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O Estado dos Mutapas (Mwenemutapas)

Não há acordo quanto à significação do termo «mutapa» e muito menos quanto ao prefixo de que tem sido antecedido (mono, muene, munhu, etc.). Ignora-se, igualmente, a data da sua transformação em título dado ao monarca, semelhante aos conhecidos «imperador», «rei», «faraó», «czar», «inca», «negus», «xá», etc. 
As recentes e mais objectivas investigações de David Beach(10) —auxiliadas por novas contribuições da arqueologia e da linguística histórica — vieram pôr em causa e até remeter para os domínios da pura fantasia, as hipóteses de D. P. Abraham, até agora geralmente aceites e às quais também demos algum crédito.
 
As provas arqueológicas apenas sugerem que o Estado dos Mutapas derivou, culturalmente, do Estado do Grande Zimbábuè, embora de modo bastante difuso e sem rupturas dramáticas. É de admitir que teve a sua origem num movimento gradual de linhagens carangas partidas, no Sec. XV, do limite setentrional do planalto. Tratou-se, por conseguinte, de uma ocupação lenta e progressiva, sem qualquer semelhança com a migração em massa, sob o comando do Mutapa Matope, defendida por aquele autor. 
Havendo o Estado dos Mutapas surgido no longínquo noroeste (mais precisamente no vale do Alto Lusa, afluente do Mazoe, por sua vez afluente do Luenha) as próprias limitações impostas pela distância e pela dificuldade de comunicações, tornariam altamente improvável que al- guma vez fosse tributário ou dependente do seu congénere sediado no Grande Zimbábuè. Pelo contrário, os documentos portugueses que aludem à década de 1480, afirmam a sua plena independência política. 


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