A Índia foi a principal colónia inglesa na Ásia. A dominação inglesa nessa região foi fruto de um longo processo que se estendeu até meados do século XIX quando a coroa britânica assumiu o controlo político sobre a Índia. A revolta dos Cipaios foi uma revolta popular armada ocorrida na Índia, entre 1857 e 1859, contra a dominação e exploração britânica.
Na segunda metade do século XIX, a Inglaterra adoptou uma política colonialista dominando varias região da África e Ásia. Os Britânicos tinham como objectivo explorar os recursos minerais e a mão-de-obra destas regiões, alem de ampliar o mercado consumidor para os seus produtos industrializados. Como quase toda uma acção gera uma reacção, vários povos ou grupos não aceitaram estes sistemas exploradores e partiram para a reacção contra o dominador.
Antecedentes da Revolta dos Cipaios na Índia
Em 1600 inicia-se o domínio britânico na Índia com a criação de uma companhia por acções: A Companhia das Índias Orientais, a qual recebeu da Coroa inglesa a concessão de monopólio e comércio com a Índia. Assinala que pelo seu grande sucesso comercial e crescente envolvimento na política interna britânica, a Companhia se tornou o centro de grandes batalhas comerciais e disputas políticas na Inglaterra do século XVII ao XIX.
Movimento de libertação da Índia (Revolta dos Cipaios)
Em 10 de Maio de 1857, o 11º regimento de cavalaria nativa do exercito da Bengala, acantonado em Meerut, se amotinou, exterminando todos os europeus, inclusive mulheres e crianças. (Também conhecida como revolta dos Cipaios, Sipais ou revolta dos Sipaios) foi um período prolongado de levantes armados e rebeliões na Índia setentrional e central contra a ocupação britânica daquela porção do subcontinente em 1857 a 1858. Pequenos incidentes de descontentamento em Janeiro, envolvendo incêndios, criminosos em acantonamentos, foram os precursores da rebelião. Posteriormente, uma revolta em grande estalou-se em Maio e tornou-se uma guerra aberta nas regiões a afectadas.
A partir de 1833, a Companhia Britânica das Índias Orientais entrou em declínio. Ao longo das décadas seguintes, ela contraiu vários empréstimos para a manutenção de seu poderio na Índia. A companhia passa a ser um problema do parlamento britânico, pois começam-se a discutir sua efectiva necessidade ou sua substituição para uma ocupação colonial mais rígida no território indiano. Nas décadas de 1840 e 1850, ocorreram vários surtos de resistência à dominação da empresa nos territórios indianos. Uma característica que separa esse período de turbulência da Revolta dos Cipaios é que não eram movimentos homogéneos e não possuíam lideranças claras, assim ocorria uma desarticulação de sua estrutura de comando que ultrapassasse os âmbitos regionais da manifestação.
É patente o otimismo sobre a formação de um forte movimento de libertação nacional na Índia, o que de fato ocorreu na revolta dos Cipaios. O autor considera que o que os britânicos consideravam um motim militar é na verdade uma verdadeira rebelião nacional. Contrariamente à representação dos indianos como um povo naturalmente passivo.
A explicação para essa competição entre as duas grandes potências da época era que os antigos países capitalistas constituíam mercados cada vez maiores entre si e tornavam-se cada vez mais indispensáveis uns para os outros, ao mesmo tempo em que lutavam entre si pela busca comercial com países não capitalistas. Ela completa que o militarismo é uma arma antiga na concorrência dos países capitalistas em luta pelo domínio de novos territórios.
Causas principais da Revolta dos Cipaios
O estopim do conflito de 1857 foi o fato dos cartuchos de armas de fogo usados pelos soldados, os quais deveriam mutilar, serem banhados com gordura de vaca e de porco, o que para os hindus e muçulmanos era um completo desrespeito às suas crenças religiosas. Rapidamente a rebelião ganhou força em diversas regiões do norte do subcontinente indiano. Houve a colaboração de antigos príncipes de reinos subordinados ao domínio britânico, proprietários de terras, campesinato local e apoio de clérigos bramânicos. A revolta incorporava vontades da antiga aristocracia dominante no território indiano com o ressentimento generalizado de diversos sectores sociais que haviam sofrido defraudações do sistema colonial.
A violência empregada pelos Cipaios durante seu motim foi resultado da conduta de dominação britânica imposta no território indiano. Desta forma, percebe-se que o colonialismo torna vítima de suas acções tanto a metrópole como as colónias em momentos de crise. Dentre vária considera-se as seguintes causas: I A revolta não se limitou a unidades militares locais. O descontentamento na índia tinha origem na companhia da ocidentalização imposto pela companhia britânica das índias orientais; II A doutrina de preempção defendida pelo governador-geral impunha a consolidação, pela autoridade britânica, dos sucessores tradicionalmente adoptados pelos dirigentes locais sem herdeiros do sexo masculino; III O imperador mongol foi informado pelos britânicos de que ele seria o último da sua dinastia; IV Os indianos também começaram a creditar com alguma razão que os britânicos pretendiam converte-lhos por bem ou por mal ao cristianismo. E por último circulou uma profecia de que o domínio da companhia se enceraria ao término de 100 anos (ou seja, em 1957).
Nas décadas de 1840 e 1850, a Companhia passou por fortes agitações no subcontinente indiano e pediu ajuda ao Parlamento no sentido militar para conservar os territórios conquistados e económicos e para não declarar sua falência. As movimentações foram causadas porque a entidade não reconhecia mais os príncipes herdeiros dos principados independentes que existiam na região, para poder anexar esses territórios ao domínio britânico. Além disso, ocorreram denúncias que comoveram a opinião pública inglesa sobre práticas de torturas cometidas pela empresa aos indianos que serviam ao governo britânico.
Os britânicos obrigavam jovens indianos a participarem do exército da companhia britânica das índias orientais. Estes jovens soldados, que ficaram conhecidos como Cipaios, tinham como função principal: (I). Garantir a protecção das actividades comerciais britânicas na índia; (II). Como as condições de trabalho dos Cipaios eram péssimas, inclusive com baixíssimos salários, o sentimento de revolta que já era grande, aumentou ainda mais; (III). Revolta dos soldados indianos com os cartuchos usados num novo rifle britânico; (IV). Havia rumores que estes cartuchos eram revestidos por uma película (espécie de graxa) de origem bovina, como no hinduísmo a vaca e um animal sagrado, este fato gerou muita revolta e acabou sendo o estopim para o conflito.
Situação sociopolíticada Revolta dos Cipaios na Índia
Há um debate historiográfico sobre a interpretação da Revolta dos Cipaios como a Primeira Guerra de Independência da Índia. Para a historiografia colonial ela foi apenas um motim perante a dominação britânica no território indiano. Já a historiografia nacionalista indiana trabalha com diferentes vertentes de interpretação como, por exemplo: sendo um movimento progressista pela liberdade da Índia; uma tentativa de restauração do antigo regime indiano; reacção feudal da elite proprietária de terras ao colonizador inglês; ou ainda uma guerra civil entre colaboradores do colonialismo e a resistência.
O pensador do colonialismo moderno, Hilferding (1985, p. 300) acreditava que os métodos violentos pertencem à essência da política colonial e que, sem eles, perderia seu sentido capitalista, constituindo-se em um componente fundamental da política expansionista. A mesma perspectiva é compartilhada por Sartre (1968, p. 144), pois a violência colonial não tem somente a finalidade de impor respeito a homens colonizados, mas procura também desumanizá-los.
Na segunda metade do século XIX, a Inglaterra adoptou uma politica colonialista e imperialista, dominando várias regiões da África e da Ásia. Os britânicos tinham como objectivo explorar os recursos minerais e a mão-de-obra destas regiões, além de ampliar o mercado consumidor para seus produtos industrializados. Como quase toda a acção gera uma reacção, vários povos ou grupos não aceitaram este sistemas exploradores e partiram para a reacção contra o dominador.
As diferenças religiosas existentes no território indiano entre os hindus e os muçulmanos pela primeira vez foram esquecidas e uniram-se contra um inimigo em comum. Essa troca de apoios gerou a Revolta dos Cipaios. A rebelião, segundo ele, não era algo único, pois a insatisfação da população do subcontinente indiano para o domínio britânico em seu território era algo generalizado que estava presente no sentimento de várias nações asiáticas.
No domínio colonial britânico na Índia se fundou em um velho princípio, era dividir para dominar. Inicialmente, este ideal foi aplicado respeitando as diferentes culturas existentes no território. Mas, um exército formado por Cipaios serviu de válvula de escape para os problemas decorrentes do colonialismo na região. Na década que aconteceu a rebelião, os britânicos começaram a adoptar novas medidas naquela localidade através da destruição de culturas e nacionalidades. Tais actos foram postos em prática através da destituição de príncipes locais e da ingerência em assuntos religiosos, além do aumento da tributação.
Situação económicada Revolta dos Cipaios na Índia
A dominação britânica levou à Índia a condição do progresso, o desenvolvimento das forças produtivas. O sistema de linhas férreas tornar-se-á na Índia o verdadeiro precursor da indústria moderna.
Os ingleses no território indiano para alem da dominação e exploração em diversas áreas daquele povo, contribuiu também na solidificação da economia produtiva e construção de vias rodoviárias e ferroviárias. Estes factores ditaram o desenvolvimento daquela região no que confere a circulação de bens durante o processo da sua produção ate a comercialização.
Consequências da Revolta dos Cipaios
O fracasso da revolta se deu pela falta de liderança e unidade da acção. A rebelião não passou de uma série de sublevações locais não coordenadas, que os britânicos podiam dominar uma a uma. Para ele, até na revolta os indianos aceitaram sua condição de colonizados, pois os Cipaios eram um exército composto por subalternos que eram comandados por príncipes nascidos sob o jugo colonial que não conheciam a arte da guerra. Mas foi inegável o papel que a Revolta dos Cipaios teve nas relações entre ingleses e indianos.
Após o fracasso da rebelião, a Companhia Britânica das Índias Orientais foi extinta e o território passou para a administração da Coroa. Alguns anos depois, numa tentativa de acalmar as consequências da guerra, a Rainha Vitória publicou solenemente uma proclamação conciliadora, na qual se comprometia a proteger os antigos príncipes, concedia perdão a todos que se rebelaram e a respeitar os costumes e religiões locais.
A revolta provocou o fim da administração local da companhia das Índias oriental. Em Agosto de 1858 a correia Britânica assumiu o governo da índia, Um secretário do estado foi designado para tratar de assuntos indianos e o vice-rei da Índia passou a ser o chefe da administração loção. A companhia foi a abolida e os Britânicos procuraram integrar os governantes nativos na administração colonial. O vice-rei terminou a politica de anexações, decretou a tolerância religiosa e admitiu indianos no serviço público. Baadur Xá II foi julgado e condenado ao exílio em Rangum. A rainha vitória recebeu em 1877 o título de imperatriz da Índia.
Bibliografia
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