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Quem era Lars Porsena?

A tradição estabelece, pois, uma transição imediata, mas é provável que um período de instabilidade tenha existido antes de as instituições republicanas funcionarem. A tradição patriótica diz que Porsena era um rei etrusco que veio tentar restabelecer Tarquínio no trono, mas que acabou por desistir ao ver a coragem dos Romanos, patente em exemplos heroicos de Múcio Cévola, Horácio Cócles ou a jovem Clélia . Mas nenhum general desistiria de uma guerra comovido pela determinação do adversário. Apesar da tradição generalizada, duas fontes antigas contam que Porsena tomou de facto Roma: Tácito (Hist. 3.72) e Plínio (Nat. 34.139).
É bem possível que a Monarquia tenha caído na sequência da tomada de Roma por Porsena, e que Tarquínio, deposto ou em fuga, tenha encontrado apoio junto dos Latinos . Os Romanos tinham um tratado de cooperação militar com os povos latinos renovado pouco antes por Tarquínio . Porsena deve ter vindo, portanto, quebrar a unidade que se estabelecera no Lácio. Os Latinos renovaram a Liga Latina, centrada agora em volta do santuário de Arícia (e não já no do Aventino, fundado por Sérvio Túlio segundo a tradição) e Roma aparece excluída deste pacto por estar nas mãos de Porsena . Segundo a chamada Crónica.de. Cumas , a tentativa de Porsena de controlar o Lácio terá levado à batalha de Arícia em 504, na qual os Latinos, apoiados por Aristodemo de Cumas, derrotaram Arrunte, filho de Porsena. Depois destes desenvolvimentos, os Romanos viram ‑se frente a frente com uma coligação latina que apoiava as pretensões de Tarquínio e que levou à batalha do Lago Regilo, em 499 (segundo Lívio, 2.19‑20) ou 496 (segundo Dionísio de  Halicarnasso, 6.2ss), conflito em que os Romanos venceram, impondo a sua hegemonia na Liga Latina .
Provavelmente a atividade bélica do rei de Clúsio tem que ver com movimentos de povos que perturbaram a Itália central no final do século VI a.C. Na época era comum senhores de guerra de origem aristocrática cruzarem as fronteiras com os seus bandos de clientes ou companheiros (sodales). Parece ser esse o caso por exemplo do massacre dos 300 Fábios apanhados numa emboscada na guerra contra Veios em 479. 
Não se trataria pois de membros da mesma família em sentido restrito, mas mais provavelmente dos Fábios e dos seus clientes. Uma tradição etrusca conhecida dos Romanos reportava as aventuras guerreiras dos irmãos Aulo e Célio Vibena e de Mastarna, presentes me representações, como um fresco de um túmulo de Vulcos (François Tomb). O imperador Cláudio conhecia tal tradição e faz coincidir Mastarna com o rei Sérvio Túlio. A interpretação do nome Mastarna (como derivado de magister ‘comandante’) parece conotá ‑lo com o cargo de ditador (magister.populi) e seu colaborador directo (magister.equitum), pelo que parece sugerir que se trate de uma espécie de magistrado de uma fase muito incipiente da República. Mas as dúvidas são muitas .
Uma evidência arqueológica em Sátrico vem corroborar estas “confrarias” aristocráticas de guerreiros. Trata ‑se do denominado Lapis.Satricanus (A pedra de Sátrico), descoberta em 1977, que contém uma inscrição datada de cerca de 500 a.C. onde se refere a dedicação a Marte por parte dos companheiros (sodales) de Poplios.Valesios, que se poderia identificar com Públio Valério Publícola, um dos cônsules referidos para os primeiros tempos da República. Trata ‑se do testemunho de um grupo que se identifica não por referência a um estado ou a uma etnia mas como companheiros de um líder. Aquele achado veio também reforçar a existência histórica de Publícola, figura que alguns consideravam lendária. Também Porsena poderia muito bem ser um destes senhores da guerra, embora se reconheça que era um rei de prestígio na Itália e até se lhe atribua uma estátua arcaica existente no foro de Roma .
A esta distância, o que poderemos dizer é que por volta de 500 a.C. ocorreu uma transformação de um regime monárquico para o regime republicano. É difícil dizer o ano, se é que ocorreu só num ano; é difícil reconstituir os factos que levaram a esta transformação – se foi um conflito dinástico que Porsena aproveitou em seu benefício, ou se foi uma transformação lenta e natural, acaso favorecida por problemas económicos e conflitos sociais . Havia então na Itália Central uma tendência para a aristocracia tomar o lugar dos reis, pelo que aproveitavam a oportunidade quando o trono vagava17. Apesar da disparidade dos relatos, as fontes literárias, gregas e romanas, bem como as evidências arqueológicas, apontam para um final violento da monarquia.

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