perda auditiva e o retardo mental as duas causas mais frequentes de dificuldade na aquisição da linguagem e/ou fala. As habilidades da linguagem e fala dependem da integridade neuromuscular, do sistema sensorial, das influências do meio e das condições emocionais da criança; desta forma, além dos fatores maturativos, torna-se indispensável uma relação adequada e efetiva da criança com o ambiente com o qual ela interage. Na avaliação dos quadros de alteração do desenvolvimento de linguagem e/ou fala, é imprescindível comparar a etapa do desenvolvimento linguístico com o contexto geral do desenvolvimento sensório-motor e cognitivo da criança, para que se trace uma avaliação global das suas capacidades e aquisições. Vários autores utilizam o termo Impedimentos Específicos da Linguagem (Specific Language Impairments – SLI) quando se referem a crianças com distúrbios da linguagem cujas dificuldades são específicas dos aspectos linguísticos, isto é, a alteração da linguagem é primária e não decorrente de uma outra alteração, como deficiência mental, deficiência auditiva, entre outras. Em relação aos quadros de SLI, é importante a diferenciação entre retardo e distúrbio da linguagem.
A afirmação de que uma criança tem um retardo da linguagem implica em que comportamentos específicos da linguagem surgem ou se desenvolvem de forma lenta, mas a criança adquire os comportamentos na mesma sequência observada no desenvolvimento normal, e o grau de retardo é basicamente o mesmo para todos os fatores e aspectos da linguagem. O termo “distúrbio da linguagem” implica em um desvio do padrão usual de aquisição de um ou mais de seus aspectos, em graus variados, interrompendo a sequência normal do desenvolvimento.
2.3. Classificação dos problemas de comunicação:
Os transtornos que interferem na comunicação do indivíduo, podem estar relacionados à fala, à linguagem, à audição ou à voz.
2.3.1. Transtorno de fala
São os distúrbios da aprendizagem que afetam o ritmo da fala. Consiste em repetir, bloquear e prolongar sílabas, palavras e sons. Esses problemas são identificados como gagueira, muitas crianças durante o desenvolvimento da fala apresentam repetições e gaguejamentos, esses casos acontecem entre os dois e quatro anos de idade.
Após os quatro anos, se o gaguejamento persistir, deve levantar a preocupação de pais e mestres, pois mesmo na escola e em casa o problema pode ser corrigido com leituras e interação, o problema é que às vezes não é identificada a gagueira no momento certo, agravando assim o caso. Para Kato (1986:124):
O problema é que o tipo de experiência oral da maioria das crianças na fase de iniciação escolar limita-se á de ouvir e de participar de conversação diária espontânea, que conta com toda a cooperação dos outros participantes.
2.3.2. Desordem de articulação
Várias crianças em fase de pré-escola apresentam os distúrbios de articulação da fala, que são os problemas em pronunciar determinados sons, isso é normal até os sete anos de idade, após esse período os pais e professores têm que identificar e procurar um médico especialista, pois pode evoluir cada vez mais o quadro, tornado incompreensível a fala da criança. Préneron (2006:66,67) afirma que:
Esses distúrbios que se observam às vezes na criança muito pequena correspondem à má realização “material” dos sons da linguagem. É a posição da língua na produção de certos fenômenos que é inadequada. Para articular corretamente um som da linguagem, a criança pequena deve coordenar grupos musculares de maneira extremamente refinada, particularmente para as consoantes. Uma leve alteração na colocação da língua pode conduzi-la a erros: produção de uma consoante em lugar de outra (...), ou elisão sistemática de uma mesma consoante. É esse aspecto sistemático que nos permite concluir que se trata de um distúrbio do gesto articulatório.
Esse distúrbio de articulação está subdividido em outros com características especificas: dislalia e disartria.
2.3.3. Desordem de voz
A disfonia é uma alteração na voz, tornando a voz não harmônica, de modo a ser obtida pelo falante como esforçada e sem possibilidade de timbre, mais conhecida como uma rouquidão. Muitas vezes a disfonia é causada pelo fator psicológico, quando seu lar não tem uma harmonia e a criança não se sente segura.
Em muitos casos, a disfonia pode ser corrigida com aulas de canto, de modo que exercitando as cordas vocais melhore a insatisfação da voz.
A afonia é caracterizada como uma perda parcial da voz ou até mesmo total, pode começar com uma pequena rouquidão e evoluir até o desaparecimento total da voz, esse distúrbio pode se agravar mais na adolescência devido as alterações da voz do individuo.
O professor deve fazer com que as crianças com esses distúrbios se sintam seguras ao falar, realizando atividades como jogos educativos que usem a voz e exercícios artísticos, nunca demonstrando desinteresse pelo aluno.
2.3.4. Disfemia
A disfemia é conhecida pela dificuldade em manter a fluência da expressão verbal, é um transtorno de fluência da palavra, que se caracteriza por uma expressão verbal interrompida em seu ritmo, de maneira mais ou menos brusca. O tipo mais comum de disfemia é a gagueira, também chamada de tartamudez.
A tartamudez se caracteriza pela interrupção da fluência verbal, por meio de repetições ou prolongamento dos sons, sílabas ou palavras. Frequentemente, ela vem acompanhada de movimentos corporais, como balançar os braços e as mãos, piscar os olhos ou tremor labial, na tentativa de superar o bloqueio da fala. Observa-se que a frequência e a intensidade da gagueira estão associadas ao estado emocional do indivíduo.
Muitas crianças apresentam uma disfluência, também chamada gagueira fisiológica, entre os dois e cinco anos de idade, o que é considerado normal, visto que o desenvolvimento e a aquisição da linguagem se dão de forma intensa nesse período. A criança apresenta uma fala vacilante, repetições de vocábulos, semelhantes ao gaguejar, mas assim como a disfluência aparece, com o desenvolvimento da criança ela cessa. Recomenda-se não chamar a atenção da criança a respeito desse comportamento, nem corrigi-la ou completar frases e palavras por ela. Nessa fase pais e professores necessitam paciência e a espera para que a criança possa voltar a falar com ritmo normal. A procura por um tratamento só deve ser feita se a disfluência permanecer após essa fase.
Não se reconhece uma etiologia única para a gagueira, e as formas terapêuticas e abordagens de tratamento são variadas, visando em alguns casos uma melhor adaptação social e emocional, passando pelo enfrentamento de situações de exposição verbal, pela diminuição da ansiedade e o aumento da auto-estima.
2.3.5. Dislalia
Normalmente até os 6 anos de idade, a maioria dos sons da fala já está adquirida. A dislalia ou transtorno específico de articulação da fala corre quando a aquisição dos sons da fala pala criança está atrasada ou desviada, levando a:
• Má articulação e consequente dificuldade para que os outros a entendam;
• Omissões, distorções ou substituições dos sons da fala;
• Inconsistência na coocorrência de sons (isto é, a criança pode produzir fonemas corretamente em algumas posições nas palavras, mas não em outras).
A gravidade do distúrbio articulatório varia de pouco ou nenhum efeito sobre a inteligibilidade da fala até uma fala completamente ininteligível, embora mesmo nestes casos, as pessoas da família compreendam o que a criança quer expressar.
Existem vários fatores etiológicos, além dos aspectos que favorecem indiretamente a existência e manutenção da alteração, como:
- Permanência de esquemas de articulação infantis;
- déficit na discriminação auditiva;
- déficit na orientação do ato motor da língua.
Alterações na respiração, inadequação da mastigação e deglutição, hábitos orais inadequados (uso prolongado da chupeta e mamadeira, onicofagia e sucção de dedo), podem causar prejuízos anatômicos e funcionais no sistema orofacial da criança, alterando os movimentos adequados e necessários para a produção correta dos fonemas.
Diversas classificações são encontradas para o distúrbio articulatório, entretanto, a classificação abaixo é bastante esclarecedora:
- Dislalias fonológicas: os mecanismos de conceitualização dos sons e as relações entre significantes e significados estão afetados, os sons não se organizam em sistemas e não existe uma forma apropriada de usá-los em um contexto;
- Dislalias fonéticas: determinadas por processos fisiológicos, de realização articulatória com traços característicos de incoordenação motora e/ou insensibilidade orgânica. 4
- Existem alterações articulatórias nos casos de disartrias, entretanto estas são ocasionadas por danos cerebrais.
2.4. Estratégia de adaptação na aula
O sucesso ou insucesso da aprendizagem da leitura e escrita pela criança depende do bom desempenho no lado fisiológico, emocional, neurológico, intelectual e social, para que não haja distúrbios de lecto-escrita.
A criança aprende naturalmente a falar a linguagem de seu grupo, cabe a escola desenvolver e aperfeiçoar a leitura e escrita, através de atividades pedagógicas. Conforme Santos (2002:220):
A criança tem um dispositivo de aquisição da linguagem (DAL) inato que é ativado e trabalha a partir de sentenças (input) e gera como resultado a gramática da língua à qual a criança está exposta. (...) esse dispositivo é formado por uma série de regras, e a criança, em contato com sentenças de uma língua, seleciona as regras que funcionam naquela língua em particular, desativando as que não tem nenhum papel.
A criança passa pela aquisição do significado, com a observação dos objetos ao seu redor, para a compreensão da palavra, a seguir passa a imitar os sons dos adultos.
Ao entrar na escola, a criança deve ter ultrapassado as etapas da compreensão e expressão da palavra falada, que na alfabetização deve desenvolver estágios superiores da linguagem, que são a leitura e escrita. Nas palavras de Kato (1986:99):
Os componentes teóricos para uma boa formação didática na área da linguagem são, pois: um conhecimento da natureza da linguagem escrita; um conhecimento da natureza dos processos envolvidos na leitura e na escrita; e um conhecimento da natureza da aprendizagem tanto desses processos quanto da própria linguagem escrita.
Quando se fala dos distúrbios da lecto-escrita é necessário questionar o processo de alfabetização, pois cabe a responsabilidade de preparar a criança para as atividades gráficas.
Para adquirir o processo da lecto-escrita o aluno tem que obter uma prontidão em aprender, pois a importância do desenvolvimento das habilidades básicas pode ser vista de uma maneira suficiente na escola, juntamente com a coordenação, ritmo, habilidades visuais, auditivas e linguagem oral, dessa forma os pais e a escola devem ajudar no desenvolvimento dessas capacidades para que o aluno possa interagir na lecto-escrita. Quando a escola tem incapacidade de interação, o aluno pode apresentar os devidos distúrbios, pois Kato (1986:124) afirma que:
O fator mais relevante foi a consciência da escrita que ela traz para a escola, fator esse correlacionado ao empenho dos pais na introdução da criança no mundo da escrita, seja através da prática regular da leitura oral, ou de respostas e perguntas sobre a escrita.
3. Conclusão
Terminada a abordagem, pode concluir-se que a aquisição da linguagem oral e escrita passa por diversos processos até que se desenvolvam completamente, junto com esse processamento vem os devidos distúrbios de aprendizagem com problemas e defeitos da fala, leitura e escrita.
Os distúrbios da fala e da lecto-escrita vêm mostrar que em geral várias crianças em todas as escolas apresentam problemas referentes à aquisição, que por muitas vezes não são corrigidos sendo levados até a fase adulta agravando ainda mais o problema. Distúrbios sempre causam uma incompreensão por parte do fator externo, ou seja, o outro. Seja na fala, leitura ou escrita é muito complicado compreender uma criança com algum desses distúrbios, pois ela terá uma voz ruim, leitura não muito boa e uma letra ilegível.
Os professores juntamente com os pais têm um papel fundamental para identificar e tentar corrigir os problemas referentes aos distúrbios, de modo que não chamem a atenção dos outros colegas, para que a criança não fique traumatizada e não sinta medo na hora de se expressar tanto oralmente como verbalmente.
Contudo, o professor deve agir de forma que interaja e sinta interesse em ajudar seu aluno, e a criança deve também mostrar certo gosto em querer aprender para melhorar e afastar os sintomas dos distúrbios de aprendizagem.
4. Bibliografia
- KATO, Mary A. No mundo da escrita. Uma perspectiva psicolinguística. São Paulo: Ática. 1986.
- KAUFMAN, Diana. A natureza da linguagem e sua aquisição. InGERBER, Adele. Problemas de aprendizagem relacionados à linguagem: sua natureza e tratamento. Tradução de Sandra Costa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. pp 51-71.
- PRÉNERON, Christiane, et al. Aquisição da linguagem: uma abordagem psicolinguística. São Paulo: Contexto, 2006.
- SANTOS, Raquel. A aquisição da linguagem. FIORIN, José Luiz (org). Introdução à linguística: I. objetos teóricos. Soa Paulo: Contexto, 2002. pp 211-224.
- SCARPA, Ester Mirian. Aquisição da linguagem. In MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina. (orgs.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras, v.2. São Paulo: Cortez, 2001. pp.2003-232.
- VYGOTSKI, L. S. Pensamento e linguagem. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
Aulas de Moz
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