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Noção de diversidade cultural

Noção de diversidade cultural
Contexto
Os estudos sobre as práticas de ensino no cotidiano escolar mostraram a necessidade de refletir e considerar seriamente a diversidade cultural como um dos traços característicos da população estudantil. Ao vir para a escola os nossos alunos trazem com eles toda a sua bagagem cultural, i.e., suas crenças, seus hábitos e costumes, suas religiões, suas línguas e/ou dialetos maternos e que usam habitualmente fora da escola, etc. O professor não pode ignorar a diversidade e a riqueza humana e cultural dos seus alunos. Ele deve ser capaz de potencializar tal diversidade a favor da elevação da qualidade do ensino e da aprendizagem.

A escola tem habitualmente o papel de padronizar e de homogeneizar. Foram vários os estudos que mostraram que uma das causas do fracasso escolar e da baixa qualidade e eficiência em educação é a dissociação que existe entre a cultura escolar e a cultura social. As nossas escolas ainda não conseguem ser espaços de construção e sistematização do conhecimento que tenham em consideração diferentes dimensões antropológicas, políticas, sociais e culturais.


Uma das consequências da massificação e democratização da escola pública foi a promoção do método único comeniano “de ensinar tudo a todos da mesma forma”. (MACEDO, 2006, p. 61). Ainda se defende que a “a diferença que nossos alunos trazem para sala de aula não faz diferença”. (MACEDO, 2006, p. 61). Conforme o autor antes mencionado (MACEDO, 2006, p. 61), “a invenção da escola única como um ato de solidariedade social, não soube articular seus ideários com o desenvolvimento de dispositivos pedagógicos que acolhessem e trabalhassem com a diferença”. Vejamos em seguida algumas questões relacionadas com a noção da diversidade cultural em educação.

Diversidade cultural
A diversidade, conforme Takahashi (2006, p.3), é a característica básica de formas de vida e das manifestações de cultura na terra. Ela pode ser biológica ou cultural. De acordo com o autor citado, há três tipos de diversidade cultural: genética, linguística e cultural propriamente dita. A diversidade cultural genética refere-se, de acordo com o mesmo autor, “às variações e similaridades genéticas entre as pessoas” (TAKAHASHI, 2006). A diversidade cultural linguística aponta para a existência de “diferentes linguagens e sua distribuição em regiões” (TAKAHASHI, 2006); a diversidade de culturas é o “complexo de indivíduos e comportamentos dentro de um contexto histórico comum” (TAKAHASHI, 2006).

A questão da diversidade cultural deve ser discutida em simultâneo com a noção das “diferenças”. As diferenças culturais podem variar consoante a etnia, a raça, a idade, a religião, o gênero, à região geográfica, visões de mundo, desejos, valores, etc.

O tema da diversidade cultural é, hoje em dia, ao nível da educação, muito abordado, pois os educadores estão muito preocupados em encontrar formas de conciliar o direito de igualdade à educação para todos com o respeito às diferenças culturais. Como sabemos, a preocupação política de constituição da nação e da identidade nacional em prol da constituição de uma cultura nacional e homogênea provocou a diluição e o apagamento das diferenças culturais na escola, com o objetivo de garantir uma educação igual para todos.

O tema da diversidade, de acordo com Sacristán (2002, p. 14-15), deve ser encarado com naturalidade pela escola visto que, para o autor:
A diversidade, assim como a desigualdade, são manifestações normais dos seres humanos, dos fatos sociais, das culturas e das respostas dos indivíduos frente à educação nas salas de aula. A diversidade poderá aparecer mais ou menos acentuada, mas é tão normal quanto a própria vida, e devemos acostumar-nos a viver com ela e a trabalhar a partir dela. (SACRISTÁN, 2002, p. 15).
Apesar de a diversidade aparecer como algo que é natural na vida social e na escola pode-se afirmar que ela passou a ser um problema educacional que foi criado pela própria instituição escolar ao querer administrá-la. De acordo com Sacristán (2002, p. 24-25), a expansão da escolaridade universal foi paralela ao desenvolvimento da Psicologia Diferencial e Infantil e da instalação do pensamento taylorista. 


Para Sacristán (2002), o pensamento taylorista vai adotar o modelo da racionalidade e eficiência industrial em que se propunha “a divisão de processos complexos de transformação em ações parciais em cadeia” (SACRISTÁN, 2002). A idéia de graduação passa a ser fortemente adotada no currículo e o ensino fica dependente de etapas, cursos, idades mentais, em normais e anormais, adiantados e atrasados, bem-sucedidos e fracassados, etc. O tema da diversidade é posto em evidência visto que os alunos sendo agrupados de acordo com os seus desempenhos vem à tona a questão das diferenças entre os alunos.

A Psicologia Diferencial ao estudar as variações entre os sujeitos vai provocar uma série de classificações e de dicotomias que vão colocar os indivíduos em hierarquias, distinguindo os indivíduos em graus e qualidade, detectando graus de inteligência, diferenças de personalidade, estilos cognoscitivos, etc.

Os estudos em Psicologia vão influenciar a Pedagogia e a Didática, que vão se preocupar em encontrar métodos, modelos e estratégias de diferenciação do ensino e tais áreas passam a colocar a diversidade como problema educacional que necessita ser, convenientemente, tratado. Algumas correntes em educação como a do multiculturalismo colocam a diversidade cultural como tema educacional primordial e trazem à discussão às questões políticas ligadas aos direitos humanos, ao direito à diferença, à inclusão e ao direito à educação para todos, o reconhecimento e valorização da diversidade cultural. (SACRISTÁN, 2002).

Referências
  • CANDAU, Vera Maria. Interculturalidade e educação escolar. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br>. Acesso em: jul. 2006.
  • COSTA, Sérgio. Muito além da diferença: (im)possibilidades de uma teoria social pós- colonial. Disponível em: <http://www.fflch.usp.br>. Acesso em: jun. 2006.
  • DIAS, Hildizina. As desigualdades sociolinguísticas e o fracasso escolar: em direcção a uma prática linguístico-escolar libertadora. Maputo: Promédia, 2002.
  • DUSSEL, Inês. “O currículo híbrido: domesticação ou pluralização das diferenças?”. In: LOPES,
  • A. C.; MACEDO, E. (org.). Currículo: debates contemporâneos. São Paulo: Cortez Editora, 2002, p. 55-77.
  • FLEURI, Reinaldo Matia. Multiculturalismo e interculturalismo nos processos educacionais. Disponível em: <http://www.ced.ufsc.br>. Acesso em: jun. 2006.
  • GADOTTI, Moacir. Notas sobre a educação multicultural. Encontro de educadores negros do MNU. Câmara Municipal de São Paulo, 16-19 de Julho de 1992. Disponível em: <http://www.paulofreire.org>. Acesso em: jun. 2006.
  • SACRISTÁN, J. Gimeno. Educar e conviver na cultura global: as exigências da cidadania. Porto Alegre: Artmed, 2002.
  • HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11ª Ed. Rio de Janeiro: DP&a, 2006.
  • INE/ NELIMO. Situação linguística de Moçambique. Dados do II Recenseamento Geral da População e Habitação de 1997. FIRMINO, Gregório (org.). Maputo, INE, 2000.
  • MACEDO, Roberto S. “A aula como actos de sujeitos do currículo e acontecimento multirreferencial”. In: SILVA, Aida et al. Novas subjectividades, currículo, docência e questões pedagógicas na perspectiva da inclusão social. Recife: ENDIPE, 2006. p.59-68.
  • MINED (Ministério da Educação). Sistema Nacional de Educação. Maputo: MINED, 1985.
  • MINED (Ministério da Educação). Plano curricular do Ensino Básico (PCEB). Maputo: MINED, 1999.
  • TAKAHASHI, Tadao. Diversidade cultural e direito à comunição. Disponível em: <http://www.campus-oei.org>. Acesso em: jul. 2006.

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